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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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Boa tarde,
Antes de mais, gostaria de deixar bem claro que não tenho como intenção apontar o dedo a ninguém, nem julgar, nem reclamar. Apenas gostaria de partilhar convosco a minha experiência e, quem sabe, talvez um dia possa ajudar alguém para que não aconteça com mais ninguém o que nos aconteceu.
O meu filho, depois de 10 anos de muita luta, foi finalmente diagnosticado com Síndrome de Asperger, em Dezembro passado. Sempre tivemos muitos problemas com ele e, principalmente a escola, devido ás suas dificuldades na interacção social.
O inicio deste ano escolar foi particularmente difícil. Mudou de ciclo e, como tal, de escola e de DT - tudo coisas que por si só já são complicadas. O pior foi o Director de Turma que mudou. O do ano passado era um anjo vindo do Céu para o orientar e ajudar. Ele sentiu muito essa "perda". A nova DT é uma pessoa muito agressiva, fria e sem qualquer paciência para alguém como o meu filho.
Fizemos várias reuniões com a escola, sozinhos e com a presença de uma psicóloga privada que contratámos, já que o SNS achou que ele não carecia de acompanhamento, com o intuito de pedir ajuda para ele - para os consciencializar para as dificuldades dele e a necessidade de uma abordagem um pouco diferente, mas a escola recusou veementemente em aceitar que ele tinha sequer qualquer dificuldade ou problema! Tinha no seu Plano de Educação Individual as adequações que o serviço de Educação Especial achou conveniente e mais nada. No ponto de vista da escola, tratava-se de um miúdo preguiçoso e pouco disciplinado, mas que de resto era tão normal e adaptado como qualquer outro aluno, e a carga negativa foi fulminante desde o primeiro dia.
Pedimos para valorizarem o positivo. A resposta foi um ataque brutal a TUDO de negativo. Implicaram porque não fazia os TPC. Pedimos ajuda para ele os fazer na escola, pois em casa, na cabeça dele, não era lugar para fazer as coisas da escola. A escola recusou. A disgrafia dele mantinha-se acentuada. Pedimos á escola que o deixassem entregar trabalhos em suporte digital (no PC). A escola recusou. Ele, ao abrigo do artigo 3/2008 deveria de estar numa turma de tamanho reduzido. Foi recusado e ele integrou numa turma de quase 30, incluindo alunos repetentes e destabilizadores.
O resultado do primeiro período foi uma desgraça. Teve 3 negas. Fiquei aterrada, pois ele é aluno de inteligência acima da média que nunca tinha tido notas semelhantes a estas. Falámos com ele e resolvemos fazer um acordo e um esforço para melhorar. Sem qualquer ajuda ou envolvimento da escola, ele no final do segundo período tinha subido de 3 negas para apenas 1 e ainda teve 5 quatros! Subimos todos aos céus de felicidade. A resposta da escola foi considerar que ele tinha tido apenas uma "ligeira melhoria" e que iria manter a imposição total do seu cumprimento com todos os projectos propostos.
No inicio do 3º período tudo piorou dramaticamente. O meu filho estava desanimadissimo com a reacção da escola ao seu esforço monumental. Na 6ª Feira passada, depois de mais uma reclamação da escola por ter TPCs inacabados/mal feitos aconteceu o que não desejo a NINGUÉM neste mundo. O meu filho acabou por pôr termo á vida. Tinha 14 anos.
Sabíamos que ele estava sob uma pressão desumana por parte da escola mas nunca, NUNCA em mil vidas nada os levou a pensar que isto seria sequer ponderável.
Portanto, deixo aqui um apelo para TODOS os professores e pais deste país e deste mundo. A vida de uma criança é o nosso maior tesouro. Por favor, NUNCA desvalorizem um pedido de ajuda de uma mãe. Não há NINGUÉM neste mundo que conheça melhor o seu filho do que ela. Se ela acha que precisa de ajuda, ajudem. Mas ajudem de coração. Nem que seja por indulgência, porque a dor que uma mãe sente ao perder um filho por quem pediu ajuda a tantas pessoas, tantas vezes e com toda a força que tem é algo que é indescritível.
Não aceito que qualquer situação politica justifique a falta de humanidade que hoje se vive diariamente nas nossas escolas e na nossa sociedade, sob desculpa de "cortes" e "crises" e afins. Somos humanos. Os nossos filhos são o nosso futuro. Professores e pais deviam de ser uma equipa, não inimigos.
