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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Ando há uns dias com um post atravessado, algo que tem a ver com "ser normal isso acontecer", ainda não é hoje... ainda que tenha tudo a ver.
Há pouco no canal do Jornal A bola, um grupo de senhores discutia o que se passou ontem, primeiro em Guimarães e depois em Lisboa... por incrível que pareça havia alguém, não fixei os nomes, que estava com imenso cuidado no que dizia porque segundo ele, "é necessário ter cuidado, vivemos na era da imagem e assim como há muitas imagens, também há muitas formas de as manipular".
Sim, vivemos na era das imagens, agora cabe-nos a nós como sociedade aprender a tirar o melhor partido disso para fazer deste mundo um mundo melhor, mais justo e sobretudo, mais transparente.
O que se passou ontem em Guimarães não tem nome, felizmente há imagens, imagens que olhe-se por onde se olhe são tremendamente esclarecedoras. O polícia pode alegar o que quiser, pode defender-se com o que quiser, mas quanto a mim, não há absolutamente nada que justifique a reacção dele.
Como é que hoje, após as imagens que todo o país viu até à exaustão, explicamos aos nossos filhos que os polícias são os bons que existem para nos proteger dos maus, havia ali alguém bom que soubesse proteger?
É verdade que nas imagens, pelo menos nas que eu vi, é difícil discernir o que terá sido dito ali, pode até ser verdade que ele foi insultado e até cuspido, mas não há insulto ou cuspidela que justifique a sua reacção e muito menos quando pelo meio há crianças. Ele não estava sozinho, estava com um colega ao lado e vários nas proximidades, qual é a justificação para a forma como ele reage? Aquelas pessoas eram de alguma forma uma ameaça para a integridade dele? Tem que haver alguma diferença entre um agente de autoridade e um arruaceiro qualquer que reage com violência às palavras.
Depois há o que aconteceu em Lisboa, lembro-me de há uns tempos todas as manifestações terminarem em violência entre grupos de arruaceiros e policias, pelos vistos à falta de manifestações, festejos de títulos de futebol também são bons.
O que se viu ontem no Marquês do Pombal foi um bando de arruaceiros vestidos com os adereços do Benfica, que aproveitaram a presença da polícia para armar confusão e estragar a festa ao futebol, curiosamente e ao contrário do que aconteceu em Guimarães, eu acho que a policia teve uma actuação inteligente e ponderada, e dada a presença de tanta gente que só ali estava mesmo para festejar, se limitou a controlar. Não deve ter sido nada fácil estar ali minutos e minutos a ser bombardeados com garrafas e pedras da calçada sem carregar furiosamente sobre o bando de palhaços.
Para além do já relatado, há noticias de destrição e prejuízos de mais de cem mil euros no estádio Afonso Henriques, de confrontos entre adeptos benfiquistas e polícias no Alvalade XXI e de detidos um pouco por todo o país, pelos vistos há muita gente que ou não se sabe controlar ou não percebe que o futebol é para ser uma festa... há que saber perder... e sobretudo, saber ganhar.... mas é claro que a esta gente o que menos interessa é o futebol.
É este o país dos brandos costumes?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Foi na passada quarta-feira que a PSP apresentou uma iniciativa de apoio à selecção nacional que passa por construir uma bandeira de Portugal com 10 milhões tampinhas. A bandeira será construída no dia 10 de Junho debaixo da pala do pavilhão de Portugal no parque das nações e para além de tentar bater um recorde do Guinness, terá uma vertente social de apoio a instituições de solidariedade.
Hoje foi noticia no i o seguinte:
E é isto, desde quarta e até que os 10 milhões de tampas necessárias estejam separadas verde para um lado, vermelho para o outro, é este o novo trabalho policial de alto nível que foi incumbido aos agentes da força de intervenção rápida e a muitos outros polícias, separar tampinhas. Trabalho que tem estado a ser feito em dois turnos entre as 8 e as 18... e não há folgas para ninguém.
Será que é mesmo necessário sacrificar as folgas dos policias, muitos deles deslocados e que ficam sem ver as suas famílias, e desviar agentes que fazem de certeza falta nas suas tarefas habituais e no policiamento da cidade, para uma tarefa como esta? Não haveria forma de fazer isto com recurso a trabalho voluntário? Afinal é uma acção de solidariedade!
Então e um pouco de bom senso?
Jorge Soares
Imagem do Público
O militar que se chama Hugo Ernano, matou o jovem durante uma perseguição policial que decorreu após um assalto a uma vacaria. O jovem de 13 anos ia na carrinha junto com o seu pai, que tinha fugido da prisão, e outros dois homens. O militar não sabia da presença do jovem na carrinha e disparou com o único intuíto de deter os assaltantes.
Sandro Lourenço, pai do jovem, foi condenado a dois anos e dez meses de prisão.
Conclusão, o verdadeiro culpado do que aconteceu, a pessoa que levou para um assalto um adolescente, foi condenado uma pena ridicula, e em pouco tempo estará de novo na rua pronto para proseguir com a sua vida dedicada ao crime. O cidadão que estava a cumprir o seu dever de combate ao crime, foi condenado a nove anos de prisão e ficou com a sua vida desfeita.
Depois de uma sentença como esta gostava de perceber para que entregam uma arma de serviço a policias e GNR's? Se numa perseguição policial não é licito que estes as utilizem, quando será? Para que servem as armas das forças de segurança?
