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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Num caso inédito, a Justiça da Argentina concedeu um habeas corpus a uma fêmea de orangotango que vive no jardim zoológico de Buenos Aires para que esta seja libertado e levada para um santuário, onde poderá viver em semiliberdade. O tribunal reconheceu que Sandra, é este o nome do animal, possui direitos básicos como um "sujeito não humano" e está privada ilegalmente de sua liberdade.
O pedido de habeas corpus foi foi colocado por um grupo de activistas de defesa dos direitos dos animais, com o fim de pedir a liberdade da fêmea de orangotango de 28 anos que se encontra há duas décadas presa no jardim zoológico de Buenos Aires. Esta decisão que evidentemente é passível de recurso, poderá abrir um precedente que no futuro poderá ser utilizado em favor da liberdade de muitos outros animais.
Eu não gosto de Jardins zoológicos, posso até entender que sirvam o propósito de acercar os animais a pessoas que de outra forma dificilmente teriam alguma hipótese de os ver ao vivo, mas para mim não deixa de ser uma forma de ter animais aprisionados, contra a sua natureza de animais selvagens, na maior parte dos casos em condições degradante e que nada tem a ver com o seu habitat natural
Também não acredito naquelas teorias que dizem que os zoológicos servem para preservar espécies que estão em risco na natureza, se o objectivo é preservar a espécie, então isto deve ser feito em condições o mais aproximadas possível do habitat natural e nunca com os animais encerrados em jaulas e em contacto com milhares de pessoas diariamente.
Na realidade a procriação de animais em jardins zoológicos para pouco mais serve que para alimentar a industria dos animais em cativeiro e dificilmente um animal que nasce num zoológico irá alguma vez parar ao seu habitat natural.
Espero que esta iniciativa dos activistas argentinas tenha sucesso e que no futuro sirva de exemplo para libertar muitos outros animais que pelo mundo fora se encontram em zoos, em circos ou noutro tipo de cativeiro.
Digam lá que este não foi um excelente presente de natal para a Orangotango Sandra?
Jorge Soares
Imagem da internet
Ontem falamos aqui do natal, o comentário da Sandra deixou-me a pensar. Conheço a Sandra e o António há algum tempo, partilhamos muitíssimos pontos de vista, e algumas.. bastantes .., formas de estar na vida.... são pessoas que quando abraçam uma causa, fazem-no com convicção absoluta, sem meios termos, só para dar um exemplo, eles são de entre as centenas de candidatos à adopção que conheço, os únicos que se dispuseram a adoptar sem colocar nenhuma condição.. nenhum limite.
Entendo a forma de olhar para o natal da Sandra, mas apesar de ser tão ateu como ela, não consigo olhar para as coisas de uma forma tão radical, como disse ontem, para mim o natal tem um significado que tem pouco de religioso, mas não deixa de ter um significado importante, é a festa da família. Era capaz de deixar aqui uma aposta em como a Nessa para o ano que vem volta a desencantar os enfeites e volta a decorar tudo...
Mas fiquei a pensar, e o ano novo? Cá em casa o ano novo é a nossa festa, não vamos a lado nenhum, acendemos a lareira, preparamos o jantar, por norma Fondue, jantamos os 4, vemos televisão e quando se acerca a meia noite vamos algures ver o fogo de artificio, os 4, pelo prazer de ver o fogo..depois voltamos para casa..e já passou.
Sandra, como é que olhas para a passagem de ano? festejas? danças, gritas, comes uvas?..quiçá, dormes?.. como é que cada um olha para o ano novo?
Jorge
Não sei se alguém se lembra do post em que falava dos genes e das duas mulheres cá de casa?... certo certo é que desde então o clima de guerra está instalado, e os dois homens já estamos a pensar pedir asilo algures... mas disso já falarei outro dia
Por estes dias recebi um mail em que alguém dizia o seguinte:
Acho que a maior dificuldade é não sermos um casal infértil e ninguém perceber porque é que podendo ter filhos biológicos alguém se propõe adoptar uma ou mais crianças. è recorrente a questão mas não queres ver os teus traços na criança, mas e os genes perdem-se e blá blá blá...
Não é uma conversa que não tenha escutado antes, eu e todas as pessoas que optaram por adoptar mesmo podendo ter os seus filhos biológicos. Não consigo perceber porque é que as pessoas acham que os genes do meu filho adoptado não são melhores que os meus, ou porque é que eu haveria de preferir os meus genes a outros qualquer... mas deve haver alguma razão lógica..... aliás, atendendo ao post que referi no inicio... bem que tínhamos dispensado alguns dos genes da R... que o N. é bem menos reivindicativo.
Mas voltando ao mail, vou de novo socorrer-me da resposta da Sandra:
tal como vocês também nós não somos inférteis (que saibamos, porque nunca tentámos engravidar nem queremos!). A recepção por parte da nossa família e amigos até foi bastante boa, mas a verdade é que já estavam preparados para tal. A mim desde sempre me ouviram dizer que não queria ter filhos (por uma multitude de razões que vão muito além das questões da adopção, da protecção à infância e que se prendem com formas específicas de '"ver" o mundo). Todas essas razões, levaram a que a adopção de uma criança (quando a vontade de sermos pais surgiu) fosse a escolha mais óbvia e lógica.
Apesar da desilusão da mãe do meu companheiro e também da minha, a aceitação foi muito boa e a minha filha hoje (e desde o início) está perfeitamente integrada na família.
Mas é claro que também tivemos de responder a algumas questões como as que indicaste. Essa dos genes então tira-me do sério. Normalmente, a minha resposta é "quem lhes disse a eles que os seus (e meus) genes eram melhores do que os de outra pessoa qualquer no mundo?!". Tentei sempre explicar também porque é que os genes, a biologia, o sangue e a carne não significam nada para mim. O que me importa são os afectos. E exemplos de como isto é verdade não faltam à nossa volta. Na sociedade, no nosso círculo de amigos, no seio da nossa própria família!
Esses impulsos de transmitir os genes, deixar descendência biológica, etc..., funcionava em tempos muito, muito remotos, em que o objectivo humano era, como o de qualquer outra espécie a sobrevivência e a evolução. Não quer dizer que hoje, esses impulsos não existam, mas existem também uma série de outros factores com um peso enorme e o facto de, enquanto seres racionais que somos, podermos e termos o dever de ponderar todos os condicionantes.
No seguimento disto e em relação às dúvidas das pessoas, sobre o porquê de não querer ter filhos biológicos, a resposta é também, para mim, óbvia:
- O planeta está sobrelotado.
- Os recursos, por mais que as pessoas teimem em ignorar esse facto, são finitos.
- Toda a ideologia política, económica e social na qual se baseiam as sociedades actuais, aniquila-me qualquer ponta de optimismo em relação a «esta» humanidade.
Considerando tudo isto (e muito mais, mas se começo nunca mais paro!), porque razão é que eu quereria pôr mais um ser humano cá?! Para mim isso simplesmente não faz sentido.
- Depois, também acresce a questão da prioridade: já cá estão crianças sem família. Neste mundo. Já existem. Estão primeiro do que as que ainda não existem! Parece-me lógico, não? Então primeiro há que tratar destas. É tão simples quanto isso.
Esgotados todos os argumento lógicos, resta-nos o inestimável direito de decidirmos sobre a nossa própria vida: "É assim que vai ser porque eu quero. É a minha/nossa vida e eu/nós é que decidimos. Se querem apoiar, muito bem. Se não querem, olhem, vão dar banho ao cão!"
Sandra..... tu és demais!
Jorge
PS:imagem retirdada da internet