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Se murio "Risitos de oro"

por Jorge Soares, em 11.02.14
Shirley Temple

 

Imagem da Internet

É curioso, não me consigo lembrar de um único filme em que aparecesse já adulta a actriz Shirley Temple, mas tenho gravado na memória o olhar vivo e risonho da "risitos de oro" que vemos ali na fotografia. Numa época em que a televisão era outra coisa completamente diferente, na Caracas da minha infância e adolescência, haviam 4 canais a preto e branco e as tardes dos dois mais comerciais eram feitas de matinés cinematográficas muitas vezes com recurso aos filmes antigos, entre esses nunca faltava mais um de Risitos de Oro.

 

No fim dos anos 70, princípios do 80, já a senhora que nasceu em 1928, passava dos 50 anos de idade, mas a sua áurea de pequeno prodígio da actuação ainda permanecia viva e continuava a encantar pequenos e graúdos.

 

Com a chegada das cores e dos novos canais a televisão foi mudando e com essa mudança muitas coisas foram sendo esquecidas, duvido que a maioria dos leitores deste blog tenha sequer ouvido falar do nome Shirley Temple e tenho a certeza que os meus filhos nunca ouvirão.

 

Shirley Temple, Risitos de Oro, morreu hoje aos 85 anos, os seus filmes marcaram uma época no cinema americano. Trabalhou com John Ford, John Wayne, Henry Fonda, Cary Grant e Ginger Rogers, entre outros, o seu sucesso em Hollywood extravasou o grande ecrã, com a sua imagem a ser reproduzida em dezenas de produtos comerciais, como acessórios, canecas e bonecas.

 

Com apenas sete anos a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atribuiu-lhe um Óscar em reconhecimento pelo contributo para o mundo do entretenimento. 

 

Depois cresceu e terá deixado o cinema e o espectáculo, mas os seus filmes são eternos e durante décadas contribuíram para a alegria de muitos. Morreu hoje aos 85 anos de idade.... há muito que quem conheceu o seu sorriso e a alegria que mostrava nos seus filmes tem saudades.

Jorge Soares

publicado às 21:49

Conto - Saudade

por Jorge Soares, em 30.11.13

Saudade


Era triste aquela minha vizinha do 202. Tudo nela era triste. Seu andar, seus gestos, até suas roupas eram tristes. Só não lhe via os olhos, sempre baixos. De comum comigo, talvez a mesma idade e o fato de morar sozinha. Assim eu imaginava, porque não percebia movimento em seu apartamento. Eu vivia sozinha por opção. Escrevia o dia inteiro. Só parava para tomar banho ou comer alguma coisa, pouca, que não sou de comer muito. Minha vida, trágica, merecia um livro. Tão dedicada estava nesse projeto, que não tinha tempo sequer para me olhar no espelho. Fazia meses que não o usava. Mal saía às ruas. A não ser, bem cedinho, para comprar pão. Foi assim que conheci aquela mulher tão sombria.


Coincidentemente, saíamos à mesma hora. Como eu, ela parecia não gostar de elevador. Descíamos as escadas, caminhávamos até a padaria, voltávamos e subíamos as escadas, sempre juntas e mudas, apenas ligeiros acenos de cabeças. Nessas idas e vindas, bem queria puxar conversa, mas faltava-me coragem. Tanta melancolia me inibia. Aquela mulher não me saía da cabeça. Por que tão triste? O que teria acontecido em sua vida?... Matutava, curiosidade despertada.


Uma vez ousei, toquei sua campainha, com um pedaço de bolo que acabara de assar. Nem era de assar bolos, mas precisava de um pretexto para me aproximar. Abriu a porta, sorriu aquele sorriso triste, olhos baixos. Meio sem jeito, ofereci-lhe o prato e perguntei-lhe o nome.


“Saudade” – disse, num fio de voz.


Recusou gentilmente, não comia doces, agradeceu-me e fechou a porta. Voltei para o computador, pasma. Saudade?! Isso lá é nome?!...  Curiosidade aguçada. Não conhecia ninguém naquele prédio, antissocial que sou, reconheço. Meus vizinhos também não eram muito melhores. Nas raríssimas vezes em que cruzei com alguns deles, passavam cabisbaixos, me olhando de soslaio – e, para ser sincera, achava bom. Cada um na sua. Só que agora me deparava com um dilema. A quem perguntar sobre a vizinha? Saudade...


