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Criança triste.. vidas roubadas

 

Hoje, nos meus habituais 45 minutos de paz e sossego na volta para casa, ouvi na Antena 1 o programa Dias do Avesso, Isabel Stilwel e Eduardo Sá falavam do Martim e da sua Mãe.

 

Nem sempre concordo com o Eduardo Sá, mas hoje a maneira como abordou o assunto fez-me lembrar uma discussão que tive há um ou dois anos atrás no grupo de mail Nós adoptamos. Na altura discutíamos o facto de a segurança social demorar muitas vezes anos a decidir os processos dos candidatos à adopção, porcessos que por lei devem demorar no máximo 6 meses, ou o facto de demorarem anos a decidir os projectos de vida das crianças quando a lei estipula que no máximo deve demorar um ano.

 

Muitas vezes as crianças são retiradas às famílias e colocadas no centros de acolhimento de emergência, a lei diz que elas só devem lá estar no máximo 6 meses, mas na verdade elas ficam por tempo indefinido, porque os processos arrastam-se nos tribunais. Na altura e ante mais um destes casos, eu questionava o grupo se não seria possível alguém processar o estado porque este não cumpre as suas próprias leis. O estado não é pessoa de bem, o estado não cumpre, logo deveria haver maneira de alguém o fazer pagar por isso.

 

No programa de rádio, o Eduardo Sá questionava precisamente o mesmo que eu, independentemente da razão ou não da mãe da criança, porque é que o estado tinha demorado quase 3 anos a decidir sobre o futuro desta criança?

 

Porque é que se a lei fala em no máximo um ano, os tribunais arrastam estas questões durante anos e anos e roubam anos de vida e de felicidade às crianças? Muitas vezes estas situações arrastam-se durante 4, 5 ou 6 anos, quando finalmente decidem que a criança vai para adopção, ela tem 6 ou 7 anos e dificilmente se encontra alguém disposto a a adoptar, não é o estado culpado de ter roubado a vida a estas crianças?

 

Como dizia o Eduardo Sá e muito bem, todos ouvimos os deputados a pedir a destituição do governador do Banco de Portugal porque não supervisionou como deve ser o BPN, será que nenhum desses deputados se preocupa pela falta de supervisão do trabalho da segurança social e pelo roubo continuo e constante da vida de tantas crianças?

 

Na altura as juristas e advogadas do grupo disseram-me que sim, que haveria essa possibilidade, mas que dificilmente algum advogado aceitaria um caso desses, ninguém enfrenta o estado, mesmo quando queremos defender a vida e a felicidade das crianças esquecidas pelo estado.

 

Eu sei que sou lírico, mas custa-me a aceitar esta resposta, não há por aí nenhum advogado que queira ficar famoso e pro bono, enfrentar o estado e obrigar a que este deixe de roubar a vida das nossas crianças?

 

Sim, eu sei...sou mesmo lírico!

 

Jorge Soares

publicado às 22:04

Já tenho idade para deixar de ser inocente

por Jorge Soares, em 29.07.08

Eu Quixote

Imagem retirada da internet

 

Já alguma vez tiveram um momento na vida em que estão a fazer algo ou a tomar uma atitude em que sabem que estão a fazer o correcto, o que deve ser, mas olham à vossa volta e sentem que o resto do mundo olha para vocês como se estivessem a fazer algo de muito errado?
 
De vez em quando dou por mim a sentir isso, é como se de repente o sentido do bem e do mal, do que deve ou não ser, simplesmente se desvanece. Nessas alturas dou por mim a pensar que o mundo não pode estar errado, que de certeza absoluta sou eu que estou errado.... e confesso que fico na duvida.
 
Hoje isso aconteceu de novo, e de novo eu tenho a certeza absoluta que tomei a  atitude certa, sei que fiz o que devia fazer.... mas parece que só eu vejo isso.
 
Parece que o não nos chatearmos, o termos medo das retaliações, o termos medo do que dirão ou farão, são mais fortes que o que deve ser......  e nestas alturas eu sinto que realmente ou sou muito inocente e lírico... ou estou a mais neste mundo... porque realmente eu não consigo ser de outra maneira.
 
Costumo dizer que prefiro ser assim, que prefiro sentir-me bem comigo mesmo que ser hipócrita, mas a realidade é que isto farta. Ser prejudicado no emprego porque chamamos as coisas pelo nome, sentir que as pessoas não me entendem e acham que eu tenho mau feitio quando só estou a ser sincero e digo as coisas que elas não gostam de ouvir, ... com o tempo isto cansa.. e com o tempo, termino a pensar..será que não é mesmo verdade e sou eu que estou errado? Será que ser sempre sincero é o mais certo?, será que fazer sempre o que deve ser, o legal, não entrar  ou não ser conivente com esquemas é o que está certo?...
 
Já tenho idade para deixar de ser inocente, mas será que há uma idade para deixar de acreditar que devemos seguir o caminho recto e para não fazer as coisas só para não nos chatearmos?
 
Não sei, juro que hoje não sei... e sim, tudo isto tem a ver com o ultimo post.
 
Jorge

publicado às 23:21


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