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Crianças hiperactivas.. há vida para além da doença

 

"...Quando vejo um hiperactivo que muito sofreu na sua infância, tal o meu G., com imensas dificuldades de aprendizagem, escrever assim, já adulto, não consigo conter a minha alegria. Só me pode trazer esperança de um dia ver também o meu G. realizado e feliz.

Há 30 anos, a hiperactividade não era diagnosticada. Há 30 anos, um hiperactivo era tido como mal-educado, irrequieto e até mesmo "burro".


Há 30 anos, ser hiperactivo era uma sentença difícil e conduzia muitas vezes ao abandono escolar.

Hoje, este hiperactivo é capaz de escrever de forma agradável, com metáforas e imagens alusivas ao que pretende descrever, de forma harmoniosa.


Ao ler este texto, e, apesar da imagem que nos assola a mente, senti uma luz lá bem ao fundo, uma certeza que, seja qual for o rumo que o G. tomar, poderá ser tão realizado e feliz como qualquer outra criança."

 

O texto acima é da Anabela, retirei-o deste post do seu blog, Abigai... todos os pais sonhamos com o melhor para os nossos filhos, no possível e cada um à sua maneira,  queremos que eles sejam educados, comportados e bons alunos, que tenham sonhos e que sejam bem sucedidos na sua realização. Isto é o normal, o que ambiciona quem tem filhos "normais"... quando temos um filho hiperactivo as coisas mudam um pouco de figura, quando lemos o Energia a mais, percebemos que a Teresa não tem muito tempo para sonhar ou para pensar no futuro, a sua luta diária é tal que para ela ter um dia mais calmo já é uma enorme vitória.

 

Nunca falei com a Anabela, mas pelo que leio dos seus posts e a julgar pelo texto acima, partilhamos uma luta e uma preocupação, as dificuldades de aprendizagem dos nossos filhos. Vivemos numa época em que o sucesso na vida está ligado aos êxitos escolares, sabemos que não é verdade, mas na nossa sociedade ser alguém na vida é ter um curso superior.. mesmo que no fim se termine numa caixa de supermercado ou num call center... o importante é estudar.. E não é fácil pensar que com o que vemos no dia a dia dos nossos filhos, eles terão muita dificuldade para lá  chegar.

 

Uma criança hiperactiva não é menos inteligente que qualquer criança dita normal, pelo contrário, muitas vezes a inteligência está acima da média, simplesmente as dificuldades de concentração e os restantes problemas associados à doença, fazem com que a atenção se canalize para tudo menos para o que é essencial.. o que torna as coisas muito complicadas na escola. Se a isto juntarmos o desinteresse e o preconceito contra quem não está formatado pelos cânones ditos normais da nossa sociedade... temos garantida uma enorme luta.

 

Por vezes dou por mim a  pensar o que será do futuro do N., nem sempre da melhor maneira ou com muitas esperanças, por isso textos como o da Anabela, ou mesmo esta noticia do Ionline fazem-me olhar em frente e acreditar que a nossa luta diária não é em vão, que lutar contra um mundo que por vezes só aceita quem é formatado vale a pena..e que de forma alguma podemos desistir.. porque os nossos filhos contam connosco e pouco mais.

 

Como eu te entendo Anabela.

 

O texto a que a Anabela se refere chama-se  o Suicídio e está neste outro post dela

 

Jorge Soares

publicado às 21:42

Crianças passam muitas horas no infantáriosO Dias do Avesso é um programa da Antena 1 em que a Isabel Stilwell e o Eduardo Sá falam de coisas da vida em modo de conversa descontraída, tornei-me ouvinte quando passei as 3 semanas em Macau e passava os meus dias ligado à internet a ouvir a Antena 1.

 

O tema de hoje era as crianças e os infantários, dizia o Eduardo Sá que algures um estudo (eu procurei, mas não encontrei)  constatou que as crianças portuguesas passam em média 9 horas por dia nos infantários, o que é um exagero, segundo ele, no máximo deveriam passar  6 horas.  

 

Disse também que as educadoras passam muito tempo nos infantários, tem muitas crianças em cada sala e que segundo o mesmo estudo, 70% das crianças, as nossas crianças, passam uma boa parte do dia a ver televisão nos infantários... , terminou dizendo que em média, pagamos quase 400 Euros por mês, um verdadeiro exagero.

 

Deixou-me a pensar, lembro-me que quando estávamos grávidos da R. foi uma verdadeira odisseia  arranjarmos lugar para ela, foi de tal modo que ela nasceu em Outubro, entrou para o Infantário em Fevereiro, mas nós estávamos a pagar desde Setembro, ainda ela estava bem aconchegada na barriga da mãe e já nós estávamos a pagar infantário.... é ridículo, mas é a mais pura verdade, consequências do sistema educativo e do apoio social que temos.

 

Tanto a R. como o N., sempre passaram 9 ou 10 horas no infantário, ambos trabalhamos, e não há avós ou tios por perto, e como a generalidade das famílias portuguesas não ganhamos para abdicar de um dos empregos ou ter empregada para ficar com as crianças. Eu estou de acordo com o Eduardo Sá, as crianças não deveriam passar tanto tempo nos infantários, mas a realidade em que vivemos é esta, por muito que este (pretensamente) seja um estado social, não há condições para que seja de outra maneira.

