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Afinal o referendo era para quê?

por Jorge Soares, em 13.07.15

tsipras.jpg

 

Imagem do El Mundo

 

A Europa e o mundo saudaram a valentia do governo grego na convocação do referendo e festejaram a vitória do "Não" como uma vitória da democracia e da luta contra a opressão de Merkl e da Alemanha ao povo grego. Passou uma semana e o resultado é que o governo de Tsipras acaba de aceitar um pacote de medidas que não só está baseado na austeridade como consegue ser mais duro que aquele que supostamente foi referendado.

 

Afinal o referendo era para quê? Qual seria mesmo a ideia de Tsipras ao convocar o referendo? É difícil de perceber qual a estratégia que tem tentado seguir o governo Grego ao gerir a crise, olhando para trás a sensação que fica é que não há mesmo uma estratégia e que Tsipras e os seus ministros tem tentado navegar ao sabor das marés sem ter um rumo ou um objectivo definido.

 

O Syriza chegou ao governo porque fez acreditar o povo Grego que teria uma estratégia diferente da que tinha sido aplicada no passado, que existiram outros caminhos para além da austeridade e que seriam esses os caminhos a aplicar... onde estão hoje essas vias alternativas?

 

As últimas noticias referem que Tsipras terá convocado eleições legislativas, isso implica que possivelmente serão outros a ter que aplicar as medidas agora negociadas por Tsipras e pelo Syriza e isso poderá explicar a pressa que tem a Europa em que as medidas sejam aprovadas (ainda esta semana) pelo parlamento grego.

 

Percebo que ante a falta de dinheiro não restassem muitas opções ao governo grego, mas sabendo isto, para que foi convocado o referendo? E o que ganhou o povo grego com o seu resultado?

 

Jorge Soares

publicado às 23:30

O que vai acontecer à Grécia? E à Europa?

por Jorge Soares, em 27.06.15

syriza.jpg

 

Imagem de aqui

 

Por estes dias o futuro da Grécia anda mais ou menos em bolandas no Ping Pong que teimam em jogar os senhores do Eurogrupo e os do governo grego liderado pelo Tsipras.

 

Num destes dias alguém me perguntava que tão importante poderia ser para Portugal e os portugueses o que por lá se decidir... fiquei a pensar e tive que admitir que tenho muita dificuldade em perceber.. os meus parcos conhecimentos de economia e finanças não chegam para tanto... 

 

A julgar pela montanha Russa em que tem andado as bolsas mundiais nos últimos dias,  sobem ou descem ao sabor do optimismo grego ou do pessimismo dos senhores da Europa, não é difícil perceber que pelo menos os juros da nossa dívida, e portanto o que temos a pagar agora e por muito tempo, são muito afectados por tudo isto.

 

Ao ouvir as noticias e os comentários de um e outro lado, o que me parece é que a corda só ainda não partiu porque nem o governo Grego nem a Europa querem ficar com o ónus da culpa de causarem a saída do primeiro país do Euro, e só isso tem mantido as negociações. 

 

O governo Grego do Tsipras e Varoufakis está amarrado às promessas eleitorais que levaram o Syriza ao poder e que os comprometem numa rotura com o passado e na luta contra a austeridade, a Europa está presa aos tratados e obrigações e evidentemente não pode entregar o dinheiro de que a Grécia tanto precisa sem que exista a garantia de que este irá ser utilizado de uma forma responsável.

 

Em Jogo estão neste momento pouco mais de sete mil milhões de Euros da última tranche do segundo resgate Grego, mas mesmo que cheguem a acordo e o dinheiro chegue à Grécia, a questão que se coloca é: O que irá acontecer a seguir?

 

Os juros da dívida Grega estão acima dos 10%, caso não se chegue a acordo, a Grécia terá que abandonar o Euro e criar uma moeda própria, mas o que fará a seguir? Onde irá arranjar financiamento para conseguir fazer ressurgir a sua economia?

 

Caso cheguem a acordo, este dinheiro fresco dará algum descanso  ao governo grego, mas o que farão a seguir? Com os juros tão altos terá de certeza que negociar um novo resgate, mas isso implicará voltar a negociar com estes mesmos senhores e novas condições e austeridade, como ficará o governo do Syriza na fotografia? Como encararão os gregos esse novo resgate?

