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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Não tenho nada contra Espanha ou os Espanhois, aliás, basta ver que é normalmente o meu destino de férias no Verão, acho que nuestros hermanos são um povo muito mais terra a terra que nós, que vivem de uma forma muito mais intensa as suas cidades e as suas tradições, muito senhores de si e da sua cultura.
Nós valorizamos muito menos o que é nosso e temos uma enorme tendência a copiar, muitas coisas, até algumas que não lembram nem ao menino jesus... e dito isto, faço minhas as palavras do Shark, no Charquinho
"Cada um de nós vive em função da conjuntura, da personalidade, da formação pessoal, de uma série de factores que nos distinguem por dentro e por fora, a influência do exterior que nos educa e acaba por nos encaminhar para determinada forma de estar que encaixa ou não nos valores que subscrevemos.
Essa diferença que nos torna únicos não impede que exista uma interacção, o apelo social irresistível que lima as arestas ou fornece os pretextos para ultrapassarmos aquilo que nos distingue e pode, pelo conflito de interesses ou mera incompatibilidade de vivências ou de características, afastar.
Por vezes as tais diferenças podem tornar-se obstáculos incontornáveis, quando o comportamento dos outros colide de forma frontal com a escala de valores que abraçamos. O conflito pode (embora não deva) nascer dos termos em que manifestamos a nossa opinião, esse exercício de liberdade de que podemos usufruir enquanto estiverem salvaguardados os seus limites mais ou menos consensuais.
Por isso confesso que estou a fazer um esforço para reprimir a expressão linear do repúdio que uma das notícias para encher chouriço de uma televisão qualquer me provocou, tentando moderar as emoções que as palavras deveriam transmitir.
Em causa está uma iniciativa levada a cabo em Braga, nomeadamente uma tomatada que um grupo de cerca de mil pessoas entendeu copiar dos espanhóis.
Durante dois ou três minutos vi no ecrã a forma como largas centenas de pessoas investiram a sua energia, o seu tempo e recursos, toneladas de comida, que poderiam salvar vidas noutro lugar qualquer. Mais de mil pessoas, numa praça, divertidas a arremessarem comida umas às outras apenas porque lhes deu para aí e não para encherem contentores com os seus projécteis improvisados e tratarem de os fazer chegar às bocas de outras pessoas que, neste mesmo país, jamais se divertiriam daquela forma por não terem com o quê. Nem força anímica para o conseguirem.
Podia agora dissertar uma moral qualquer, a minha, acerca do que está implícito de hostil na brincadeira tão pueril daquela gente minhota.
Mas prefiro entregar a ti que lês este texto a conclusão que a tua visão das coisas, a tua escolha, entenda extrair.
Já disse o que precisava de dizer."
Há tantas coisas de jeito que podiamos copiar da Espanha, porque escolher logo uma destas?
Jorge Soares