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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Este é um post que andava por ai a pairar desde o natal, depois de passar uns dias na casa enorme e gelada dos meus pais, a casinha beirã com um quarto uma sala e uma cozinha em que os 5 passamos 3 dias em Póvoa Dão, fizeram acordar um sonho antigo.... eu quero uma casinha pequenina!
Os meus pais tiveram que emigrar, passar 10 anos a trabalhar arduamente longe da família e de tudo o que realmente gostavam, para poderem dar educação aos filhos e ter a sua própria casa. Não é uma mansão mas é uma casa grande... a casa que sonharam para eles e os filhos. Passados pouco mais de seis meses de lá vivermos, eu e o meu irmão fomos para a Universidade e eles ficaram lá sozinhos... numa casa enorme que no Inverno é impossível de aquecer e no verão é um forno... cada vez que lá vou digo para mim mesmo.. quando eu for grande, quero uma casa pequenina.
Não sou de ter sonhos... mas dentro de mim há um desejo secreto...ter uma casa pequenina, se puder ser gostaria que tivesse um alpendre virado para o mar ou para a serra onde eu me possa sentar ao fim do dia a namorar com a minha meia laranja enquanto o sol se põe, pode ser de madeira singela à beira mar, pode ser de pedra como as da beira, pode ser baixinha e com rebordos azuis nas janelas como as alentejanas... pode ser de qualquer forma, desde que seja minha ...e pequenina.
Jorge Soares
Imagem do Público
Uma das coisas boas de sonhar é que atrás de cada sonho vem outro sonho, quando Andrés Villas-Boas disse há uns meses atrás que estava na sua cadeira de sonho, a maioria dos adeptos do Porto entendeu que ele tinha realizado o seu sonho e que portanto ficaria ali, naquela cadeira de sonho, para o resto dos seus dias... ou pelo menos até que eles se fartassem dele.
Evidentemente para André, a realização de um sonho não é o fim do caminho, é só o principio, ele cumpriu um sonho, treinar o clube do seu coração, estar do outro lado, sofrer e ganhar por dentro. Sonho cumprido, a vida segue, que há mais sonhos, muitos sonhos que como seria de esperar, não cabem naquela cadeira.
Li nos últimos dois dias dezenas de mails de adeptos do Porto, 99% sente-se traído, todo o mundo acreditava que ele não era mais um, Villas-Boas não estava ali pelo dinheiro, ele era um de nós, estava ali porque ama o Clube e portanto faria qualquer coisa por ele. E não vale a pena tentar explicar que tanto ele como os jogadores, qualquer jogador, está ali porque aquela é a sua profissão, uma profissão paga a peso de ouro é verdade, mas não passa disso, uma profissão. Como deveria acontecer com cada um de nós nas nossas profissões, eles para além de quererem jogar ou treinar, querem evoluir, ser melhores, ter mais prestigio, ganhar mais, jogar em melhores campeonatos.... e não há amor à camisola que se sobreponha a isso. Ninguém alimenta a família com amor à camisola.
De resto, não tivesse a época sido o sucesso que foi e seriam os mesmos que agora o acusam de traição a exigir a sua cabeça, e ninguém lhe iria querer pagar os 15 milhões para que se fosse embora.
O agora Ex-treinador do Porto é um homem de sonhos, um homem que não se acomoda, não é homem de viver dos sucessos acumulados, até porque a época passada foi muito bonita, mas já é história, agora a vida continua, e lá fora há muito mais a conquistar que por cá. Apareceu alguém que lhe ofereceu a oportunidade de conquistar o mundo de uma forma que nunca seria possível por cá, como seria de esperar ele não olhou para trás.
Todos deveríamos seguir o exemplo de Pinto da Costa, que mais uma vez soube ler os sinais e ter a consciência da realidade dos terrenos que pisa, não demorou nada a aparecer uma nova aposta, há sempre mais gente a sonhar, e ninguém lhe ouviu uma palavra de rancor ou de azia, quantos clubes receberam até hoje 15 milhões de Euros por ceder um treinador?