 

Não se vislumbra uma saída fácil para a Grécia, nem para a Europa.. .e nada disto parece ser bom para o nosso futuro, há muito quem aposte que a seguir à Grécia se seguirá Portugal... apesar do bonito panorama que o nosso governo teima em pintar.

 

Jorge Soares

publicado às 10:00

O que já mudou na Grécia?

por Jorge Soares, em 02.02.15

Varoufakis.jpg

 

Imagem de aqui

 

Confesso, eu estava um pouco céptico sobre o que iria acontecer na Grécia no dia a seguir à eleição do Syriza, é muito difícil fazer omeletas sem ovos  e na Grécia os dois programas de ajuda e a insistência na austeridade, deixaram o país e o povo grego numa situação da que dificilmente conseguirão sair sozinhos.

 

O certo é que Alexis Tsipras parece que tem como lema não deixes para amanhã o que podes fazer já, logo na quarta feira, o dia a seguir a ser empossado como primeiro ministro, foram anunciadas as seguintes medidas:

 

-Aumento imediato do salário mínimo de 586 para  751 Euros, valor que tinha antes da austeridade

-Repor aos contratos colectivos.

-Devolver o emprego a 3500 funcionários públicos despedidos de forma ilegal

-Voltar a contratar as funcionárias da limpeza dos ministérios que tinham sido despedidas.

-Dar a nacionalidade Grega aos filhos dos imigrantes que nasceram na Grécia

-Fim do pagamento de um Euro por receita médica emitida.

-Fim das taxas moderadoras no acesso à saúde

-Devolver o acesso ao sistema nacional de saúde aos 3 milhões de gregos que tinham ficado de fora e que só tinham acesso às urgências

-Paralisar as diversas privatizações em curso.

 

Isto tudo foi só no primeiro dia, entretanto nega-se a negociar com a Troika, só aceita negociar com a Europa e já levou a que nos corredores da união Europeia se fale em que a Troika, pelo menos  na sua actual configuração, não continuará a existir.

 

É muito cedo para se tirarem conclusões, mas não há duvida que estes governantes gregos representam mesmo uma mudança na forma de governar e de enfrentar os problemas. Não será certamente fácil, mas parece-me que a primeira batalha está ganha, a Europa, não sei se toda a Europa, mas uma boa parte da Europa que manda e decide, já percebeu que o que se está a passar na Grécia é mesmo a sério e que estes governantes terão que ser levados muito a sério.

 

É evidente que há muita gente que não gosta do que se está a ver, governantes como Passos Coelho não gostam, primeiro porque tem medo que estes gregos mostrem que afinal e ao contrário do que temos ouvido desde há 4 anos para cá, poderá haver outros caminhos,.. e havendo outros caminhos que funcionem, quem insistiu de uma forma teimosa e cega nestes, irá sempre ficar mal na fotografia... 

 

Também não gostam porque se o Syriza tiver sucesso, vai haver muita gente que irá finalmente acreditar que afinal os políticos não são todos iguais e que pode haver entre quem nunca governou quem seja capaz de fazer melhor.... e isso pode ser um rastilho para que apareçam outros Syrizas noutros países.

 

O que mudou na Grécia? Não houve tempo para muito, mas parece-me que mudou principalmente a crença de que é possível bater o pé a quem se acha dono da Europa e que o destino dos povos não se traça nos gabinetes de organismos internacionais, traça-se na mesa das negociações e com a participação dos interessados.

 

Posso estar enganado, mas nada voltará a ser como antes, nem na Grécia nem na Europa, bem haja pelo povo grego que foi capaz de eleger outros

 

Jorge Soares

publicado às 22:32

tsipras.jpg

 

Imagem de aqui

 

Já é definitiva a vitória do Syriza nas eleições Gregas, ainda há algumas duvidas sobre se terá ou não a maioria absoluta, faltam-lhe dois deputados, mas  de uma coisa não restam duvidas, há um claro virar de página e um arrumar dos partidos  tradicionais que levaram o país ao descalabro económico.

 

O discurso de vitória de Alexis Tsipras foi muito claro, a Grécia vai deixar a austeridade para trás, mas havia mais promessas de ruptura com o passado recente e com as imposições da Troika, nomeadamente e entre outras coisas: contratar os funcionários públicos que foram despedidos, repor os cortes de salários e pensões, aumentar o valor do subsídio de desemprego e do salário mínimo nacional... para além da renegociação da dívida pública.