Bem, a solução poderia ser a reunião de condomínio que aconteceria dali a três dias. Nunca comparecera a nenhuma, verdadeiro pavor que tinha de reuniões, principalmente as de condomínio. Na próxima iria, decidi. Lá, daria um jeito de saber mais sobre Saudade. Chegado o dia, compareci, atrasada é fato, mas compareci. Vencendo o pânico, atravessei o saguão sob olhares curiosos, dando uma geral, mas Saudade não estava lá. Vai ver tínhamos mais este ponto em comum, não gostar de reuniões de condomínio. Não dei qualquer opinião que, aliás, ninguém me pediu, nem prestei atenção no que falavam. Só esperava uma brecha para perguntar se alguém conhecia a vizinha do 202, não diria o nome, claro, para respeitá-la. Diria que estava preocupada porque não a via fazia tempo, morava sozinha, coisas assim.


Na primeira oportunidade, perguntei, olhando para todos e para ninguém especificamente. “Mas aquele apartamento está vazio faz mais de ano!” – exclamaram. Pairou no ar um silêncio pesado. Olhavam-me assustados, e eu me senti desestruturar. Sai dali abruptamente e tão descontrolada que, pela primeira vez desde que morava lá, entrei naquele elevador, parado no térreo com a porta aberta. Foi então que me vi, refletida no revestimento de espelho. E era Saudade quem me devolvia o olhar desamparado, alucinado, insano...


Cecília


Retirado de Samizdat

publicado às 17:59

O tempo

 

 Imagem minha do Momentos e Olhares

 

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

Mario Quintana

 

Setembro de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:52

Saudade é solidão acompanhada

por Jorge Soares, em 26.03.13

A solidão

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora,  mas o amado já...

Pablo Neruda

 

Jardim do Bonfim, setúbal

Março de 2012

Jorge Soares

publicado às 17:16

Conto - Sob os escombros

por Jorge Soares, em 17.11.12
Sob os escombros

Lembrança é vida soterrada.Escondida sob escombros fundos, onde a dor se acomoda em letargia e desistência por um tempo longo demais, curto demais.

Conveniência? Ou seria medo o que nos faz insistir no esquecimento?Sofrer é hábito descuidado. E a gente nem percebe há quanto tempo não sente alegria. Ou paixão. Ou vontade. Ou qualquer coisa que aqueça o coração. Segundos, anos... Quanto tempo se leva sendo triste? 

