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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
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Confesso que não era dos que acreditava que fosse possível estar a acontecer o que está a acontecer com Sócrates, não porque ache que o homem seja um santo, mas porque vendo o que aconteceu em casos como o do BPN, o da compra dos submarinos (na Alemanha há pessoas condenadas por corrupção) e mais recentemente no BES, tinha sérias dúvidas na eficácia da nossa justiça quando se trata de pessoas importantes e poderosas.
A julgar pelo que aconteceu nas duas últimas semanas, parece que a maré está a virar, primeiro foi o caso dos vistos Gold em que caíram vários altos funcionários do estado e agora foi este caso do Sócrates. Esperemos que muitos outros casos se sigam, que não haja impunidade e que sejam julgados e condenados todos os que de uma ou outra forma estiveram no estado n para servir o país mas para se servir a si próprios.
Com o que não consigo concordar é com o autentico circo mediático que se montou à volta de tudo isto. Não se sabe bem como mas havia uma cadeia de televisão presente no momento da detenção, na manhã seguinte, já havia jornais que sabe-se lá como, tinham tido acesso a elementos do processo que deviam estar em segredo de justiça. Chegou-se ao cúmulo de entre os nomes dos detidos haver o de uma pessoa que nada tinha a ver com o assunto, o suposto administrador de uma empresa farmacêutica, era afinal o motorista de José Sócrates.
É evidente que com todo este barulho e com tantas certezas, há muita gente feliz e a festejar como se o processo já tivesse decorrido e o homem tivesse sido condenado, quando afinal a procissão ainda nem saiu do adro e isto nem começou... é incrível como há muitíssima gente, a começar por muitos jornalistas que desde a porta da garagem do tribunal ou das cadeiras das redacções, parece que já julgou e condenou.
Sou dos que acham que não pode haver impunidade, a justiça deve ser igual para todos, mas para além de fazer feliz a todos os que odeiam Sócrates, de que serve tudo isto? Ninguém é culpado antes do julgamento e por muitas certezas que tenham alguns e algumas jornalistas, das duas uma, ou tudo isto não passa de boatos para enganar o pagode, ou há muita gente que faz tábua rasa da lei e que acha que o segredo de justiça é só para inglês ver.
A justiça tem que funcionar, tem que ser justa e igual para todos, mas não pode ser um circo mediático nem se pode fazer em directo no horário nobre da televisão... e há jornalistas que deviam ter vergonha.
Por certo, alguém sabe o estado do caso dos vistos gold?
Jorge Soares
O termo apareceu-me hoje a meio da tarde via email, uma mãe contava o seguinte:
"Aguardamos apenas que o tribunal informe a conservatória para o podermos fazer. E é neste "apenas" que reside a questão: ando há semanas a ligar para a conservatória indicada pelo tribunal a perguntar se já receberam a nossa informação e, até há pouco quando fiz o último contacto, nada. Já fomos pessoalmente ao tribunal por duas vezes perguntar quando fariam a comunicação à conservatória - fomos informados que seria o mais breve possível que "davam prioridade a estes casos, vá ligando para a conservatória a perguntar" e que no máximo na semana seguinte deveria estar tudo tratado. Não está. Infelizmente, em relação ao atraso do tribunal, não há aqui nada de surpreendente. Acabamos por nos habituar. Agora o que me tem custado muito a engolir é a arrogância, a deselegância e mesmo a forma desagradável com que me atendem da conservatória. Tenho ligado uma vez por semana. Verificam que não têm a informação e invariavelmente sugerem-me, com maus modos, que ligue para a conservatória do assento de nascimento ou que vá perguntar ao tribunal. Hoje o argumento foi "porque estou a ver que a senhora está com muita pressa em tirar os documentos", seguido de "e porque é que está a ligar para aqui? Sabe quantas conservatórias há nesta zona?"
Ao testemunho desta mãe seguiram-se outros mais ou menos nos mesmo termos e a Rita, que já passou pelo mesmo, terminou o seu comentário com:
Vai chegar, embora demore os ´tuga timings!!!
Percebo a ideia da Rita, os "tuga timing" é a medida normal para a demora dos processos burocráticos neste país, aqueles que ninguém sabe bem quanto tempo demoram, tanto podem demorar uma semana como 3 ou 4 meses, também ninguém consegue explicar porque é que demora tanto, mas lá está, como sugere a Rita, mais tarde ou mais cedo termina por acontecer.
