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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Como era Portugal antes do 25 de Abril?
Imagem do Público
Reza a história que no dia 25 de Abril de 1974 a revolução estragou o negócio à vendedora de cravos do Rossio, esta vendo que estes iam murchar, decidiu oferecer um a cada militar dos que estavam a fazer a revolução e que por ali passavam... e foi assim que o 25 de Abril ficou conhecido para o mundo como a revolução dos cravos.
Na sexta ao almoço chamou-me a atenção ver que Cavaco Silva fazia o seu último discurso como presidente da república nas cerimónias do 25 de Abril sem um cravo na lapela e comentei o facto com a família.
Fiquei mais ou menos chocado quando a R. que ainda por cima adora história e tira sempre excelentes notas nessa disciplina me perguntou:
-O que é que significa o cravo vermelho?
Considero o gesto de Cavaco Silva quase uma afronta, não só a quem fez a revolução que nos devolveu a todos a liberdade de pensar e de termos opinião, como a todo o povo português. Mas confesso que me assusta mais a forma como nos últimos 40 anos temos tratado o assunto.
É verdade que o facto de a minha filha não saber identificar o símbolo da revolução, também é culpa minha, é em casa que devemos transmitir os princípios, mas este não deveria ser um assunto que se dá na escola? Ela teve história até ao nono ano, sempre foi uma excelente aluna nessa disciplina e a verdade é que esse capítulo tão importante da nossa história, quase lhe passou ao lado, porque raramente falaram disso nas aulas e quando o fizeram foi sempre ao de leve.
A mim o gesto de Cavaco Silva não me estranha, sempre olhei para ele como o menos democrático de todos os políticos que nos governaram nos últimos 40 anos, por ele e por mais alguns como ele, essa parte da nossa história era simplesmente apagada... assim como o tem sido nas aulas de história que foram dadas aos nossos filhos nos últimos 40 anos.
O cravo é o símbolo de uma revolução pacífica que devolveu a democracia ao país após muitos anos de fascismo e de falta de liberdade, não deveria ser um símbolo político, devia ser transversal e servir para que no futuro ninguém esqueça porque é que essa revolução foi feita... há quem queira que essa parte da nossa história seja esquecida.... talvez porque um povo ignorante da sua história é mais fácil de subjugar e de enganar.
Jorge soares
Imagem do Pontos de vista
Não ando nos meus dias e isso nota-se até na forma como às vezes deixo passar as conversas e prefiro estar calado a entrar em discussões que no fim não me levam a lado nenhum.
Um destes dias à hora do almoço discutia-se o Eurogrupo e as decisões sobre a Grécia, havia alguém espantado em como Grécia não só não quer pagar a dívida, como se prepara para a seguir a não pagar, pedir mais dinheiro a quem "ficou a arder"
Ainda esbocei um "mas ninguém disse que eles não querem pagar...", a pessoa estava com tanta atenção à sua sabedoria que (felizmente) não me ouviu,
Há muito quem pense como ele, assim como há muita gente que acha que a saída do Euro significa não pagar as dívidas, deve ser o que pensam alguns iluminados que acham que Portugal deve voltar ao escudo, eu sinceramente não percebo o que tem uma coisa a ver com a outra.
Saindo ou continuando no Euro as dívidas vão continuar a existir, seja para Portugal ou para a Grécia. Se a Grécia sair do Euro vai deixar de estar tão controlada, vai ter liberdade para fazer orçamentos mais liberais e não ter tantas preocupações com défices e rácios, mas por outro lado irá ter muitas mais dificuldades em ter crédito. Em lugar de ter uma moeda forte passará a ter uma que poderá desvalorizar para obter liquidez, mas como a sua dívida continuará em Euros ou em último caso em Dólares, o que vai acontecer é que esta irá aumentar de forma exponencial e além disso, como tem uma balança comercial negativa, a inflação tomará conta do país e a população verá o seu salário e as suas poupanças desaparecer ao ritmo que aumentam os preços dos bens importados.
Há quem veja algo de positivo nisto tudo, eu sinceramente não consigo ver onde estará esse lado positivo, e também não acho que alguma vez a Grécia abandone o Euro..a menos que seja para aderir ao rublo.... mas para isso o preço do petróleo terá que aumentar muito mesmo..
Quer isto dizer que a única solução é a Troika e a austeridade? Não, é claro que não, assim como acho que a Grécia não sairá do Euro, também acho que nas condições actuais, nunca conseguirá pagar a sua dívida, o mesmo se aplica a Portugal, como é que com um crescimento de 1 ou 2 % se consegue gerar riqueza para pagar juros de 4 ou 5%? A resposta é simples, não se consegue, é impossível.
Mesmo com a austeridade e os impostos brutais dos últimos anos, a dívida Portuguesa não parou de aumentar, da Grega nem se fala, como é possível que alguma vez se amortize?
