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Ela

 

 

Já fez 4 anos em Fevereiro que a D. veio de Cabo Verde, 4 anos que para ela e para nós passaram num instante, neste tempo ela transformou-se de uma criança doce e sorridente, num diabinho cheio de garra e com uma enorme persistência (ela não é teimosa, é persistente) continua sorridente, mas é só quando quer e/ou lhe interessa.

 

Durante estes 4 anos ela esteve meio indocumentada, é incrível mas Portugal só passa um visto de seis meses às crianças que vem da adopção internacional, que depois dependendo da simpatia e boa vontade dos  funcionários do SEF, se pode ou não renovar de três em três meses... em Setúbal há muita simpatia no SEF e nós  renovamos os vistos até que não restavam folhas no passaporte...depois desistimos.

 

Entretanto em Cabo Verde o processo ia andando devagar, devagarinho e parado dependendo da vontade e das gravidezes da Juíza, da inércia dos advogados, do humor dos políticos de turno ... 

 

Foram 4 anos em que aconteceram as coisas mais incríveis, em que fomos duas vezes a Cabo Verde, em que os país biológicos foram ouvidos umas 5 vezes no mínimo. O mais incrível foi quando só faltava passar a sentença e a juíza pediu um estudo das condições sociais da mãe que tinha entregue a criança para adopção internacional há mais de quatro anos... felizmente a senhora não ganhou o Euromilhões entretanto.

 

Achávamos nós que agora era só pegar na sentença ir ao registo civil e passar para o papel aquilo que há muito está nos corações de toda a família... julgava mal.

 

Na adopção nada é fácil, nem mesmo o registo dos nossos filhos, em primeiro lugar, independentemente da sentença e dela já ser legalmente nossa filha por decisão de um tribunal, temos que começar por pedir a nacionalidade, para isso temos que fazer um requerimento, entregar os documentos (os originais) e  depois esperar.... meses... entretanto a criança que por sentença passou a ter outros pais, está algures no Limbo, porque a sentença até lhe mudou o nome e os documentos originais deixaram de ser válidos.

 

O mais engraçado de tudo isto é que entre os documentos a entregar está "uma prova da ligação à cultura portuguesa" ... gostava de perceber o que será ligação maior que ter pais e irmãos portugueses... mas eles querem mesmo o papel e sem ele não há nacionalidade portuguesa e portanto não há registo da criança....

 

Eu já tinha ouvido falar de burocracias ridículas, mas acho que esta bate todos os recordes.... prova de ligação à cultura portuguesa? a sério?

 

Para uma criança de seis anos não é complicado, afinal ela anda na escola e o documento de matricula deve ser suficiente, mas fiquei curioso, eu conheço quem tenha adoptado bebés de meses, como se prova a ligação à cultura portuguesa de um bebé de meses? Fomos perguntar... em desespero, os pais babados inscreveram online a criança como sócia de um clube de futebol e entregaram o comprovativo... passou... mas fiquei a pensar... e se o conservador fosse de outro clube? A criança ficava sem pais e sem país?

 

E achava eu que em cabo Verde são complicados.... vamos ver se este é o último post da longa série sobre a adopção da D...

 

Jorge Soares

publicado às 22:34

O Cartão do cidadão da R.

por Jorge Soares, em 02.01.09

Cartão do cidadão

Imagem retirada da internet

 

Na terça feira fui com a R. tirar o cartão do cidadão, a P. tinha tentado na loja do cidadão mas eram muitas horas de espera...e quando foi repartida a paciência, tanto a mãe como a filha estavam noutro lado qualquer, esperar não é com elas. Assim que lá me calhou a mim, mas em lugar de ir à loja do Cidadão fui ao Registo Civil.... que ainda por cima é a dois passos de casa.

 

Na semana do ano novo e num dia de chuva, imaginei que teria poucas pessoas, engano meu. Bom, não eram as centenas da loja do cidadão, mas eram umas dezenas, tirei o  numero 16... iam no 6.... a R. não gostou muito, mas eu sou uma pessoa paciente.

 

À falta de cadeiras, 5 cadeiras para umas 15 pessoas...nem está muito mau, encostei-me ao balcão e lá fui seguindo as peripécias de quem não está habituado às modernices. Havia duas pessoas a atender....e tinham como clientes duas pessoas de idade. Entre o verificar os dados, assinar na máquina e inserir as impressões digitais electrónicas, eu estava a ver a minha vida andar para trás. Passado um bom quarto de hora ainda atendiam as mesmas duas pessoas e dado que eram 10 da manhã.... já me estava a ver sem almoço.

 

Já estava a ser difícil perceber de quem era a inépcia, se das pessoas ou dos funcionários.... principalmente quando não havia maneira de o código postal que a senhora indicava, ser aceite pelo sistema..... passados mais uns 10 minutos lá acertaram com os 7 números do código postal.

 

Terminadas aquelas duas pessoas, a coisa começou a andar, isto quando já tinham colocado o cartelinho que dizia "Só há senhas para depois das 14". Como entretanto as pessoas começaram a desistir, passadas umas duas horas, lá fomos atendidos, e como a menina R. é mesmo despachada, a coisa correu bem e saímos de lá a tempo de almoçar.

 

O Cartão do cidadão vai substituir o Bilhete de identidade, o numero de contribuinte e os dois cartões da segurança social, além de que a nível de segurança é um grande avanço... já não era sem tempo. Principalmente porque desde há décadas que na maioria dos países a fotografia é impressa directamente no documento e que já não se utiliza aquele tamanho que não está com nada.

 

Um destes dias tenho que lá ir tirar o meu...... no registo civil, claro!

 

Jorge

publicado às 21:51


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