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Manuela Moreira foi mãe no final do ano passado, após a licença parental voltou ao trabalho e  decidiu gozar do seu direito às horas de amamentação, para isso falou com a sua entidade patronal e pediu para entrar uma hora mais tarde no horário da manhã, de modo a conseguir conjugar a amamentação do seu filho com os horários dos transportes públicos. A entidade patronal discorda do horário proposto, propõe a hora do almoço e impede-a de trabalhar durante o período da manhã. 
 
Até aqui nada de estranho, este tipo de coisas acontece cada vez menos mas infelizmente vai acontecendo, nada disto seria muito estranho, não fosse o caso de a entidade empregadora de Manuela Moreira ser o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN). 
 
A lei não é clara quanto ao período em que o horário de amamentação deverá ser cumprido, normalmente empresas e trabalhadores chegam a acordo sobre  a melhor hora, neste caso pelos vistos não há acordo possível.
 
Manuela alega que o horário proposto pelo sindicato patrão não é compatível com os horários do seu filho e os dos transportes públicos, o sindicato  alega que não a pode dispensar no horário que Manuela pretende.
 
Entretanto Manuela passa as manhãs à porta do sindicato onde não a deixam entrar se não cumprir os horários propostos pela empresa.
 
Alguém consegue imaginar o que diria o sindicato se isto em lugar de estar a acontecer com um dos seus funcionários estivesse a acontecer com um dos seus filiados e outra entidade empregadora qualquer? Na hora de defender quem trabalha, o mote deste sindicato deve ser, "Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço"
 
Felizmente este é um caso cada vez mais raro no nosso país, cada vez mais as empresas portuguesas olham para a maternidade e para os direitos das mulheres como algo normal... mas que este caso aconteça precisamente com uma empregada de um sindicato, é de bradar aos céus.
 
Por estas e por outras é que cada vez há menos sindicalizados em Portugal
 
Há um sindicato dos empregados dos sindicatos?, deveria haver.
 
Jorge Soares

publicado às 22:16


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