O mais estranho é que pelo que percebi dos vários testemunhos, podem ou não ser abreviados, tudo depende da nossa capacidade de chatearmos os funcionários na medida certa sem que eles se chateiem connosco, da nossa capacidade de pedinchar, do bom ou mau humor de quem nos atende naquele dia e sobretudo, da nossa capacidade de arranjarmos forma de alguém naquele dia fazer o jeitinho de procurar saber o que se passa com os documentos... que podem estar perdidos no tribunal, na repartição na que estamos ou noutro sitio qualquer.
A verdade é que já estamos todos resignados aos "tuga timings", mas não devíamos, não há motivo nenhum para que após uma sentença em tribunal os documentos não estejam de imediato ao dispor dos pais para que possam registar os seus filhos, se basta um papel do hospital para registar um bebé, porque é que não basta um papel do tribunal para registar um filho adoptado?
Quanto tempo demora a digitalizar uma sentença e enviar por email para uma conservatória? E porque é que estas coisas não tem um prazo máximo para estarem prontas? Se calhar tem, mas é em "tuga Timing"...
Tenho um colega que há coisa de um ano teve de renovar a carta de condução, está desde então à espera que ela chegue, tem um papel que vai carimbando que diz que pode conduzir, mas ninguém lhe sabe explicar quando chegará a carta... lá está tuga timings.... Já repararam que se pedirmos um cartão de crédito os bancos não demoram mais que dois ou três dias na entrega?... como é que imprimir uma carta de condução demora mais de um ano? "Tuga Timings"
Depois perguntamos-nos como é que este país não passa de um atraso de vida.
Jorge Soares
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Nem sei como pegar no assunto, a noticia do dia é que em Resende há um galo que ou compra um despertador para saber a hora em que deve cantar, ou se continua a levantar cedo e a acordar a vizinhança, ainda vai parar ao tribunal... ou pior, à panela.
Segundo a noticia da SIC, em Resende há muitos galos, mas há um que pelos vistos incomoda mais que os outros e vai de aí, há quem tenha ido falar com o seu advogado e com a GNR para que se cale o bico ao bicho.
Segundo o Jornal de noticias, os supostos queixosos vivem a 200 metros do galinheiro, ou o galo tem mesmo um grande bico e muito bons pulmões, ou há pessoas com as casas muito mal insonorizadas e o sono mesmo muito leve....
Imagino que por trás de tudo isto estarão (más) relações de vizinhança, segundo a dona do galo ainda falta um tempo para este ir parar à panela, pelo que imagino que haverá mais um caso parvo a entupir os tribunais deste país... gostava de ver a cara do juiz quando o processo lhe aparecer à frente...
Aposto que há milhares de sinos pelo país fora que fazem muito mais barulho que qualquer galo... e na maior parte dos casos estes cantam a noite toda de quarto em quarto de hora... era giro que mandassem a GNR a cada uma das igrejas... .. ou uma carta de aviso.. ao papa
.
Eu tenho uma sugestão para poupar uns cobres ao estado, alguém ponha um preço ao galo e quem se queixa que o compre... depois pode sempre oferecer uma canja aos pobres....
Alguém arranje um advogado ao galo... um com sentido de humor.
Jorge Soares
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Podia ser uma noticia de 1º de Abril, uma daquelas brincadeiras que os jornais costumam fazer para enganar a malta, mas não é. A frase acima faz mesmo parte do acórdão que três juizes do tribunal da relação do Porto escreveram. Neste acordão uma empresa de Oliveira de Azeméis é obrigada a reintegrar um trabalhador que após um acidente com um camião de recolha do lixo, foi apanhado com 2.3 gramas de álcool no sangue. Note-se que já é a segunda instância e em ambos os casos se pede a reintegração do trabalhador.
Tudo começou no dia dos namorados do ano passado, numa qualquer curva da estrada, o camião do lixo tumbou para berma, o condutor acusou 1,79 e o acompanhante, que é quem deve ser reintegrado ao trabalho, acusou 2,3 gramas por litro. Acho que não restam dúvidas para ninguém que estavam ambos alcoolizados enquanto trabalhavam.