Não sei se será agora, se será daqui a uns anos, mas mais tarde ou mais cedo alguém vai ter que parar para pensar noutro caminho qualquer para se conseguir sair deste circulo vicioso de divida que tem juros que geram dívida que geram juros que geram dívida.
Diz a imagem acima que as revoluções começam sempre em ruas sem saída, acho que a Europa chegou a uma dessas ruas agora só falta mesmo tirar as cadeiras aos velhos do Restelo que insistem em esconder o muro.
Jorge Soares
Uma revolução que dura 40 anos e desembocou num povo oprimido e num banho de sangue, só pode ser uma revolução perdida.
Kadafhi diz "Não vou deixar esta terra. Morrerei aqui como um mártir"... acho que alguém lhe deveria fazer a vontade rapidamente.
Jorge Soares
"Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar."
Este é mesmo um país de incongruências, 15 dias depois das eleições em que 53% não pôs lá os pés para votar e dos que lá foram, a grande maioria votou nos candidatos dos partidos que levaram o país a esta situação, eis que surge do nada uma música que já foi classificada como "o hino de uma geração", "canção de protesto", "hino dos descontentes", "hino da geração adiada", os jornalistas esmeraram-se. Curiosamente os Deolinda num claro tiro ao lado, deixaram esta música de fora do seu ultimo álbum.
A verdade é que a educação para todos tem um preço, a luta dos anos 80 e 90 para que todos tivessem direito à educação está a resultar agora naquilo que já se viu antes em tantos países, o mercado não tem capacidade para dar trabalho a tantos engenheiros, advogados, professores ... o resto é conhecido, excesso de mão de obra resulta sempre em salários mais baixos, não há volta a dar.
Nós vivemos em Democracia, não somos a Tunísia, o Egipto ou o Portugal de antes do 25 de Abril, isto para quem já acha que a forma como foi acolhida esta música pode ser um passo para algo parecido ao que se está a passar no Cairo, desenganem-se.
Em Democracia as revoluções fazem-se nas urnas, todos e cada um de nós pode contribuir para a revolução indo votar e mostrando o nosso descontentamento... Nós sabemos quem são os culpados da situação actual, sabemos quem governou e como o fez... o que fazemos?, bom, há 15 dias elegemos de novo um dos que mais tempo esteve a governar o país. E dizem os barómetros que se as legislativas fossem agora, só mudavam as moscas
Em que ficamos, estamos ou não fartos disto? no fundo no fundo, a frase com mais sentido na música dos Deolinda é esta: "Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?"
Jorge Soares
Ouvi a pergunta na sexta na Antena 1, o que há para festejar? é uma pergunta pertinente, passados 100 anos dificilmente haverá alguém que lá tenha estado e nos possa contar o que veio de novo com a República... afinal, o 25 de Abril foi há bem menos tempo e a maioria de nós não sabe o que veio de novo com ele, porque haveríamos de ter a noção do que ganhámos há 100 anos?
A diferença entre uma república e uma monarquia constitucional não será assim tão grande, na Europa da que agora fazemos mesmo parte, há várias monarquias e eles sobrevivem... às vezes bem melhor que nós... mas isso é agora, há 100 anos as coisas eram bem diferentes.
Há 100 anos a República pretendeu em primeiro lugar estabelecer uma tentativa de igualdade entre todos os cidadãos, no Portugal do inicio do século XX existia uma monarquia em que uma pequena parte da população tinha como garantidos uma série de direitos e benefícios que eram instituídos por tradição e por herança, o resto da população era considerada quase como cidadãos de segunda e que em muitos casos tinham como função de vida servir de servos aos senhores.
Estamos no século XXI, há muito que a ideia do sangue azul, de haver cidadãos de primeira e segunda, acabou, custa-me entender que existam pessoas que se sentem com direito a ser reis por tradição, as pessoas devem ser eleitas pelos seus méritos, devem ser sujeitos a escrutínio e a eleição. É verdade que a nossa república não é perfeita, os nossos governantes não serão perfeitos, mas estão lá porque foram escolhidos e eleitos por nós.. e sabemos que passados 5 anos haverá novas eleições e uma nova possibilidade de escolher outros.. que farão melhor ou pior... mas que serão sempre julgados e avaliados por nós... quem avalia um rei?
Haverá quem diga que um rei serve para reinar, não para governar... mas na actualidade, no mundo em que vivemos, o que significa reinar? para que serve um rei?, estaríamos nós dispostos a prestar vassalagem a alguém que é igual a nós?, que simplesmente está ali porque tem um apelido? estaria algum de nós disposto a prestar vassalagem a este senhor? E depois, o que faz de um rei um melhor governante que qualquer um dos restantes cidadãos de um país?.. isso vem por herança?
Desculpem lá, mas eu acho que o país já teve a sua dose de governantes idiotas... monarquia não!
Jorge Soares