Apelo, de coração destroçado, para que algo ou alguém mude a mentalidade de quem tem o poder de alterar mentalidades para que as nossas crianças deixem de ser consideradas um fardo que têm de ser educadas, e que passem a ser vistas como seres que carecem de orientação de quem já viveu o suficiente para os poder ENSINAR. Respeito, consideração, compaixão - são coisas que se ensinam em casa, é verdade - mas que devem de ser reforçados na escola. Lamento profundamente que hoje em dia isto puro e simplesmente não acontece.
Desejo a todos muita paz e todas as bênçãos do Alto e o meu muito obrigado por me ter sido permito este desabafe.
Ana Sheila Martins na página do Facebook Asperger Portugal
As coisas não andam nada fáceis por estes lares, tudo o que já aconteceu com o N. desde Setembro até agora, dava para muitos posts... dava para um livro sobre a hiperactividade... a escola... os colégios, ... vai de aí e se calhar dá mesmo, quem sabe e não é desta que o blog passa para o papel e o escrevo ... ainda estamos em Março e tenho a certeza que vão haver mais capítulos... espera-se um final feliz.... talvez.
Entretanto hoje encontrei o seguinte texto neste blog, um texto que deveria ser de leitura obrigatória para todas as pessoas que de alguma forma lidam com crianças com PHDA... leiam e reflictam.
Sou um PHDA…
Se não sabe o que é, continue a ler…
PHDA é Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção. Sim, sou um daqueles tipos que não consegue ficar quieto nem estar muito tempo a fazer a mesma coisa. Sabem, um daqueles que passou a porra da infância a levar chapadas porque não se portava bem. Não que as chapadas resolvessem fosse o que fosse, era mais para aliviar quem as dava que para ajudar quem as recebia. No meu tempo, ah a velhice começa com estas palavras, não havia Ritalinas e Concertas e quejandos, não, o que havia e de sobra era palmadas, chapadas e promessas de sovas de cinto. A única real diferença é que as Ritalinas e afins têm uma duração maior.
Entretanto lá cresci. Agora, dizem, sou um adulto e as chapadas são outras.
Entretanto vou lendo por todo o lado que SE os PHDAs SE mantivessem atentos eram os maiores da cantareira… De uma das vezes deu-me para responder assim:
“Ela não é má aluna… se estivesse concentrada na escola seria até excelente…”
No meu entender, muito pessoal entenda-se, é este a base do problema da maioria dos pais de PHDAs, o SE.
Meus caros/as, não há nenhum SE. A única coisa a fazer é ajustar as expectativas. Pois, eu também vivia melhor SE me saísse o EuroMilhões. Como diz a vox populi, SE a minha avó não tivesse morrido ainda hoje estava viva.
Vejo este problema continuamente, seja aqui, em conversas no café, nas reuniões com os professores, em todo o lado. Sempre o malfadado SE. Os nossos filhotes não têm culpa das expectativas que colocámos neles. Não têm a obrigação de cumprir os sonhos de ninguém a não ser os deles, não têm de ser melhores que ninguém a não ser eles mesmos. No entanto, avaliamo-los segundo critérios que não são justos para eles. SE estivesse atento era o melhor aluno, SE escrevesse de forma que se lesse copiava tudo do quadro, SE decorasse a tabuada tinha boas notas, SE estivesse quieto não incomodava ninguém. Já todos dissémos e pensámos isto, somos TODOS culpados.
O facto é só um, eles não vão ficar mais atentos, eles não vão escrever melhor, não vão decorar e não vão ficar quietos. E não vão porque não querem, apenas porque não podem. É o mesmo que agora alguém vos exigisse que mudassem a cor dos olhos ou a altura das pernas.
Ajustem as vossas expectativas ao que os vossos adorados “diabinhos” SÃO, não o que alguém desejaria que ele/a fosse, seja quem for esse alguém.
Entendam que eles têm limites, entendam que eles têm capacidades, respeitem ambas.
Vamos por os “peixes” a nadar e deixar as árvores para os “macaquinhos”, tá bem?
Sempre a mesma treta, sempre a mesma conversa… SE o meu gato fosse um cão, ladrava.
