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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
A resposta é nada, Karl Stefanovic é australiano e em conjunto com Lisa Wilkinson apresenta um programa de televisão muito popular na Austrália, o Today. Farto de ver a sua colega de trabalho avaliada e criticada não pela forma como trabalhava mas sim pela roupa que utilizava no programa, decidiu utilizar o mesmo fato azul de imitação da Burberry todos os dias durante um ano.
A verdade é que durante todo esse tempo ninguém fez o menor comentário ao facto, pelos vistos a menos que um homem se vista de maneira espalhafatosa, ninguém quer saber o que eles vestem.
Perguntaram a Karl se tudo isto é resultado de sermos uma sociedade sexista, "Não sei se será sexismo, é sexismo quando são principalmente outras mulheres as que julgam e criticam?"
"A mim avaliam-me pela forma como entrevisto ou pelo meu péssimo sentido do humor, principalmente pela forma como faço o meu trabalho, as mulheres são muitas vezes avaliadas por aquilo que vestem ou pela forma como levam o cabelo"
É a mais pura verdade, seja na Austrália, na Europa ou na América, apesar de tudo o que se tem evoluído, continuamos a ser uma sociedade machista e preconceituosa, principalmente com as mulheres, quando há uma mulher numa posição de relevo, principalmente num lugar com exposição pública, olhamos sempre primeiro para a aparência e só depois para a qualidade do seu trabalho.... já avançamos muito, mas como se prova por este exemplo, ainda há muito caminho para andar.
Jorge Soares
Imagem do Público
De entre o que restou do edifício Rana Plaza, no Bangladesh, foram até agora retirados mais de 900 corpos, mas ninguém consegue prever quantos mais estarão ainda por descobrir, calcula-se que estariam perto de 5000 pessoas no edifício e ainda falta chegar aos pisos inferiores.
Também não há certezas, mas suspeita-se que para além da construção deficiente, terá sido a trepidação causada pelos gigantescos geradores que mantinham as três fábricas de roupa a funcionar, o que terá causado o desabamento do edifício.
O Bangladesh é neste momento a última paragem da globalização, depois do Vale do Ave, de Taiwan, da Malasia, da China, a procura dos preços mais baixos chegou ao Bangladesh. As três fábricas , há quem fale em cinco, que se diz existiam no edifício, produziam roupa para grandes marcas Europeias como a Primark ou a Mango. Mas estas são só um exemplo, porque nas centenas que nascem como cogumelos por todo o país produz-se roupa e outros artigos para a grande maioria das marcas mais conhecidas.
O Bangladesh é o país com o menor salário mínimo do mundo, perto de 29 Euros por mês, mas há quem ganhe metade disto por 12 ou mais horas de trabalho ao dia nas piores condições possíveis. É também frequente a existência de trabalho infantil.
O negócio dos texteis movimenta mais de quinze mil milhões de Euros todos os anos e gera lucros astronómicos, mas tudo isto é feito à custa do trabalho quase escravo de muita gente.
As grandes marcas tem muita preocupação com os volumes de vendas e os lucros, mas pouco ou nada se preocupam com o preço que paga a população dos paises mais pobres para que se possa produzir a custos tão baixos . Era bom que a sociedade que tanto consome tivesse a noção da realidade que está por trás dos seus caprichos mais mundanos.
As muitas centenas de vidas que se perderam na queda do edifício no Bangladesh são o preço social da roupa barata, um preço demasiado alto que milhares tem que pagar para que uns poucos ganhem muito dinheiro e todo o mundo possa presumir de andar bem vestido.
A fotografia é de Taslima Akhter e revela um abraço de um homem e de uma mulher congelado pela derrocada do edifício Rana Plaza, ao Bangladesh chegou o último abraço da globalização.
Jorge Soares
Imagem do El País
Para evitar poucas vergonhas como as que vemos acima, em que beldades como a Rhiana, a Lady Gaga ou a Jennifer Lopez mostraram mais dos seus atributos do que algumas das mentes americanas conseguem suportar, este ano a organização da cerimónia de entrega dos prémios Grammy decidiu implementar uma espécie de dress code, o que eles chamam: "55th GRAMMYS: Standard And Practice Wardrobe Advisory".
Assim, a organização diz que "todas os talentos que apareçam em câmara devem aderir às boas práticas" e adverte que "a obscenidade ou a obscenidade parcial no vestuário é inaceitável para a emissão".
E para que não restem dúvidas, eles explicam o que se pode considerar obscenidade: "Por favor verifiquem que os glúteos e peitos femininos estejam adequadamente tapados, os vestidos tipo tanga podem ser um problema. Deve-se evitar a exposição de carne nua debaixo das curvas dos glúteos e do rego do traseiro : As laterais ou a curvatura inferior dos peitos nus também são um problema. Deverão evitar-se as roupas transparentes que possam mostrar os bicos dos seios femininos. Deverão assegurar-se que a zona genital está adequadamente tapada."
Ou seja, quer-me parecer que segundo estas regras, nenhuma das meninas ali das fotografias acima, que foram tiradas em edições anteriores dos Grammy, podiam entrar este ano....
Ninguém sabe se o documento foi enviado para as meninas que costumam aparecer mais ou menos despidas para a ocasião, nem consigo imaginar como é que alguém vai obrigar a Lady Gaga, por exemplo, a vestir-se para a ocasião..., mas uma coisa é certa, este ano a coisa não vai ter metade do interesse das edições anteriores...
Jorge Soares