Os juízes invocam que nas normas da empresa não há nada que diga que não se pode trabalhar alcoolizado e por isso o trabalhador não pode ser despedido. A empresa diz que o trabalhador “Incorreu de forma culposa em gravíssima violação das normas de higiene e segurança no trabalho”
Não sou advogado e portanto não vou discutir aqui o espírito da lei, mas há coisas que me fazem confusão. Imaginemos por mero acaso que o senhor alcoolizado como estava, atingia um transeunte ou um carro (ou um dos juízes) com alguma peça de lixo, será que a interpretação da lei seria a mesma?
Percebo que se leve a lei à letra, o que já não entendo é para que foram necessários por partes dos juízes os comentários que até podem ser lidos como incentivo ao consumo de álcool durante o trabalho, era mesmo necessário escrever na sentença:
“Vamos convir que o trabalho não é agradável”, observam ainda os desembargadores Eduardo Petersen Silva, Frias Rodrigues e Paula Ferreira Roberto. “Note-se que, com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões, e por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos”.
É claro que “Não há nenhuma exigência especial que faça com que o trabalho não possa ser realizado com o trabalhador a pensar no que quiser, com ar mais satisfeito ou carrancudo, mais lúcido ou, pelo contrário, um pouco tonto”, mas também duvido que exista alguma lei que aconselhe o trabalhador a enfrascar-se de modo a levar o trabalho com mais alegria... seja o trabalhador um juiz ou de uma empresa da recolha do lixo.
Anda o país a gastar rios de dinheiro em campanhas de sensibilização para diminuir o consumo de álcool e depois lemos coisas destas. Sinceramente não havia necessidade.
Jorge Soares
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No Jornal diz "Tribunal protege a vida de Beatriz e do seu filho" Beatriz é uma jovem mulher de El Salvador, está grávida de 24 semanas, tem uma doença auto-imune chamada lúpus que lhe está a causar graves problemas renais e que põe a sua vida em risco. Tem também pré-eclampsia, uma doença que pode surgir durante a gravidez ou logo após o parto e que se caracteriza por hipertensão, retenção de líquidos e ainda um excesso de proteínas eliminadas pela urina.
Afectado pela doença de Beatriz, o feto desenvolveu-se sem uma parte do cérebro e portanto na melhor das hipóteses sobrevirá umas horas após o nascimento, isto se Beatriz cujo estado de saúde se deteriora dia após dia, conseguir sobreviver até ao momento do nascimento.
No El Salvador o aborto é completamente proibido, mesmo o aborto terapêutico nos casos em que está em perigo a vida da mulher.
Levado o caso até ao tribunal supremo, este proibiu o aborto, o que na prática não é mais que uma condenação de Beatriz à morte, dada a pouca probabilidade que com o seu debilitado estado de saúde ela consiga sobreviver até ao momento do parto.
É nestas alturas e perante casos como este que me pergunto que sentido faz tudo isto? Percebo que exista quem em nome princípios morais e/ou religiosos seja contra o aborto e contra o livre arbítrio das mulheres sobre o que devem ou não fazer com o seu corpo, não partilho desses princípios mas tento entender e respeitar... mas que sentido faz colocar em causa a vida de uma jovem de 22 anos quando não há a menor hipótese de salvar o filho que ela leva no ventre? Para que sacrificar duas vidas quando se pode salvar uma?
Qual é o preceito moral ou religioso que explica que Beatriz tenha que morrer só porque algumas pessoas não abdicam dos seus princípios?
A maioria das pessoas que é contra o aborto fala de salvar vidas, qual é a vida que se salva neste caso?
As últimas noticias falam de uma esperança para Beatriz, uma ministra salvadorenha encontrou um artifício que permitirá fazer um aborto com outro nome, mas no caso que ela venha a morrer entretanto, alguém acredita que a sua morte seja em nome de deus? A sério alguém acredita que existe um deus que prefere que morram dois seres em lugar de salvar um? Qual deus?
Jorge Soares
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De certeza que na Austrália não conhecem o nosso ditado popular "Trabalho é trabalho conhaque é conhaque". O caso é relativamente simples. Durante uma viagem profissional, uma funcionária pública australiana conheceu um senhor, uma coisa levou à outra e terminaram numa cama de hotel.
