Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
O senhor ali da fotografia chama-se Maarten de Jonge é holandês e ciclista, corre para uma equipa da Malásia, a Terengganu Cycling. A passar uns dias na Holanda, tinha bilhete reservado para o Voo da MH17 da Air Malásia que foi abatido por um míssil na Ucrânia.
Jonge vai competir no tour do Taiwan e por isso escolheu o voo da Air Malásia para ir para o Oriente, uns dias ante encontrou um voo 300 Euros mais barato à última hora decidiu trocar. Hoje sabemos que essa troca de voos lhe salvou a vida.
Acontece que não é a primeira vez que Jonge se livra de morrer num desastre aéreo por trocas de última hora, há uns meses ele também tinha lugar marcado no voo da mesma companhia, ver aqui, que desapareceu não se sabe onde com 229 pessoas a bordo. Na altura decidiu trocar o bilhete para outro voo que ia para a Holanda sem escalas.
Quais serão as probabilidades de uma sequência de eventos como estes acontecerem a uma só pessoa? Se não é a pessoa com mais sorte do mundo, deve andar lá perto....
Jorge Soares
Imagem do Público
Não é a primeira vez e não será de certeza a última, hoje um avião da Malaysia Airlines com 296 pessoas a bordo caiu numa zona perto da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Segundo as forças do governo da Ucrânia, o avião terá sido derrubado por um míssil disparado pelos rebeldes independentistas, segundo as forças rebeldes, o míssil terá sido lançado pelo exército ucraniano.
As acusações sucedem-se de parte a parte, mas o certo é que no avião que partiu de Amesterdão e se dirigia para Kuala Lampur, iam 298 pessoas que não tinham nada a ver com os conflitos da região, 298 vidas que se perderam em nome da sede de poder, da ganância e da ignorância de uns poucos.
Ainda não estávamos refeitos da noticia desta tragédia quando ficamos a saber que Israel iniciou uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza. O conflito entre o Hamas e as forças do governo Israelita já causou mais de 220 mortos do lado palestiniano, na sua maioria civis entre os quais dezenas de crianças, e um morto do lado Israelita.
Esta invasão irá de certeza absoluta causar uma escalada de violência numa região que cada vez mais se parece com um barril de pólvora com os conflitos na Síria, no Iraque e agora em Israel.
Mas o que se passa com a humanidade que insiste em dia a dia destruir a paz e o mundo em que vivemos?
Jorge Soares
Imagem da Sic
Não, hoje não é o dia das mentiras, mas podia ser, segundo a SIC Vladimir Putin, que acaba de colocar o mundo em alerta ao mandar tropas Russas Invadir a Crimeia, uma província da Ucrânia, é um dos candidatos a receber prémio Nóbel da paz.
Para quem não se lembra, ele já tinha feito o mesmo na Geórgia há uns anos atrás, em 2008 a Rússia invadiu as províncias da Ossécia do Sul e da Abcasia, após uma curta mas sangrenta guerra, as tropas da Geórgia foram esmagadas pelo poderio das armas Russas e nasceram dois novos países que estão sob protecção Russa e que só Moscovo reconhece.
Pena que Bin Laden, Sadam Hussein, Kadafi e Pinochet já tenham morrido, ficariam muito bonitos na fotografia dos nomeados ao lado de Putin.
Eu fui dos que achei que o a entrega do Nobel a Obama tinha sido muito antes de tempo e um claro exagero, continuo a achar que o senhor não fez grande coisa para o merecer, nem antes, nem depois.... mas convenhamos que ao lado de Putin, Obama é um santo.
E assim se vai destruindo o prestigio e a seriedade de um prémio que alguma vez já fez sentido.
Jorge Soares
Imagem do Público
A Russia tem o controlo actual sobre a Crimeia?
Sim. As forças russas controlam todos os pontos estratégicos da península e cercaram o quartel-general do exército ucraniano.
Até agora não houve nenhum conflito armado e, provavelmente nunca será disparado um único tiro: as forças ucranianas sabem que não têm nenhuma hipótesse de vitória se começar uma guerra.
E as pessoas têm muito medo dos russos ?
Não. Muito pelo contrário . A maioria da população da Crimeia está muito feliz com a chegada dos russos.
Lembrem-se que a maioria da população é de origem russa e foi contra as manifestações na praça de Kiev. Ficaram em pânico quando o governo de Yanoukovich caiu.
Aqueles que agora estão com medo na Crimeia são as minorias ucranianas e tártaras .
Os Tártaros são os povos autóctones da Crimeia. Durante a Segunda Guerra Mundial alguns colaboraram com o exército nazista. Stalin acusou todo povo Tatar de "colaboração" e deportou-o para o Uzbequistão, a milhares de quilómetros de distância. Em 1947 os Tártaros tinham desaparecido da Crimeia. Desde a queda da União Soviética milhares de Tártaros voltaram, mas ainda continuam a ser uma minoria.