Segundo o tribunal, Hugo Ernano agiu de modo “inadequado e desajustado” e que revelou abuso de autoridade. Gostava de perguntar aos juízes o que considerariam eles adequado num caso como este? Deixar os ladrões fugir?
É licito ou não que as forças de segurança utilizem as suas armas para deter criminosos? Se, como parace resultar esta sentença a resposta é não, então para que entregam armas de serviço a polícias e GNR's?
Jorge Soares
Imagem do Público
Hoje foi a vez de Paulo Macedo ouvir o Grândola Vila Morena, a novidade é que quem cantou foi identificado pela policia, segundo fontes da PSP 10 pessoas foram “identificadas no seguimento da altercação”.
Segundo a lei, a polícia pode identificar qualquer pessoa que esteja num lugar público sempre que sobre ela recaiam suspeitas da prática de um crime. Parece que para a PSP cantar é uma altercação, um crime... será que só o Grândola é que é considerado altercação?, será com qualquer música?, só com as músicas do Zeca? só quando está um ministro presente?
Entretanto há deputados do PSD que dizem que no caso do Miguel Relvas a democracia foi abalroada, como se todos nós não estivéssemos a ser abalroados há anos por este e pelos anteriores governos deste país. Eles tem direito à indignação, mas o povo que é quem realmente está a sentir a crise e a austeridade na pele, não tem esse direito.
Dizem os senhores que não há democracia se os eleitos do povo não puderem falar, então mas a democracia não é para os dois lados?, eles tem direito a falar mas o povo não tem direito a expressar a sua indignação pela forma como estão a ser governados? é a isto que os senhores deputados do PSD chamam democracia?
Não é com as estrofes de Zeca Afonso que a democracia está a ser abalroada, é com a forma como este governo está a impor as suas políticas, é com a forma como hoje tentaram calar o povo mandando a polícia para identificar quem cantou, isso sim é abalroar a democracia.
É bom que alguém explique a estes senhores que como diz José Mário Branco, a cantiga é uma arma e que com atitudes como estas de certeza que o único que vão conseguir é daqui a uns tempos terem um país de voz afinada e metade do povo identificado pela polícia.
a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
há quem canta por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar
a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
José Mário Branco
Jorge Soares
Imagem do Pontos de Vista
Somos um país de contrastes, em Novembro todo o país pode ver como a PSP aguentou estoicamente enquanto um grupo de provocadores lançou pedras durante mais de uma hora. Há pouco na Antena 1, um professor explicava como um grupo de estudantes do secundário foi dispersado com recurso ao gás pimenta porque ao ver a chegada do carro da PSP se juntaram em frente ao portão da escola para evitar que este fosse aberto pelos bombeiros.
No Facebook a PSP tenta justificar o injustificável dizendo que a utilização do gás teve por objectivo evitar a intervenção mais musculada com recurso a bastões e à violência.
Convém recordar que estamos a falar de um encerramento de uma escola a cadeado por parte de alunos do secundário, alunos que teriam entre os 12 e os 15 anos, e que a utilização do gás resultou em seis estudantes feridos, dois dos quais tiveram que ser atendidos no hospital... assim de repente ficamos a pensar o que querem eles dizer com intervenção musculada... se na não musculada resultaram seis feridos....
Fico a pensar, se contra estudantes menores de idade a polícia utiliza gás pimenta, o que será utilizado num protesto a sério como o que vimos na última greve geral? tanques de guerra?
Não vou ao extremo da frase da fotografia, quero acreditar que a nossa democracia está sólida... mas tudo isto dá que pensar.
Jorge Soares
Imagem do Público
Confesso, não consigo ter uma opinião formada sobre o caso das imagens em bruto que terão, ou não, sido visionadas pela polícia.
Imaginemos por um momento que em resultado das pedradas lançadas pelos idiotas mascarados, tinha morrido um polícia ou um jornalista... ou que no resultado da carga policial tinha morrido um dos manifestantes. Será que nesse caso todas as pessoas que se mostram contra o visionamento das imagens teriam a mesma opinião?
Que diferença há entre as imagens que em muitos casos passaram em directo nas diferentes televisões e as que foram captadas pelos operadores de camara e que por algum motivo não foram para o ar?
No dia em que Nuno Santos foi demitido, uma das explicações que ouvi na Antena 1 para a existência dos dois DVDs com as imagens em bruto, foi que estas foram compiladas porque um dos carros da RTP foi danificado e as imagens poderiam ser utilizadas como prova para se encontrar os culpados.... então as imagens podem servir como prova para a acusação da RTP e não para utilização da PSP em sua defesa e/ou do estado?
Já agora, porque é que o pedido às televisões foi feito directamente pela PSP e não através de um pedido judicial?
Entendo perfeitamente a posição dos jornalistas em defesa do seu código deontológico e da protecção das fontes... mas comparar as imagens captadas em frente ao parlamento com um caderno de notas ou a protecção das fontes não será em manifesto exagero?
Como disse, não consigo ter uma opinião formada.. mas há algo que me parece claro, a tutela, leia-se Miguel Relvas e o seu ministério, aproveitaram para na sequência do que já vinham fazendo na televisão e rádios Públicas, movimentar mais um peão e darem a direcção de informação do canal público a alguém mais da sua confiança.
Jorge Soares