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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Sol
Isto só pode ser ignorância ou demagogia, como é que alguém que pretende vir a ser primeiro ministro pode afirmar uma coisa destas? E sinceramente até me custa perceber onde é que ele quer chegar, depois de andarem há meses a reivindicar o aumento dos salários ele está contra?
Não é a primeira vez que ouço afirmações como estas, por norma quando a conversa é comigo dou-me ao trabalho de explicar: A formula de cálculo dos escalões do IRS está feita de forma a que isto não possa acontecer, não é possível que alguém seja aumentado, suba de escalão e fique por isso a receber menos ordenado liquido do que recebia antes, pode dar-se o caso que a diferença seja mínima, mas nunca se pode dar o caso de que se passe a receber menos.
Quanto ao caso em questão:
- Em primeiro lugar quem recebe o salário mínimo não paga IRS, logo o aumento do salário só por si não faz ninguém mudar de escalão
- Em segundo lugar, se alguém além do salário mínimo recebe outros valores, se estes não aumentarem não tem porque subir de escalão, se estes valores aumentarem é possível que se possa subir de escalão, como é normal, mas isso nunca irá fazer com que se fique a receber menos do que antes.
À primeira vista o que parece é que Seguro está contra o aumento do salário mínimo, ou não sabe o que diz, ou está a ser demagógico, em qualquer dos casos está a fazer o ridículo.
São afirmações demagógicas como estas que fazem com que os portugueses não olhem para Seguro e para o PS como uma alternativa à maioria e depois na hora da verdade nem se dêem ao trabalho de ir votar.
Jorge soares
Imagem do Público
A Suíça costuma ser tema cá no blog principalmente devido aos muitos e variados referendos que por lá se vão fazendo, o sistema de governo Suíço está baseado na democracia directa e os suíços são consultados muitas vezes a propósito das mais variadas coisas.
Foi a propósito de um referendo em que saíram derrotadas as moções que pediam um aumento dos dias de férias e uma diminuição dos impostos que eu aqui disse que "nós nunca seremos suíços" e foi a propósito de um outro referendo em que os suíços decidiram fechar as suas fronteiras à comunidade europeia, que torci o nariz à democracia directa.
Hoje aconteceu um novo referendo, os suíços foram chamados às urnas a propósito de uma proposta dos sindicatos que sugeria um aumento do salário mínimo nacional. Por incrível que possa parecer a quem vive num país em que uma enorme franja da população ganha um salário mínimo de menos de 500 Euros, só 23 % dos votantes disseram sim a esse aumento, menos de um quarto dos eleitores.
Assim de repente parece dificil de entender, se olharmos com atenção não é assim tão estranho, vejamos:
A proposta dos sindicatos era de que o salário mínimo passasse a ser de 3200 Euros por mês, o mais alto do mundo. A proposta dos sindicatos tem por objectivo garantir que todos os trabalhadores tem um salário acima daquilo que, há falta de um valor legal para o salário mínimo, se considera um salário baixo, salário esse que está perto desse valor de 3200 Euros.
A percentagem de pessoas que estará abaixo desse limiar é de perto de 10% e pertence principalmente ao sector dos serviços pessoais (cabelereiros, cuidados corporais e de beleza, lavanderia,comércio, hotelaria e de restaurantes).
Ou seja, 90% dos trabalhadores suíços ganham muito acima desse valor e é portanto muito mais sensível aos argumentos dos partidos políticos que avisam para possíveis aumentos de preços nos serviços e do desemprego que viriam como consequência desse aumento de salário.
Por cá, onde cada vez há mais gente a ganhar verdadeiros salários de miséria, bastaria que quem ganha ou depende de alguém que ganha o salário mínimo ou pouco mais que isso, fosse votar, para que o referendo tivesse o sim assegurado, é a diferença entre um país rico como a Suíça e um país pobre como o nosso.
Diga-se de passagem que de cada vez que se fala num destes referendos e nos seus resultados, torço mais o nariz à democracia directa.
Jorge Soares
Imagem do DN
É curioso porque na mesma semana em que ouvi dois ou três economistas dizerem que tivemos um trimestre com crescimento positivo graças ao chumbo do tribunal constitucional que devolveu aos trabalhadores uma parte do seu salário e isso fez aumentar o consumo, ouvi hoje este senhor dizer que "aumentar o salário mínimo é um crime".