 

Resta saber se e como tudo isto será possível, apesar de que o governo actual garante que a Grécia saiu da crise, a realidade parece estar muito longe disso, com um programa de assistência que termina no fim de Fevereiro e uma dívida publica que apesar de já ter sido renegociada é superior a 150% do PIB, será muito difícil senão impossível que a Grécia por si só e sem a ajuda da Troika, consiga seguir em frente.

 

A saída do Euro foi deixada cair pelo Syriza durante a campanha eleitoral, ao manter-se dentro da moeda única há metas e medidas que obrigatoriamente tem que ser cumpridas e que de certeza impedirão que seja possível cumprir com a maioria das promessas eleitorais de Tsipras.

 

O novo governo grego terá sim ou sim que negociar com Bruxelas e os restantes parceiros da Troika,  desde o meu ponto de vista o primeiro a negociar são os valores e/ou os prazos de pagamento da enorme dívida pública, não há forma nenhuma de levar em frente o que foi prometido durante a campanha eleitoral e continuar a pagar juros e divida ... e isso vai ter que ser aceite pela Grécia e pela Troika, vão ter que haver cedências sim ou sim de parte a parte.

 

Existe claro a alternativa de simplesmente deixar de pagar, sair do Euro e tentar seguir em frente, mas como se consegue isso sem dinheiro? 

 

Esta vitória do Syriza criou uma enorme expectativa não só na Grécia mas também nos restantes países do Sul da Europa que vêem ali um exemplo a seguir, os próximos tempos dirão se é mesmo possível mudar  o rumo.

 

Eu espero que sim, para ver se de uma vez por todos poro cá também se passa a creditar que há mais vida para além de PS, PSD e CDS.

 

Jorge Soares

publicado às 23:16

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Imagem do El País

 

Os senhores ali da fotografia são Alexis Tsipras e Pablo Iglesias, lideres respectivamente do Syriza, que a julgar pelas sondagens deverá ser o partido vencedor nas eleições gregas que se realizam no próximo Domingo e do Podemos, partido espanhol que tem liderado algumas sondagens.

 

Ambos os partidos se posicionam na extrema esquerda e ambos baseiam as suas propostas no fim da austeridade e numa mudança das relações dos seus países com a Europa, sendo que o Syriza à medida que foi subindo nas intenções de voto foi moderando as suas propostas, a saída da Grécia do Euro foi uma das promessas que caiu.. ainda que haja quem pense que esta hipótese voltará logo que se conheçam os resultados das eleições.

 

Podemos começou por ser um partido com ligações umbilicais a Chavez e ao comunismo Bolivariano da Venezuela, terá sido da América do sul de onde veio nos últimos anos a maior parte do financiamento, tal como o Syriza, à medida que foram subindo nas intenções de voto, foram mudando a agulha e distanciando-se das ideologias e soluções económicas de Chavez e do seu herdeiro Nicolás Maduro....  neste momento já há quem desde Caracas lhes chame traidores por renegarem quem lhes deu a mão e os fez crescer.

 

Acho que não restam dúvidas sobre a vitória do Syriza no próximo Domingo, o que acontecerá a seguir e a forma como evoluir a situação na Grécia marcará de certeza o futuro da Europa e acredito que terá muitíssima influência no futuro do Podemos.

 

As eleições espanholas estão previstas para Novembro, a situação politica e social na Espanha tem pouco que ver com a da Grécia, eu tenho sérias dúvidas que Pablo Iglésias e o seu partido venham a ter nas urnas a expressão que parecem ter nas sondagens,.. a mudança do discurso a nível económico que operaram nos últimos meses. A ligação ao chavismo e a situação actual na Venezuela e até alguns podres dos lideres e do seu entorno que entretanto foram aparecendo, vão de certeza fazer os espanhóis ponderar muito bem na hora de votar. Do meu ponto de vista o futuro do Podemos estará mais perto do  do Bloco de esquerda português do que do Syriza Grego... mas a minha opinião vale o que vale.

 

Uma vitória do Syriza e uma transição pacifica na Grécia seriam de certeza muito bem aproveitadas pelo Podemos, resta saber se essa transição pacífica é possível, se Alexis Tsipras se vai limitar ao que foi prometendo na campanha eleitoral ou se haverá realmente uma agenda secreta que inclui a saída do Euro..... 

 

A vitória destes dois partidos nos seus países traria de certeza uma enorme mudança no panorama político europeu, mas estarão os europeus preparados para mudar assim tanto?

 

Jorge Soares

 

 

 

publicado às 23:10


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