Durante a relação sexual, que não sabemos se terá sido muito ou pouco atribulada, um candeeiro desprendeu-se da parede e feriu a senhora que para além das marcas físicas, ficou com graves sequelas emocionais que a tem mantido afastada do trabalho.
Como a coisa se deu durante uma viagem profissional, a senhora alega que os ferimentos físicos e emocionais são produto de um acidente de trabalho, isto apesar de não constar que a senhora fosse uma trabalhadora sexual. Como tal, todos os custos decorrentes do mesmo, incluindo as faltas ao emprego, deverão ser pagos pelo seguro da entidade empregadora, neste caso o estado Australiano.
Levado o assunto ao tribunal, um juiz acaba de decretar que sim senhor, há lugar aos pagamentos, porque independentemente do lugar e das circunstâncias do lamentável (ou não ) acidente, este se deu durante uma viagem profissional.
Pensando bem, imaginemos que o candeeiro lhe tinha caido encima quando ela estava simplesmente a dormir sozinha na cama do hotel.. seria ou não acidente de trabalho?.... ou que ela tinha escorregado ao entrar no hotel e tinha partido uma perna?.. a diferença é ela não estar sozinha na cama?
Trabalho é trabalho,.. neste caso, sexo é trabalho!
Jorge Soares
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Já o tinha dito aqui, mas vou-me repetir, não vou muito à bola com o Rui Rio, não só porque não partilho as suas ideias e politicas, como não gosto da pessoa em si, acho-o arrogante ... Não tenho uma ideia clara sobre os resultados da sua governação à frente da câmara do Porto, muito mal não deve ser porque o senhor foi reeleito mesmo tendo escolhido como um dos seus ódios de estimação a maior instituição da cidade, o Futebol Clube do Porto.
De certo que se lembram da imagem acima que apareceu num guia de restauração do Porto, hoje o caso chegou a tribunal, estamos em Agosto, mês de férias judiciais, achava eu que nesta altura só os casos verdadeiramente urgentes iam a tribunal, pelos vistos, ou eu estou errado ou, alguém considerou este um caso verdadeiramente urgente... vá lá a gente perceber estas coisas.
Urgente eu não sei se será, mas a julgar pela notícia do Público, ridículo e absurdo é de certeza absoluta. Todos nós olhamos ali para a fotografia e entendemos "Rui Rio és um Filho da Puta", resulta que o autor da gracinha alega que não senhor, que o que ele queria escrever quando manipulou a imagem era: "Rui Rio és um fanático dos popós".
Sobre a imaginação do senhor estamos conversados, ele acha que somos todos parvos e que a coisa vai pegar, mas o triste da noticia não é isso, o verdadeiramente triste é lermos que pelos vistos para o tribunal a coisa pegou e que entre as perguntas que a juíza fez a Rui Rios se encontram coisas como: se o autarca sabe que «há gente que o apelida de fanático dos popós», se tem «uma paixão profunda por automóveis» e se «apadrinha o circuito da Boavista».
Isto é mesmo a sério? É para estas coisas que servem os tribunais? Com tantos casos que se arrastam na justiça durante anos, com tantos casos a prescrever porque os tribunais não conseguem dar vazão a tanto trabalho acumulado, há juízes que vão para tribunal dar credibilidade a senhores que manipulam imagens e fazer perguntas destas?
É esta a verdadeira imagem da nossa justiça? Tudo isto é completamente ridiculo e vergonhoso.
Jorge Soares
Imagem do Público
Aconteceu com os Precários Inflexiveis, mas podia acontecer comigo, porque também eu já aqui deixei patente a minha insatisfação com algumas empresas e serviços deste país.
Alguém enviou um mail a contar uma situação real com uma empresa (Axes Market), o mail é publicado num blog e na sequência há largas dezenas de pessoas que decidem dizer que já passaram pelo mesmo e que relatam um conjunto de situações no mínimo duvidosas. O que faz empresa em questão?, emite um comunicado a desmentir o que foi relatado?, processa as pessoas que estão a denegrir o seu nome?