Tornar-se infeliz é bordado lento. É como poeira nas roupas, que se assenta em camadas finas, toldando o viço, deturpando os fios da trama. 
Ser triste leva uma vida. A vida que depois a gente esconde na memória. E pensa que esqueceu.
Um fim de tarde magnífico se debruçava sobre o mar de ondas soluçadas. Na areia, um pedaço de jornal que dançava sob a regência da brisa chamou a atenção de Salvatore, exumando memórias inesperadas e dolorosas. Apanhando a folha bailarina enroscada em seus pés, olhou em volta, procurando o passado.
Inês corria pela praia atrás do jornal que lhe fugira das mãos. Segurando o chapéu para que não voasse como as folhas, pareceu a Salvatore, num primeiro e divertido olhar, que tentava arrancar a própria cabeça.
–– Melhor voarem as notícias do que o cérebro! — caçoou ele.
–– Como? –– interpelou-o a moça, séria.
–– Deixe que eu pego o fujão –– disse ele, prosseguindo com a troça.
–– Agradeço, mas dou conta sozinha! –– respondeu a jovem, altiva.
Mas antes que um ou outro alcançasse o jornal, o papel fujão decidiu por vontade própria ir parar aos pés de Salvatore.  
–– Agora, não se pode negar: ele gosta de mim –– provocou-a, bem humorado.
Cedendo ao sorriso sedutor daquele homem charmoso, Inês aproximou-se dele, aderindo à brincadeira.
–– Ingrato! Eu o compro, eu lhe faço companhia e ele me abandona assim, pelo primeiro estranho!
–– Onde está o estranho? Vamos, diga-me onde está que eu o ponho daqui para correr! –— disse ele, fingindo procurar ao redor algum intruso.
Em seguida, estendeu a mão forte e apresentou-se a ela:
— Salvatore Rossetti.
–– Inês Santana –– respondeu ela.
As mãos de Maria Inês eram conchas quentes e macias, e o sorriso fez com que ele prestasse a atenção aos dentes benfeitos. Achou-a tão linda que, ainda no cumprimento, sentiu-se tomado por um abobamento incontrolável. Tentou recompor-se, mas era tarde demais. Inês tomou-lhe a vida naquele mesmo instante.
A diferença de idade entre os dois era de dez anos. O que não seria muito, não fosse a vida desregrada que Salvatore levara até conhecê-la, que o tinha transformado em um cínico, um mundano. Sentia-se velho. E tinha medo de magoá-la. No entanto, ali, à beira-mar, Inês se tornou um cais. E ele foi deixando, aos poucos, de ter medo. Do tédio que lhe tomaria os sentimentos quando cessasse o êxtase. De outras carnes que lhe atrairiam o desejo quando findasse nas dela o frescor da mocidade. Da irritação que sentiria, numa manhã de domingo, quando um “por favor”, um “me ajude” o desconcentrasse da escrita dos textos. Esqueceu-se apenas de ter medo de que ela deixasse de amá-lo quando ele voltasse a ser o homem que o habitava antes.
Inês, contudo, o surpreendeu. Cedeu e impôs-se a seus caprichos em igual medida. Agradou-o com carícias; respeitou-o com silêncios. Ela o fez feliz. Como ele nunca tinha sido. Como jamais seria. Mas ele se cansou de ser feliz. Enjoou-se das manhãs, das tardes e das noites perfeitas. Aborreceu-se com a repetição das horas. Desprezou o amor maduro que ela lhe oferecia. E só descobriu que era inverno quando viu a neve em seus próprios cabelos.
Quando partiu, não se voltou uma só vez para saber da tristeza de Inês. Não se despediu dos quadros que acenavam suas tintas enfraquecidas pelos anos, nem revidou ao relógio que marcava “É tarde!”.
Memória é vento que se encolhe com frio de si mesmo; tormenta que se guarda para um próximo açoite. É linha que costura na alma, em ponto miúdo, todos os choros, todas as belezas, toda a rebeldia. E repousa, e repousa, e então desperta. Esparrama-se em rajadas. Como um pulmão que expele. Para não sufocar.
A lua fazia desenhos na água. A brisa assediava Salvatore, despenteando-lhe os cabelos ainda fartos. Ele não queria ir embora. Não de novo. Tudo doía, mas ele gostava da dor. Não sentia remorso pelos anos de liberdade e de excessos, e enfrentava o aperto no peito sem sobressaltar-se. Mas a falta das memórias o atormentava. As memórias de Inês. E a certeza de que, sem elas, não haveria consolo a acompanhar-lhe a velhice.
Precisava vasculhar os escombros daquela casa em ruínas e ouvir o murmúrio dos destroços. Até encontrar as lembranças. Seguiria o sorriso de Inês, deixaria que o rastro da vida soterrada lhe indicasse o caminho. Não descansaria. Não permitiria que a solidão o encontrasse distraído, para que se apossasse do que lhe restava a respirar.
–– Salvatore –– escutou, então, a voz tranquila.
Fechou os olhos e entregou-se ao arrepio que o sacudiu por inteiro. Depois, sentiu que Inês o puxava pela mão e deixou que os seus pés a seguissem. Abriu os olhos para reencontrar os quadros em suas cores vívidas, e olhou para o relógio que marcava “Enfim!”.
A gente pensa que esqueceu. A gente acredita que acabou. Então, a vida se levanta das ruínas. Sussurra. Alcança-nos. E tudo está lá, intacto. Para nos levar além.

Cinthia Kriemler


Retirado de Samizdat

publicado às 22:53

Saudade

por Jorge Soares, em 02.11.12

Cabo Verde

 Imagem minha do Momentos e Olhares 

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor

Que és feliz 

 

Charles Chaplin 

 

Praia, Cabo Verde

Fevereiro de 2010

Jorge Soares

publicado às 21:23

A saudade é uma treta

por Jorge Soares, em 22.10.12

A saudade é uma treta

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

Os comentários àquele post da Mónica e do Pedro deixaram-me a pensar, talvez porque nunca me senti verdadeiramente de lado nenhum, como dizia há uns tempos, já vivi em tantos sítios que aprendi que as coisas e os lugares são bons enquanto lá estamos e o melhor que temos a fazer é aproveitar para viver porque quem sabe quanto tempo pode durar.

 

Saudade é uma palavra portuguesa que dificilmente tem tradução noutras línguas, de vez em quando dou por mim a pensar que é mesmo só isso, uma palavra,  e as palavras só existem na linguagem quando são necessárias para identificar algo... Ora, se saudade  não existe em mais nenhuma língua deve ser porque mais ninguém sentiu necessidade de a inventar.

 

Digo muitas vezes que só temos saudade do que já vivemos  e acrescentaria  também que só temos saudades do que nos preencheu, do que foi bom.... ter saudades não tem nada de mal, o problema está quando tudo isso em lugar de se tornar algo positivo, se torna numa âncora que nos prende ao passado e nos impede de avançar... e mau mesmo é quando ainda nem estamos a passar pelas coisas e já temos saudades do que ainda nem deixamos para trás... porque por norma isso faz com que nem demos o primeiro passo... e não caminho nenhum que se consiga percorrer se não se dá o primeiro passo.