 

Estes dias fomos à Segurança Social tratar do processo da D. a assistente social disse logo que nem pensar em a colocar no infantário nos próximos meses e até que o processo esteja concluído...  uns 7 a 8 meses no mínimo, acho que vamos tirar à sorte a ver quem se despede do emprego para ficar em casa com ela...depois pensamos em como a alimentamos e aos irmãos..... há pessoas que devem viver noutro mundo.

 

Quanto ao facto de as crianças verem televisão, também sentimos isso, as nossas também viam, sempre fomos contra e quando achávamos que era exagero chamávamos a atenção para o assunto. A verdade é que a maioria do infantários não tem pessoal em quantidade suficiente e/ou  com as qualificações necessárias, muitas vezes as educadoras só passam uma parte do dia com as crianças e depois ficam as auxiliares... e a forma mais fácil de entreter as crianças é sentá-las frente à televisão.. 

 

Em suma, os infantários em Portugal são caros, tem pouco pessoal e muitas vezes sem as qualificações necessárias, as crianças passam muito  tempo lá e nós, os pais, não temos alternativas nem condições para que seja de outra forma.

 

Faltou falar das condições físicas de muitos dos infantários.. mas o post já vai largo.

 

É ao estado que compete fiscalizar e verificar que se cumpram as leis a todos os níveis, assim como é ao estado que compete zelar para que todas as crianças tenham as mesmas oportunidades, o que faz o estado?

 

 

Jorge Soares

PS:Imagem da internet

publicado às 21:24

Protegemos os nossos filhos de quê?

por Jorge Soares, em 05.01.09

 criança super protegida

 

Na sexta Feira em conversa com a Sónia e com o Miguel, a propósito de um telefonema de um dos filhos da Sónia, a conversa derivou para a forma como actualmente encerramos as nossas crianças em autênticas redomas de vidro para as proteger de um mal que se pensarmos bem, não sabemos bem qual é. Note-se que eu disse protegemos, porque eu faço o mesmo.

 

Tinha eu seis anos quando entrei para a escola, lá na aldeia a escola ficava a 1 quilómetro e meio mais coisa menos coisa, claro que ia-se a pé, pelas bermas da estrada nacional que numa boa parte passava pelo meio dos pinhais e eucaliptais. A minha mãe acompanhou-me no primeiro dia e depois eu ia e vinha, todos os dias fosse inverno primavera ou verão.

 

Os meus filhos tem 8 e 9 anos, a escola é a uns 300 metros de casa, mas é claro que está fora de questão eles irem ou virem sozinhos. Na verdade, eu olho para eles e é claro que não os vejo capazes de irem sozinhos a pé para a escola.... mas a minha mãe, e as mães de todos os meus vizinhos, maiores e mais pequenos, olharam para nós com 6 anos e acharam que éramos crescidos o suficiente para andarmos quilómetros a pé, todos os dias de casa até à escola. O que mudou?

 

Podem dizer que isso era na aldeia e que na cidade não é assim, bom, tinha eu 10 anos quando fui viver para Caracas, uma cidade com uma criminalidade assustadora,.... e eu ia a pé de casa para a escola, e o meu irmão com 7 anos ia e vinha a pé para a escola... primeiro sozinho e depois comigo, o irmão mais velho que tinha 11 anos. 

 

Depois do almoço com a Sónia eu fiquei a pensar, existe mesmo um perigo real para os nosso filhos, ou somos nós que somos uns exagerados? Vivemos numa sociedade assim tão perigosa?, e esse perigo vem de onde? É que puz-me a pensar e não consegui perceber de onde vem esse perigo. E toda essa sobreprotecção que estamos a dar às nossas crianças, esse encerramento numa redoma que os isola do mundo, não será mesmo mais perigosa que os perigos de que os queremos proteger?

 

Olho para os meus filhos e vejo duas crianças espertas, tem uma serie de capacidades que eu adquiri muito mais tarde, dominam o computador melhor que muitos adultos que conheço, mas que não são capazes de ir comprar o pão à padaria da esquina, ou ir a pé para a escola, ou se vão levar o lixo eu não fico descansado enquanto eles não voltam.

 

No ano que vem a R. vai para o ciclo, evidentemente a mãe e eu haveremos de arranjar maneira de a ir deixar e buscar todos os dias. Com 10 anos eu fui para o ciclo, que ficava a 10 Kms, como os horários dos autocarros não davam, à volta eu tinha que apanhar um autocarro alternativo que me deixava a 2 Kms de casa, e depois ir a pé pelo meio dos campos e pinhais sozinho... isto depois de atravessar a estrada nacional numero 1 que era a unica via que unia o Porto a Lisboa.

 

Os pais dos meu tempo eram mais irresponsáveis ou nós somos uns exagerados? E quando crescerem, os nossos filhos super protegidos, que até certo ponto crescem a leste do mundo e das suas realidades, esta geração do panda, do Disney chanel e dos morangos com açúcar, vão saber enfrentar a vida e o mundo real? .....às vezes  tenho sérias dúvidas.

 

Jorge

PS:imagem retirada da internet

publicado às 21:48


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