Não, a empresa que entretanto em poucos dias mudou de nome (Ambição Internacional Marketing) coloca uma providência cautelar para que os comentários sejam retirados do blog... note-se, a empresa em questão nunca exerceu qualquer direito de resposta, nunca desmentiu o que ali era contado, nem no post nem nos comentários, não processou quem colocou o post ou os comentários, eles simplesmente optaram pelo mais fácil, se não podes contrariar a mensagem, mata o mensageiro.
O tribunal invocou o direito a manter o bom nome da empresa, decidiu que os donos do blog deveriam apagar todos os mais de 350 comentários que entretanto foram aparecendo. Apesar de reconhecer o “direito fundamental de liberdade de expressão e informação, cujo exercício não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura”, o tribunal sustenta que “tal direito de informação e crítica não é ilimitado”, na medida em que colide com o direito que os visados têm “a ver respeitada a sua honra”
Ou seja, o tribunal decidiu que vale mais o direito da empresa a manter a sua honra que o direito que temos todos a relatar factos e acções praticados por esta, mesmo que estas acções violem leis e direitos.
Então e no meio disto tudo, quem defende os direitos de quem se sente enganado e até burlado pela empresa?
Como eu não acho que a liberdade de expressão é uma treta, aqui vão alguns dos comentários que foram deixados no post:
"Eu fui lá ontem,e achei que a empresa era séria,agora chama-se International Marketing Lda e encontra-se na Rua dos Fanqueiros Nº277 2ºesq,chamaram-me para ir lá hoje passar o dia e não sei o que fazer, sei que disseram-me o mesmo que vós disseram, mas não parece que estejam a enganar. mas hoje vou tirar isso a limpo com a Ana Santos"
"Boa tarde,
Fui a primeira entrevista ontem na rua dos fanqueiros e confirmo tudo o que está aqui, uma espanhola a falar a mil, fui "selecionado" para passar um dia com eles na segunda-feira, podem me explicar em que consiste o trabalho??"
"É para vendas porta-a-porta ou "peditórios", conforme a campanha com que estejam actualmente. É 100% à comissão, logo não tens direito a nenhum subsídio, ou seja, pagas a tua alimentação, roupa (que tem que ser formal!) e deslocações para o "escritório", e daí para o local para onde te enviem. Espera-se que trabalhes 12h/dia, de segunda a sábado.
Ah, e quando te vais embora não te pagam sequer as comissões das vendas que fizeste, que foi o que me aconteceu a mim."
"Olá a todos. Obrigada pelos vosso comentários. Recebi um mail de resposta à candidatura para o INTERNATIONAL MARKETING LDA, mas achei estranho a forma como estava redigido, centrando-se muito na "sorte" que se teve ao ser-se um dos escolhidos entre muitos. Também achei estranho o facto de termos de ser nós a telefonar-lhes e não oposto. Fui procurar na net informação sobre a empresa e não encontrei nada, deparei-me apenas com os vossos testemunhos.
Isto assusta-me muito. na realidade já existem empregos em que o patrão se aproveita do trabalhador perante a garantia do seu desespero em manter-se empregado. Questiono-me se não nos fizermos respeitar onde é que as injustiças laborais vão parar. O esquema dessa empresa parece-me um futuro negro que se pode multiplicar e tornar a realidade. Obrigada a todos."
"Só queria dizer, que fui a essa BF Group, e também passei o dia das 10h as 19h, com eles porta-a-porta, e rejeitei o que eles me pediam. Tou desempregado, mas hj vi um anuncio de emprego para essa international markting portugal, e obrigado pelos vossos testemunhos, mas assim ja n vou la fazer nada....."
Jorge Soares
São sete e pouco da manhã
Viajo de metro para o trabalho
Fi-lo ontem, falo-ei amanhã
Só sou aquilo que valho
Os comboios já vão cheios
Muitos se levantam cedo
Nas mulheres aprecio os seios
Mas têm outro enredo
Acreditem ou não, os versos acima foram declamados num tribunal, e não, não era o mau poeta quem estava a ser julgado.. aliás, de quem estava a ser julgado, não reza a história, a não ser pelo facto de ter estado presente numa das audiências mais bizarras da justiça Portuguesa.
Segundo a noticia do Público, a audiência começou atrasada 20 minutos, foi esse o atraso do Procurador, nada de muito anormal no nosso país onde tudo começa mais ou menos uma hora depois do previsto. Cada vez mais somos um país de atrasados e tornamos tudo um atraso de vida.. mas isto já sou eu a divagar.