Acho que como portistas devemos agradecer o trabalho bem feito e a época de sonho que todos vivemos, e desejar a André Villas-Boas a melhor das sortes em todos os novos desafios, que ganhe todos os jogos, menos os que jogue contra o Porto .... a vida segue e nós temos que seguir com ela.
Jorge Soares
PS:Só mais uma coisinha... não leves muitos jogadores contigo
Fiz um post com esta fotografia e com o poema copio em baixo no meu outro eu, o Momentos e olhares, a Mafalda deixou-me um comentário que me deixou a pensar, ela disse o seguinte:
Sabes Jorge acho que encontraste nesta tua viagem a Cabo Verde, algo de muito diferente, algo que muito te disse e marcou. Algo que fará sempre parte das tuas boas recordações. Algo que talvez às vezes te traga nostalgia, mas algo que verdadeiramente amas.
Vê-se e sente-se em todas as tuas fotos.
Estarei a ver mal?
Acho que estás a ver perfeitamente bem Mafalda
Haverá algo que nos marque mais que um filho? a Mafalda tem razão, as minhas fotografias de Cabo verde, pelo menos as que escolhi para colocar no blog, transmitem uma enorme serenidade, talvez porque os locais e os momentos fotografados eram na sua generalidade locais e momentos serenos, talvez porque eu apesar de tudo, estava sereno, talvez porque a forma como se está, como se vive por lá e apesar de todas as dificuldades, é serena.
Apesar de que todos dizemos que é o sonho que comanda a vida, a verdade é que para a generalidade das pessoas são raros os momentos em que conseguimos concretizar um sonho, há que recordar que eu fui a Cabo Verde para concretizar um sonho... e esse sonho começou a concretizar-se mal chegamos lá.... e haverá algo que nos dê mais serenidade que ver o maior dos sonhos da nossa vida realizado?
Sim, tenho saudades de Cabo Verde, de cada momento, cada pormenor, cada segundo, do lugar, da luminosidade, das pessoas, da calma do pôr do sol.. saudades, muitas... mesmo muitas.
Criança Eterna
Vi nos voos dos pássaros
O entardecer escapar-se por entre
Os traços verdes do arvoredo.
Sob os olhos do anoitecer uma alma
Amparada no florir de um beijo
Em instantes de sol e doçura;
Um coração a sangrar por nada ter
Para dar e tudo perder e um homem
Que toda a sua riqueza consigo transporta.
E vi sombras de fogo num peito,
Uma alegria descontente em horas
Que são minutos quando dois corpos
Em seu leito se enamoram; e vi bolsos
De mar e de luz no desassossego
E em tudo vi a criança eterna…
Vi-me a mim.
De Alves Bento Belisário in, Inquietudes, pág. 38 (2005)
Para quem não leu, leiam, os meus postais de Cabo Verde
Jorge
Imagem da internet
No outro dia, depois de uma conversa que entrou pela noite dentro, que começou por Virus informáticos, passou por fotografia e por não sei quantas coisas mais, dei por mim a pensar no estranha que pode ser a vida.
A dado ponto a coisa foi assim:
Amiga says:qtos filhos querias?
Jorge says:
nunca pensei nisso
Amiga says:
nã ooo
Amiga: says:
então?
Amiga: says:
vá confessa-te
Jorge says:
não... tu não leste aquele meu post sobre os sonhos?
Jorge says:
eu não faço essas contas
Amiga: says:
devo ter lido
Jorge says:
aquele em que eu falava do jipe e da casa com jardim
Amiga: says:
sim
Jorge says:
é o que eu dizia lá
Jorge says:
isto vai dar um belo post
Amiga: says:
ai valha-me a santa
Jorge says:
amiga.. eu não faço essas contas
Amiga:. says:
olha que eu estou a falr com a tua orelha amigo
Amiga: says:
não com o teu blog
Jorge says:
nunca fiz..a minha vida nunca durou o tempo suficiente na idade dos sonhos
Jorge Soares
PS:Nunca tinha pensado no assunto.. mas agora que perguntas.... ganhasse eu o euromilhões.... e enfeitaria a minha casa com muitas fotografias como a que preside a este post... um arco-íris de filhos!