Vamos lá a ver se a gente se entende, é muito bonito dizer, ah e tal SE fosses mais alto não eras tão baixo, pois como SE fosse eu que mandasse no crescimento das pernas. É exactamente o mesmo com os PHDA, nós não fazemos como os outros, PORQUE não somos como os outros. Não se trata de educação, não se trata sequer de medicação, os nossos cérebros, excelentes diga-se, trabalham de maneira diferente. Não, não servimos para tarefas repetitivas, não, não somos bons para decorar resmas de papel (se fosse para decorar eram de uso único), não, não somos capazes de estar anos a fazer o mesmo. Mas, dêm-nos uma tarefa criativa, dêm-nos espaço e liberdade para melhorar os processos repetitivos, dêm-nos liberdade de consulta em vez de nos pedirem que decoremos, e vão ver a diferença.
Em vez de nos exigirem que sejamos o que nunca seremos, dêm-nos antes espaço para sermos o que somos e adoramos ser.
Imagem de aqui
A noticia é do Público e começa assim:
"O Governo britânico, chefiado pelo conservador David Cameron, tem preparado um projecto de lei que pretende que os professores, incluindo os educadores de infância, detectem se há crianças nas suas salas que correm o risco de serem seduzidas pelo terrorismo.
O documento que menciona os infantários acompanha a Lei Anti-Terrorismo e Segurança preparada pelo Home Office (ministério do interior) e está no Parlamento, diz o jornal The Telegraph. Nele, os infantários e outros lugares onde se educam crianças de pouca idade (amas, por exemplo) são identificados como alvos, a par das restantes escolas e universidades."
É nestas alturas que sabemos que os terroristas estão a ganhar a guerra, quando um governo democrático decide que professores e educadores devem fazer de espiões é porque deixou de acreditar que esses mesmos professores são capazes de formar cidadãos íntegros e respeitadores.
Eu concordo que é na escola que se deve começar a combater o terrorismo, mas não é de certeza colocando marcas nos jovens que se consegue isso, é com educação e princípios democráticos sólidos. Converter professores em espiões só vai servir para que os jovens deixem de confiar definitivamente nestes e se neguem a aceitar o que eles transmitem, isso sim vai contribuir para que os jovens estejam mais vulneráveis e influenciáveis por quem os tenta desviar dos caminhos da liberdade e democracia.
Já agora, como é que se detecta que uma criança de cinco anos tem tendências terroristas ou está próxima de ser seduzida pelo terrorismo? Será que a minha mais nova passava no teste?
É com leis como estas que se dão armas a quem tenta influenciar os jovens ocidentais e é por governos como este que há tantos jovens ingleses a combater pelo estado islâmico na Síria e no Iraque, disso eu não tenho dúvida nenhuma.
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Um destes dias chegou-me o seguinte via Facebook
"Hoje o dia foi complicado. O meu Pipoca chegou da escola muito triste. Depois de muita conversa lá me disse que a estudo do meio estão a falar de quando eram bebés e que tinham de levar fotos dessa altura e ele não tem. Mas ao mesmo tempo não queria dizer que era adoptado... Assim torna-se difícil para mim ajudar o pequeno. E depois de muito puxar por ele para saber o porquê de ele querer esconder uma coisa que sei que ele adora (ser adoptado), descobri que ele tem medo que ao dizer a verdade, alguém o tire de mim. Escusado será dizer que acabamos os dois abraçados a chorar depois de eu lhe prometer que ninguém me tira o meu filho ou eu não me chamo ......."
Curiosamente esta semana a professora da D. pediu uma reunião com a minha meia laranja, as coisas não tem estado fáceis cá por casa no que diz respeito às escolas, pelo que ficamos logo a pensar o que teria aprontado esta vez a teimosa e muito dona do seu nariz dona D.
Mas não, a mudança para a escola oficial está a fazer milagres e está a tudo correr muito bem... A professora pediu a reunião precisamente para saber como devia tratar na sala de aula o tema da adopção e fez todas aquelas perguntas que todos os professores deviam fazer mas que muito raramente fazem.
Casos como o que está contado acima acontecem muitas vezes, noo infantário e na escola primária, a nós já nos aconteceu com os dois adoptados cá de casa. Há educadores de infância e professores que pedem fotografias de quando eram bebés, professores que pedem às crianças para perguntarem aos pais como foi o nascimento, há de tudo um pouco.