Eu percebo pouco de economia, mas a mim parece-me que o que impulsa o consumo é o dinheiro, quando as pessoas tem mais dinheiro gastam mais, quando as pessoas gastam mais, as empresas precisam de produzir mais, para produzir mais as empresas precisam de mais pessoas, e isso irá fazer com que diminua o desemprego. Mas é claro que há muitas formas de olhar para o assunto, este senhor olha para o assunto de outra maneira... ele deve ser da mesma escola daquele empresário de que falei no outro dia, o que preferia perder encomendas a pagar melhores salários e assim arranjar mão de obra... também acho que está à vista onde esse tipo de mentalidades nos tem levado.
Pelos vistos há quem ache que devemos voltar uns 30 anos atrás, ao tempo em que éramos competitivos porque os nossos salários eram os mais pobres da Europa, deve ser alguma teoria nova, porque se olharmos para os restantes países da Europa o que vemos é que os que estão em melhor situação financeira, até há quem tenha um enorme superávit, são os que tem os salários mais elevados.
Portugal é dentro da União Europeia um dos países com o salário mínimo mais baixo, onde é que isso nos levou até agora? Ao sucesso ou à penúria?
De resto, o senhor chega a contradizer-se, por um lado diz que não devemos aumentar os salários, e por outro diz que os jovens decidem emigrar porque "esquecemo-nos de criar empregos altamente qualificados", ora, como é que se criam empregos altamente qualificados se a ideia é manter os salários baixos?
O senhor também diz que "o Tribunal Constitucional não tem estado a funcionar em termos jurídicos, mas políticos" , e não será exactamente o contrário? O tribunal constitucional limita-se a olhhar para o orçamento de estado desde o ponto de vista legal e há quem, como ele, ache que o deveria fazer desde o ponto de vista político e/ou económico?
O senhor diz também que a maioria dos reformados não são pobres... ora, tendo em conta que a reforma média paga pela segurança social anda à volta dos 400 Euros... e que o limite da pobreza anda à volta dos 350 Euros... não sei onde foi ele buscar os seus dados, mas de certeza que não foi ao nosso país.
Numa coisa concordo com ele, há muita gente a falar em nome dos pobres, mas poucos representam mesmo os pobres... eu diria mais, os pobres tem falado pouco, principalmente na altura das eleições.. por isso é que gente como este senhor ainda tem voz....e não é precisamente para defender os pobres.
Mas em que país é que este senhor vive?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Ontem o Primeiro ministro Passos Coelho saiu-se com mais uma ideia brilhante, em lugar de aumentar o salário mínimo deveríamos era de o diminuir, o aumento do salário é prejudicial para o emprego. E deu o exemplo da Irlanda, onde segundo ele, o salário mínimo foi reduzido com resultados positivos.
O que ele se esqueceu de dizer é que na Irlanda o salário mínimo estava acima dos 1400 Euros e diminuiu para algo mais de 1200, qualquer coisa como 3 vezes mais que o salário mínimo de miséria que temos por cá.
Tudo isto numa altura em que até os patrões são favoráveis a um aumento, não é difícil perceber porquê, o aumento dos salários significa mais dinheiro a circular e mais disponibilidades para o consumo, que por sua vez farão com que seja necessária mais produção e portanto mais mão de obra... o que significa aumento do emprego.
É claro que no caso das empresas exportadoras, o aumento dos salários se traduz em alguma perca de competitividade, mas estas são normalmente empresas que utilizam sobretudo mão de obra qualificada e não pagam de certeza o salário mínimo, pelo que o impacto seria mínimo.
Passos Coelho e quem o aconselha, veja-se as declarações de hoje de António Borges, insistem em olhar para o lado, e insistem em ir contra a corrente, e pelos vistos não há indicadores económicos ou manifestações que lhes façam perceber que a realidade em que todos vivemos é outra muito diferente daquela em que pelos vistos eles vivem. Até agora, para além de conseguirem uma redução do PIB em quase 10% nos últimos 3 anos e de um aumento do desemprego para números acima dos 17%, o que conseguiram eles com esta política cega e teimosa?
Estamos há quase três anos a insistir numa política de austeridade e aumento de impostos, os trabalhadores portugueses já perderam um terço do seu salário e estes senhores acham que ainda o devem reduzir mais... querem o quê?, que em lugar de recebermos para trabalhar passemos a pagar?
Jorge Soares