Retirada de Meninos do mundo
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa
A ideia da Missão criança nasceu algures numa madrugada de Novembro no centro comercial Colombo, quando preparávamos as coisas para a campanha de recolha de assinaturas para a petição para o dia nacional da adopção que o PS fez com que fosse chumbada.
No dia da audição, achei por bem inscrever-me para o debate aberto, colocando o nome da associação, como as coisas estavam bastante atrasadas e eu já tinha dado o meu testemunho, não tive oportunidade de falar, da parte da tarde desforrei-me e fartei-me de bater naquela gente toda. O nome da associação chamou a atenção da moderadora do debate da manhã, Paula Nobre Deus, que evidentemente eu não conhecia de lado nenhum...
Antes do inicio da sessão da tarde, ela veio ter comigo, tinha ficado curiosa sobre a associação de que nunca tinha ouvido falar.
Infelizmente a conversa foi cortada a meio, porque a sessão da tarde ia dar inicio. Na altura eu não sabia que a senhora é deputada do PS, nunca a tinha visto e o nome não me dizia nada. Depois de lhe ter explicado quais são os objectivos da associação, ela virou-se para mim e disse:
-Mas não vale a pena.
-Não vale a pena o quê?
-Não vale a pena o trabalho, eu também tenho uma associação, não vale a pena!
-Não?, então mas ...
-Nós até temos um centro de acolhimento em Évora, mas não vale a pena, os centros de acolhimento não deixam que a gente faça nada, não nos abrem as portas, e não conseguimos fazer nada.....
-Bom, mas nós decidimos criar a associação precisamente porque achamos que ninguém faz nada.
-Pois, já há muitas associações, e a verdade é que não vale a pena ......
Aqui a conversa foi interrompida porque estávamos a impedir o inicio dos trabalhos.... Só mais tarde vim a descobrir que a senhora é deputada do PS, e que inclusivamente tinha estado na discussão que chumbou o dia nacional da adopção.
A conversa vale o que vale, não é a opinião dela que nos vai fazer desistir de lutar pelas crianças e de seguirmos em frente, mas deixou-me a pensar, ela é deputada do partido do governo, como é que pode dizer que não vale a pena? É caso para dizer, se ela não consegue, como é que nós simples mortais vamos conseguir?
Como disse antes, não conheço a senhora de lado nenhum, não é lá muito justo estar a fazer juízos de valor, mas será esta a atitude que queremos dos deputados do nosso país?
Jorge Soares
PS:Gostaram da imagem?..passem pelo site da Meninos do Mundo, há umas tshirts bem giras com aquele desnho...e contribuem para uma muito boa causa.
Há coisas na vida que nos marcam, já passaram mais de 20 anos, numa mesa do bar da faculdade de educação da Universidade Central da Venezuela, os mesmos de sempre discutíamos tudo e nada, quando temos 18 anos, liberdade e amizade, todos os sonhos são permitidos..e nós fartávamo-nos de sonhar. Não sei a propósito de quê, mas nesse dia discutíamos o facto de alguém ter necessitado de um documento e, como era normal por aqueles lados, ter untado as mãos a alguém para o conseguir mais rápido.
Como cada vez que a discussão ia para esse lado, eu era o único que defendia que isso estava errado, já nessa altura eu ia contra o mundo...já lá vai tanto tempo disso que já tive tempo de perceber que se calhar sou eu que estou errado... o mundo não pode estar errado. Como na maior parte das vezes, a conversa de amigos terminava em sim, eu estava cheio de razão, mas não era assim que as coisas funcionavam, portanto, era eu que estava errado... raio de sina a minha.
Ontem ao fim do dia dei comigo a lembrar-me desse grupo de amigos, isto a propósito de uma conversa que tive separadamente com duas pessoas de quem gosto muito. Foi a propósito do ultimo post, da menina Russa, do caso do Martim e das duas mães.
Ambas as minhas amigas defendiam que a Alexandra não deveria ter sido entregue à mãe biológica e que o Martim deveria ser entregue à mãe, não é nada estranho, ontem à noite dei uma volta pela blogosfera e encontrei vários blogs com dois posts seguidos a defender estas mesmas posições. Como as minhas amigas reconheceram, isto é um contra-senso, mas quer uma quer a outra seguiram na sua, apesar do contra-senso. Confesso, eu não consigo perceber, e lá terminei outra vez a sentir que o mundo não pode estar errado... apesar de que o meu bom senso me diz que está.