A sensação com que fiquei é que há muita gente que segue uma cartilha e tudo o que lá está escrito é para se levar à letra, sem importar se há ou não crianças adoptadas na sala, se há filhos de mães solteiras, se há órfãos que nunca conheceram os pais e até em alguns casos em que as crianças ainda estão institucionalizadas, qualquer família.
A grande maioria das crianças por volta dos cinco seis anos está na fase da descoberta da sua situação, no nosso caso os dois entraram em negação. O N. simplesmente desaparecia de ao pé de nós se por algum motivo a conversa entre nós ou com visitas era sobre adopção, a D. foge ao assunto e simplesmente fecha-se dentro de si. Imaginem agora como será para eles terem que enfrentar o assunto na escola perante os seus colegas e amiguinhos, quando educadores e/ou professores se esquecem que eles estão ali e que para além de serem diferentes, tem direito a essa diferença.
Atenção, eu não digo que o assunto não deve ser tratado na sala de aula, o que eu digo é que para que não aconteçam cenas como as que estão contadas no primeiro parágrafo devem ter-se em conta as diferenças de cada uma das crianças. Se há uma criança adoptada na sala de aula, o mais provável é que esta não tenha fotografias de quando era bebé, a maioria não tem mesmo e isso torna-se um problema para a criança, portanto vamos arranjar uma forma alternativa de falar naquele assunto.
Eu sei que há os objectivos e que o que está na cartilha tem que ser tudo tratado, mas não tem de certeza que ser tratado sempre da mesma forma, até porque cada criança é diferente e não temos que ser todos iguais e educados pela mesma cartilha.
Jorge Soares
Imagem de aqui
As aulas começaram a 15 de Setembro, estamos a 20 de Outubro e a minha filha que anda no 10º ano do Liceu de Setúbal, continua sem professor de matemática.
Há milhares de professores no desemprego, o ministro Nuno Crato já foi duas vezes dar explicações no parlamento, já pediu desculpas, já despediu um director, já fez não sei quantas promessas, no fim tudo isso serviu para quê? De que servem a palavra e as promessas do ministro Nuno Crato?
O horário é de 21 horas, supostamente já foram colocados dois professores, um não apareceu, o outro recusou, alguém me explica o que é necessário para se contratar um professor num país em que há milhares no desemprego?
Para ser sincero não faço a menor ideia do que se segue, sei que quando as outras turmas já estão a fazer testes, a turma da minha filha continua sem começar as aulas
Como é que tudo isto é possível? como é que quase mês e meio depois de começarem as aulas continuam por colocar mais de 2000 professores? E ainda há quem diga que este não é o pior ministro da educação da história deste país?
Jorge Soares
Imagem do Público
“Os professores mantêm-se, disse, e como é evidente os professores mantêm-se até à nova lista de colocação corrigida, que tacitamente revoga a anterior. É a lei..... Eu digo [a 18 de Setembro] os professores mantêm-se, não digo manter-se-ão. ”
Um problema de português, foi assim que Nuno Crato explicou a diferença entre o que todo o país tinha percebido do que ele disse no célebre dia do pedido de desculpas e o que realmente aconteceu... foi um problema de português, onde nós percebemos "os professores mantém-se nos lugares em que estão e será encontrada uma solução para os erros" o que ele queria dizer era "os professores mantém-se até lá chegarem outros e irem para o desemprego"
Se isto não é atirar arei para os olhos de deputados, professores e de todo o país, eu não sei o que será. Será que depois disto alguém, para além de Passos Coelho pode confiar numa palavra que saia da boca deste senhor?
Passou um mês desde o inicio das aulas, para além dos milhares de alunos que continuam sem professores, há agora também dezenas de professores que viram de um dia para o outro a sua vida andar para trás e um mundo de incertezas onde antes havia emprego e certezas... e ante tudo isto o ministro tenta entreter o país com jogos de palavras.
Gostava de perceber qual o jogo de palavras que explica o facto de um mês depois de começarem as aulas a minha filha continuar sem professor de matemática? Ou o facto de continuarem a haver escolas que só abrem metade do dia porque para além de não haver professores, não há auxiliares!