O senhor chegou atrasado e como bom Português tratou de se desculpar, a culpa nunca é nossa, é sempre de algo ou alguém, neste caso seria ...um “lapso evidente e único com o seu despertador”, começou. Costuma sempre pô-lo a despertar “às 07h00 horas da manhã ou até antes”. Mas, naquele dia, “na maior das certezas e excepcionalmente, sem que alguma vez lhe ocorra ter acontecido, o relógio não despertou”.
A coisa podia ter ficado por aqui, mas não, explicação continuou com a descrição do resto da manhã, até que chegou à parte em que ele diz que tinha aproveitado a viagem do metro para escrever uma quadras..e decide declamar as mesmas em pleno tribunal.
Viajam brancos e pretos
Nacionais e estrangeiros
Alguns vivem em “guetos”
Outros em lugares foleiros
(...)
Entram uns, saem outros
É o frenesim da manhã
Levam-se alguns encontrões
Levo eu, e mulher minha.
No fim de tão insólita explicação, a juíza mandou extrair certidão para efeitos disciplinares.. isto depois de ter abandonado a sala duas vezes enquanto o senhor se explicava, por se sentir indisposta. Está visto que ou a senhora não tem sentido de humor, ou leva o papel de critica poética muito a sério
Do resto da audiência não reza a história.... mas resta dizer que o senhor tem 59 anos... e não estivéssemos nós a meio de Outubro, eu diria que isto é uma daquelas noticias do 1º de Abril.... mesmo assim... amanhã vou ver o Público de fio a pavio, porque de certeza que algures num recanto do jornal vai aparecer um pedido de desculpa e uma explicação qualquer para o facto de uma noticia de 1º de Abril ter aparecido em Outubro... Só pode.
Jorge Soares
Desde que me lembro que me habituei a falar de Kioto, uma cidade japonesa onde há muito tempo se escreveu um protocolo que pretendia lançar uma serie de medidas que iriam fazer com que o mundo em que irão viver os nossos filhos e netos fosse um mundo melhor. A maior parte dessas medidas nunca saíram do papel porque o protocolo nunca foi rectificado pelas principais economias, entendeu-se que tomar medidas para defender um mundo melhor seria penalizador para as empresas (poluentes e pouco eficazes) desses países e o verde do dinheiro foi mais importante que o verde da natureza.
Por estes dias discute-se em Bruxelas um novo protocolo, há quem tenha esperanças de um resultado diferente,.... ver para crer, que a cor do dinheiro que impera na economia mundial, continua a ser o mesmo verde.
Entretanto por cá, e à semelhança do que havia acontecido com o a cimenteira da Arrábida em Setúbal, segundo esta noticia do Público o tribunal deu luz verde para a co-incineração de resíduos perigosos na cimenteira de Souselas, perto de Coimbra. Neste como em muitos outros temas, recuso-me a ir a favor do vento, acho que na actualidade a única solução sustentável para os resíduos é mesmo a incineração, (seja ela co ou não) que é feita em unidades preparadas e controladas. A maioria das pessoas com quem falo é contra, mas quando lhes pergunto qual é a alternativa que apresentam, o uníco que ouço é que os resíduos devem ser enviados para outro lado qualquer, de preferência para outro país, depois o que fazem com eles lá, já não importa.
Enviar os resíduos para outro lado qualquer não é resolver o problema, é simplesmente passar a bola para outros, não resolve nada, simplesmente tira o lixo de debaixo do nosso nariz.. pelo menos enquanto a pilha que o vizinho acumula não é mais alta que o muro e não transborda de novo para o nosso lado.
A tecnologia actual não permite que a maioria dos resíduos de que falamos sejam tratados de uma forma eficaz, quanto a mim é melhor que estes sejam queimados a que sejam colocados em aterros clandestinos onde mais tarde ou mais cedo se converterão num veneno que pouco a pouco irá matar tudo o que está à volta, incluindo-nos a nós.
Sei que a maioria das pessoas não está de acordo comigo e que não sou dono da verdade, mas se alguém acha que existe uma solução melhor, uma solução que não seja enviar para o quintal do vizinho, gostaria de ser esclarecido.
Jorge Soares