Felizmente a Sandra veio em meu auxilio, ela diz o seguinte:
"Quando a situação / história é apresentada de uma perspectiva adultocêntrica (adulto vítima) as pessoas tomam uma posição. Quando a perspectiva apresentada é centrada na criança (vítima), as pessoas tomam outra posição. Mesmo que a situação de fundo e o perigo (ou não) a que a criança está sujeita sejam exactamente os mesmos. "
Quando perguntei às minhas amigas qual a diferença entre a Natacha, a mãe da Alexandra e a Ana a mãe do Martim, nenhuma das duas me conseguiu responder, mas nenhuma das duas mudou a sua opinião.
Passaram mais 20 anos.... e eu quero voltar a viver a época em que todos os sonhos são permitidos.... e quando eu for grande, talvez, queira girar para o mesmo lado do mundo, é bem mais fácil.
Jorge
PS:Imagem minha retirada de Momentos e olhares
Ontem em conversa que tive com a minha meia laranja ela disse que se lembrava que antes de nos casarmos eu tinha o sonho de ter uma casa com jardim, três filhos e um Jipe.... não sei se por esta ordem ou não. Lembro-me de algures na minha vida ter querido um Jipe...mas essa memória é posterior ao meu casamento e a ter filhos, não me lembro de sonhar com uma vivenda com jardim e de ter querido três filhos... o que não quer dizer que não seja verdade.... diga-se de passagem, que dadas as circunstâncias.... neste momento sonhar com a vivenda está indexado a sonhar com o euromilhões... eu jogo!...
Sou uma pessoa que não cultiva expectativas, às vezes quando a R. diz que quer ser escritora, ou o N. policia, eu fico a pensar que não me lembro de alguma vez ter querido ser algo....acho que nunca tive tempo para isso.....estava ocupado a crescer entre os carinhos da minha mãe e o mau feitio do meu pai. Quando era adolescente era tão tímido que me lembro de sonhar com ter uma namorada, ou em querer ser o Mandrake e resolver tudo com um passe de magia. Não me lembro de sonhar com ser nada, desde o liceu que tentava conjugar os estudos com o trabalho, nunca sonhei ser engenheiro, que agora sou, nem o Matemático que não cheguei a ser porque claramente estava no curso errado na altura errada da minha vida.
Lembro-me de entre os 16 e os 20 anos escrever muito, muitos poemas, textos, cartas, não me resta um único desses escritos porque simplesmente nunca sonhei ser escritor.... ainda que agora tenha a leve esperança de voltar a conseguir escrever assim.... não, não sonho ser escritor.
Talvez não me lembre do sonho dos três filhos, porque foi tão difícil ter o primeiro que simplesmente se apagou o sonho. Lembro-me de uma tarde numa esplanada da Avenida de Roma, a P., então minha namorada, me ter falado do seu sonho de adoptar uma criança, a mim isso nunca me tinha passado pela mente, mas no dia em que decidimos ir à segurança social apresentar a candidatura, eu estava perfeitamente ciente de que aquele era o nosso projecto de vida.
Atingi aquela fase da minha vida em que vivo a vida dia a dia, sem esquecer que o futuro existe, mas sem fazer desse futuro uma obsessão, simplesmente vivo, tento ser feliz.
Se tenho sonhos?, claro, todos temos sonhos, mas não faço deles expectativas de vida, os sonhos vão aparecendo e desaparecendo à medida que vão seendo realizados ou não. Vão nascendo e morrendo todos os dias, e nós vamos vivendo com eles... ou apesar deles.
De que são feitos os meus sonhos?, são feitos de pequenos momentos, de pequenas coisas, da felicidade dos meus filhos e da P., de ajudar os meus amigos, de conhecer pessoas, de ter amigos, de ler muitos livros.
Jorge
PS:Imagem minha!
PS2:Desculpem lá a lamechice.... acontece!