Na verdade são precisos jogos de palavras porque tudo isto tem um nome, TRAPALHADA, tudo isto é a maior trapalhada dos últimos anos, não há memória de um inicio de ano escolar que tenha corrido tão mal como este, tudo isto denota uma enorme incompetência e desorganização e que faz o ministro? Jogos de palavras!.. e um pouco de vergonha, não?
Jorge Soares
Imagem do Público
Já passaram três semanas desde que era suposto começarem as aulas e mais de duas desde que Nuno Crato foi à Assembleia da República pedir desculpa pela trapalhada que foi a colocação dos professores contratados, nesta altura, repito, três semanas depois do inicio das aulas, a minha filha continua sem professor de matemática, e ela está com sorte, no Liceu de Setúbal há turmas do sétimo e oitavo ano onde faltam seis e sete professores.
Crato veio a público pedir desculpas, houve um director geral que se demitiu e afinal, de que serviu isso, de que serviram as desculpas se há escolas onde para além de não haver professores também não há funcionários suficientes e portanto só abrem durante a manhã ou durante a tarde?
Ministros que pedem desculpa é uma novidade, mas para ser sincero eu preferia que não tivesse havido demissões ou pedidos de desculpa e nesta altura todos os professores estivessem colocados e todas as escolas a funcionar, eu não quero saber das desculpas do senhor, quero é que a minha filha tenha aulas, tal como imagino que os professores queiram é estar colocados a tempo e horas e que tudo funcione nas escolas como deve ser.
Desde Junho que a minha filha, que transitou para o secundário, sabia a turma na em que iria ficar, o que me leva a pensar que desde Junho que o Liceu tinha as as turmas formadas e sabia dos professores que iria necessitar, porque é que os concursos são só em Setembro e as colocações saem na véspera ou depois das aulas começarem?
Se as escolas sabem desde meio de Setembro, quando era suposto começarem as aulas, quais as vagas que ficaram por preencher, porque é que só no inicio de Outubro se fazem os segundos concursos?
E como é que se explica que havendo mais de 40 mil professores desempregados, seja tão difícil encontrar um professor de Matemática para um horário completo num Liceu que fica no centro de Setúbal?
Para todas estas questões só pode haver uma resposta, incompetência por parte de quem gere todo este processo, eu não me lembro de um inicio de ano com tanta trapalhada como este.
Senhor ministro, não peça desculpa, reconheça que não consegue fazer o trabalho e dê lugar a quem consiga.
Jorge Soares
Imagem do Expresso
Vinha a caminho de casa e na Antena 1 alguém se queixava de que os senhores do IPMA (instituto Português do mar e da atmosfera) não tinham colocado Lisboa em aviso Laranja só em amarelo e portanto quem devia tomar atenção a estas coisas tinha sido apanhado desprevenido e o resultado foi o caos.
Como não ouvi a noticia toda não sei quem era o senhor que estava a falar, imagino que fosse alguém da protecção civil. Fiquei na duvida, se estivesse o aviso laranja o que teriam eles feito diferente para evitar que a conjugação de muita chuva com a Praia mar resultasse em inundações ? Ou que o excesso de chuva tivesse convertido a praça de Espanha num lago? Tinham ido limpar as sarjetas hoje de manhã? Não deviam ter tratado disso há umas semanas atrás?
Entretanto quando cheguei a caso deparei-me com uma noticia que diz: "PSD quer saber de quem é a culpa das inundações em Lisboa". Assim de repente isto já faz mais sentido, ou não fosse o presidente da câmara candidato a candidato a primeiro ministro pelo partido da oposição.
Como não podia deixar de ser, entramos no jogo do empurra, os senhores da câmara culpam os meteorologistas pelas inundações, o governo culpa a câmara, só não percebo duas coisas:
1- Porque é que ninguém culpa o São Pedro?
2- Porque é que ainda ninguém veio pedir desculpa pela chuva a mais e/ou pelas inundações?
Tudo isto é muito engraçado e serve para desviar a atenção do que realmente interessa, pena é que o pedido de desculpas do ministro da educação ainda não tenha servido para que a minha filha, quase 15 dias depois do começo das aulas, tenha professor de matemática... e ela tem sorte, só lhe falta um professor, segundo a RTP, faltam colocar 5 mil professores e não é de certeza por falta de candidatos, segundo a mesma notícia da televisão pública há uns 40 000 (???!!!!) candidatos aos lugares... como é que é possível que ainda haja pelo país fora dezenas de turmas sem nenhum professor?