 

Voltando aos comentários do post e a muitos outros comentários que li por aí, faz-me alguma confusão que as pessoas achem que jovens que estão a iniciar a sua vida possam preferir ficar em Portugal, mesmo que isso signifique muitas vezes ficar a 400 ou 500 Kms de casa e possivelmente desterrados numa qualquer pequena cidade do interior, a aproveitar uma oportunidade de ouro num outro país, onde poderão conhecer outra cultura, outras realidades e outras formas de viver e trabalhar e onde ainda por cima vão ter todas as vantagens e mais alguma a nível salarial e profissional.

 

Há quem argumente que é outro país, não o nosso.. sim, e isso é mau porquê? Qual é mesmo a vantagem de se ficar por cá? Aquele grupo de jovens era todo do norte, há quem argumente que pelo mesmo salário eles prefeririam ficar em Portugal mesmo que fosse longe da família.. A sério? E qual era a vantagem de a ganhar o mesmo ficarem num hospital em Bragança?, ou em Évora?, ou em Almada?, ou na Amadora?  Ou em Sagres, Ou em Vila Real de  Santo António? Qual seria o jovem inteligente que sabendo as condições em que se trabalha em Portugal preferiria ficar por cá a aproveitar uma oportunidade de ir viver noutro mundo?

 

Já sei, a saudade, o nosso país, a nossa gente... tretas, se há coisa que aprendi quando os meus pais emigraram e se fizeram à vida do outro lado do Atlântico é que o nosso país é aquele que nos dá uma hipótese de viver, o que nos deixa ganhar a vida com dignidade, o que nos dá hipótese de querer e de poder... o resto é folclore, uma coisa engraçada mas que dificilmente alimenta alguém.

 

Jorge Soares

publicado às 22:02

Um grilo

Imagem do Facebook 

 

Não podíamos fazer barulho, tínhamos que encontrar o buraquinho na terra, depois com uma palhinha fazíamos umas cócegas e.....VOILÁ............O grilo vinha cá para fora. .... 


O meu pai comprava uma gaiola de plástico com paredes de ripas amarelas e tecto azul ou vermelho na festa da aldeia,  metíamos o grilo lá dentro, e pendurávamos a gaiola algures na cozinha lá de casa. Era alimentado a alface e nos dias quentes de verão ele cantava para toda a família.  :-)


Coisas que eu fazia no fim dos anos 70 e inicio dos 80 e que os meus filhos dificilmente irão alguma vez fazer....., caçar grilos era de certeza uma destas coisas, até porque tirando os meus passeios pelo sopé da Arrábida, não me lembro de aqui em Setúbal  ter ouvido alguma vez um grilo a "cantar".


Para quem não sabe, os machos do grilo dos campos  "cantam" esfregando duas das  suas asas uma na outra para fazer aquele som característico que tanto nos encantava naquela altura... na realidade eles estão a tentar chamar a atenção das fêmeas... mas também funciona com os humanos.


A saudade é uma palavra que serve para nos recordar que alguma vez na vida, nós já vivemos.

 

Jorge Soares

publicado às 11:58

 

Letra

 

Eu fui ver a minha amada 
Lá p'rós baixos dum jardim 
Dei-lhe uma rosa encarnada 
Para se lembrar de mim 

Eu fui ver o meu benzinho 
Lá p'rós lados dum passal 
Dei-lhe o meu lenço de linho 
Que é do mais fino bragal 


Minha mãe quando eu morrer 
Ai chore por quem muito amargou 
Para então dizer ao mundo 
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou 

Eu fui ver uma donzela 
Numa barquinha a dormir 
Dei-lhe uma colcha de seda 
Para nela se cobrir 

Eu fui ver uma solteira 
Numa salinha a fiar 
Dei-lhe uma rosa vermelha 
Para de mim se encantar 

Minha mãe quando eu morrer 
Ai chore por quem muito amargou 
Para então dizer ao mundo 
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou 

Eu fui ver a minha amada 
Lá nos campos eu fui ver 
Dei-lhe uma rosa encarnada 
Para de mim se prender 

Verdes prados, verdes campos 
Onde está minha paixão 
As andorinhas não param 
Umas voltam outras não 

Minha mãe quando eu morrer 
Ai chore por quem muito amargou 
Para então dizer ao mundo 
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

 

Ainda agora aqui estavas... já sentimos saudade 

 

Jorge Soares

publicado às 22:25

Ó sino da minha aldeia

por Jorge Soares, em 18.08.11

O sino

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.


E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.


Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.


A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa, "Cancioneiro"

 

Este é mesmo um sino da minha aldeia... está no portão da casa dos meus pais quase escondido pela enorme roseira que passa em arco por cima do portão... num fim de tarde de verão, ficou assim... a contraluz.

 

Alviães, Palmaz, Oliveira de Azeméis

Agosto de 2010

Jorge Soares

publicado às 12:30


Ó pra mim!

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