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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do El Mundo
A Europa e o mundo saudaram a valentia do governo grego na convocação do referendo e festejaram a vitória do "Não" como uma vitória da democracia e da luta contra a opressão de Merkl e da Alemanha ao povo grego. Passou uma semana e o resultado é que o governo de Tsipras acaba de aceitar um pacote de medidas que não só está baseado na austeridade como consegue ser mais duro que aquele que supostamente foi referendado.
Afinal o referendo era para quê? Qual seria mesmo a ideia de Tsipras ao convocar o referendo? É difícil de perceber qual a estratégia que tem tentado seguir o governo Grego ao gerir a crise, olhando para trás a sensação que fica é que não há mesmo uma estratégia e que Tsipras e os seus ministros tem tentado navegar ao sabor das marés sem ter um rumo ou um objectivo definido.
O Syriza chegou ao governo porque fez acreditar o povo Grego que teria uma estratégia diferente da que tinha sido aplicada no passado, que existiram outros caminhos para além da austeridade e que seriam esses os caminhos a aplicar... onde estão hoje essas vias alternativas?
As últimas noticias referem que Tsipras terá convocado eleições legislativas, isso implica que possivelmente serão outros a ter que aplicar as medidas agora negociadas por Tsipras e pelo Syriza e isso poderá explicar a pressa que tem a Europa em que as medidas sejam aprovadas (ainda esta semana) pelo parlamento grego.
Percebo que ante a falta de dinheiro não restassem muitas opções ao governo grego, mas sabendo isto, para que foi convocado o referendo? E o que ganhou o povo grego com o seu resultado?
Jorge Soares
Imagem do Público
Há imagens que valem por mil palavras, hoje vimos muitas imagens de filas nos multibancos ou de pessoas idosas às portas dos bancos, mas a mim a imagem que mais me marcou foi esta das bombas de gasolina encerradas.
Para quem nunca passou por uma situação como a que está a enfrentar a Grécia por estes dias, é difícil de entender do que estamos a falar, porque quem sempre deu tudo por garantido não consegue perceber que há coisas que não estão assim tão garantidas .... Na Grécia o dinheiro do estado acabou e isso traduz-se em coisas tão simples como esta, sem divisas não dinheiro para as importações e por lá, tal como aconteceria por cá, sem importações não há combustíveis... tal como em pouco tempo não haverão muitas outras coisas.
Na sexta eu disse aqui que as negociações só prosseguiam porque nem Tsipras nem os governantes europeus querem ficar com o ónus da culpa da saída do país do Euro. De sexta até hoje Tsipras arranjou uma forma de sair por cima, se o Não ganhar o referendo ele vai dizer que só seguiu a vontade do povo, se ganhar o Sim, ele vai ter uma desculpa para não ter que cumprir as promessas eleitorais e vai aceitar as condições da Europa.
Entretanto parece que o resto da Europa e até do mundo acordou para a dimensão do problema, parece-me é que acordaram tarde e não há muito mais a fazer que esperar pelo resultado do referendo... do que afinal nem se sabe bem o que estará a ser referendado, dado que o programa da Troika termina amanhã.
No meio de tudo isto uma coisa é certa, com o Euro ou sem o Euro, a Grécia não vai conseguir sair do buraco em que está metida por si só.
Ao ouvir as entrevistas de rua ao povo grego, ficamos com a ideia de que o Não no referendo irá devolver a liberdade à Grécia, mas de que servirá essa liberdade se o país não tiver quem lhe empreste dinheiro fresco sem ser a juros de mercado? E sem a Europa e o FMI, quem irá emprestar dinheiro à Grécia a preços que esta poderá pagar?
São muitas perguntas e nenhuma tem resposta fácil.
Entretanto, apesar do que possa dizer a múmia do palácio de Belém, não seria má ideia que o senhor Coelho e os seus pares começassem a pôr as barbas de molho, é que já há muitas a arder....
Jorge Soares
Imagem de aqui
Por estes dias o futuro da Grécia anda mais ou menos em bolandas no Ping Pong que teimam em jogar os senhores do Eurogrupo e os do governo grego liderado pelo Tsipras.
Num destes dias alguém me perguntava que tão importante poderia ser para Portugal e os portugueses o que por lá se decidir... fiquei a pensar e tive que admitir que tenho muita dificuldade em perceber.. os meus parcos conhecimentos de economia e finanças não chegam para tanto...
A julgar pela montanha Russa em que tem andado as bolsas mundiais nos últimos dias, sobem ou descem ao sabor do optimismo grego ou do pessimismo dos senhores da Europa, não é difícil perceber que pelo menos os juros da nossa dívida, e portanto o que temos a pagar agora e por muito tempo, são muito afectados por tudo isto.
Ao ouvir as noticias e os comentários de um e outro lado, o que me parece é que a corda só ainda não partiu porque nem o governo Grego nem a Europa querem ficar com o ónus da culpa de causarem a saída do primeiro país do Euro, e só isso tem mantido as negociações.
O governo Grego do Tsipras e Varoufakis está amarrado às promessas eleitorais que levaram o Syriza ao poder e que os comprometem numa rotura com o passado e na luta contra a austeridade, a Europa está presa aos tratados e obrigações e evidentemente não pode entregar o dinheiro de que a Grécia tanto precisa sem que exista a garantia de que este irá ser utilizado de uma forma responsável.
Em Jogo estão neste momento pouco mais de sete mil milhões de Euros da última tranche do segundo resgate Grego, mas mesmo que cheguem a acordo e o dinheiro chegue à Grécia, a questão que se coloca é: O que irá acontecer a seguir?
Os juros da dívida Grega estão acima dos 10%, caso não se chegue a acordo, a Grécia terá que abandonar o Euro e criar uma moeda própria, mas o que fará a seguir? Onde irá arranjar financiamento para conseguir fazer ressurgir a sua economia?
Caso cheguem a acordo, este dinheiro fresco dará algum descanso ao governo grego, mas o que farão a seguir? Com os juros tão altos terá de certeza que negociar um novo resgate, mas isso implicará voltar a negociar com estes mesmos senhores e novas condições e austeridade, como ficará o governo do Syriza na fotografia? Como encararão os gregos esse novo resgate?
Não se vislumbra uma saída fácil para a Grécia, nem para a Europa.. .e nada disto parece ser bom para o nosso futuro, há muito quem aposte que a seguir à Grécia se seguirá Portugal... apesar do bonito panorama que o nosso governo teima em pintar.
Jorge Soares