Quanto á chuva, já ouviram falar do Outono, isso mesmo, é o Outono estúpidos, qualquer criancinha lhes pode explicar, o Outono é a estação das chuvas.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Um destes dias li o seguinte no Facebook:
Pega nesse copo.
-Peguei.
-Agora deixa-o cair ao chão. O que aconteceu?
-partiu
-Agora pede desculpa e vê lá se ele volta a ficar inteiro.
Achei que tinha que falar disto aos meus filhos, eles acham que pedir desculpa resolve imediatamente qualquer asneira ou problema em que se tenham metido e que a vida segue simplesmente como se nada tivesse acontecido.
Hoje quando pelo segundo dia consecutivo ouvi um ministro a pedir desculpa por uma asneira do seu ministério e a seguir em frente como se nada se tivesse passado, lembrei-me disto.
Ontem tinha sido a ministra da justiça a pedir desculpa pelas falha Citius, o já famoso do sistema informático da justiça que de um dia para o outro fez desaparecer os bites e os bytes que guardavam milhares e milhares de processos, hoje ficamos a saber aqui que há muito se sabia que o colapso do sistema era iminente, pelos vistos a única que não sabia era a ministra, a mesma que insistiu nos encerramentos de tribunais e reformas apesar de tudo e de todos.
Ela pediu desculpa, pena que não haja forma de colar os cacos e o sistema de justiça tenha voltado uns anos para trás ao tempo em que só havia papel.... e será que todos os processos tinham mesmo suporte em papel?
Hoje calhou ao ministro da educação pedir desculpa, pelos vistos aquilo que os professores apregoavam desde que saíram as listas era mesmo verdade e alguém fez asneira da grossa. Essa asneira fez com que neste momento existam muitos professores no desemprego que na realidade deveriam estar a dar aulas, nos seus lugares já há outros professores contratados e colocados. Demoraram quase uma semana a verificar o que os professores descobriram em minutos, o ministro pediu desculpa e já há quem se tenha demitido, é claro que não foi o ministro.
É com agrado que vejo alguém reconhecer um erro, tal como gosto que os meus filhos o façam quando erram ou a asneira é grande, mas também aqui não vejo como poderão ser colados os cacos, como irá o ministério da educação resolver o problema? Vai despedir quem foi contratado por engano para contratar quem ficou de fora? E nos entretantos os alunos vão voltar a ficar sem professor?
É uma verdadeira novidade ver ministros pedir desculpa, mas era muito mais interessante ver que assumem a responsabilidade do erro, tal como digo algumas vezes aos meus filhos, as desculpas não se pedem, evitam-se.
Tanto a ministra da justiça como o ministro da educação podiam ter evitado o erro, bastava dar ouvidos a quem os avisou que as coisas não iam correr bem, ambos decidiram seguir em frente com o erro apesar dos avisos, agora não deviam pedir desculpas, deviam assumir a culpa e demitirem-se.
Jorge Soares
Retirado da DRE
É curioso, antes do Post sobre o André e o cancro de mama, (por favor vão ler) eu tinha pensado falar sobre um anuncio que saiu num dos jornais em que se pediam estagiários sem vencimento e/ou de empresários do calçado que pagam o salário mínimo e se queixam que não arranjam empregados... Já todos sabemos que em alturas como esta há sempre quem se aproveite para pagar o mínimo possível e até há quem não queira pagar nada a troco do trabalho.... mas juro que não me passava pela cabeça que o exemplo viesse do próprio estado..
O que vemos na imagem é real, não é brincadeira nenhuma, o ministério da educação, que deixou sem emprego milhares de professores contratados, propõem-se a contratar professores reformados em regime de voluntariado...
Tendo em conta que a grande maioria dos professores quer ir o mais rapidamente possível para a reforma porque já não se sente com idade, capacidade nem paciência para aturar as os alunos que lhes calham em rifa, será que haverá alguém que está disposto a aceitar uma proposta como esta? E o que se pode esperar ou exigir a estes professores avós que vão trabalhar á borla e se calhar até pagar para dar aulas?
É mesmo este o modelo que o ministério da educação quer para o futuro das nossas escolas, regime de voluntariado?
O que podemos esperar de patrões e empresários quando o estado dá um exemplo destes?
Jorge Soares