Vêem-se tanques nas ruas ?
Não. A vida nas ruas das cidades da Crimeia continua com o seu ritmo normal. Todas as lojas estão abertas, as pessoas vão para o trabalho e as crianças à escola .
Desde aqui seria impossível pensar que todas as televisões do mundo olham para este lugar como sendo uma "zona de guerra".
A situação é muito diferente nas bases a uma dezena de quilómetros da capital. Lá os soldados russos cercam os soldados ucranianos.
O Kremlin ainda não confirmou que enviou tropas para a Crimeia e os meios de comunicação dizem que as tropas que cercam os quartéis não possuem identificação, tu tens a certeza que são russos?
Sim, sem dúvida. São forças especiais do exército russo.
As matriculas dos veículos são do exército russo, a sofisticação dos equipamentos de comunicação que eles usam, o tipo de armas, a disciplina táctica e a organização, deixam claro que não é um "pequeno grupo" de paramilitares pró-russo.
Embora o Kremlin não o tenha confirmado, aqui todas as pessoas (tanto a maioria que é a favor da intervenção, como as minorias da oposição) tem a certeza que são forças russas
É muito comum que as forças especiais do exército não utilizem emblemas distintivos. Isso dá ao seu governo "o tempo diplomático" para criar factos no terreno antes de negociar com outros países.
Por exemplo, a equipa de Navy SEALs que os Estados Unidos enviaram ao Paquistão para matar Bin Laden não usava nenhum distintivo. Se a operação tivesse corrido mal, Obama teria negado que essas tropas ( que entraram sem autorização num país soberano) fossem suas.
O governo de Kiev descreveu como "ato de guerra" a intervenção da Rússia e disse que vai responder militarmente. Haverá uma guerra pela libertação da Crimeia?
Acho que não.
Eu acho que o presidente em exercício na Ucrânia fez estas declarações para chamar a atenção do mundo para a situação em seu país, para que a Europa e os EUA vão em seu auxilio, principalmente com ajuda financeira. As reservas do Banco Central da Ucrânia estão quase a zero neste momento.
O governo está ciente de que Kiev perdeu a Crimeia. O problema para eles não são só as tropas do Kremlin, mas também que a maioria da população apoia o governo russo e considera ilegítimo o de Kiev.
A única coisa que poderia desestabilizar a Crimeia são as minorias, que Os Tártaros ucranianos formem algum tipo de comando de guerrilha ou de autodefesa. Por enquanto não há notícias que indiquem que isso irá acontecer
Alberto Sicilia desde Semfirópol (Crimeia)
Traduzido por Jorge Soares a partir de Principia Marsupia
Imagem do El Universal
A atenção do mundo tem estado centrada na Ucrânia, entretanto no outro lado mundo, na Venezuela, os confrontos tem-se repetido todos os dias um pouco por todo o país. A contagem oficial dos mortos durante os protestos ia hoje em 16 ou 17, todos do mesmo lado, na sua maioria jovens estudantes já que tem sido estes que mais tem estado na primeira linha dos protestos de rua.
A meio da tarde o meu amigo António escrevia o seguinte no Facebook: "Só para lembrar, a propósito da Ucrânia, que afinal ainda é possível que o POVO faça uma revolução."
É um pensamento que já me tinha ocorrido, mas olhando para situações paralelas, fico a pensar... terá sido mesmo o povo?
Disse há uns dias que na Ucrânia não havia uma luta pelo poder e sim uma luta de interesses. A Venezuela não tem nada a ver com a Ucrânia, a Ucrânia é um país pobre e sem recursos, a Venezuela é um país pobre mas que tem todos os recursos e condições para ser um país rico... tudo menos governantes à altura da situação.
Há uns dias eu escrevi aqui que a Venezuela estava entre a Ditadura e a Guerra Civil, neste momento e apesar de que o povo teima em não desistir, parece evidente que a ditadura está a vencer a guerra das ruas. O principal dirigente da oposição está preso, há sedes de partidos e casas de políticos da oposição invadidas pela polícia sem qualquer sem ordem judicial. Os meios de comunicação nacionais estão praticamente amordaçados e fazem autênticos malabarismos para informar sem chatear muito o governo, os internacionais ou já viram o seu sinal silenciado ou são todos os dias ameaçados de que lhes pode acontecer o mesmo. Todos os dias há registos de jornalistas nacionais e internacionais, incluindo um português, agredidos e impedidos de fazer o seu trabalho.
Todos os dias há relatos de agressões, prisões injustificadas, mortes, tortura e nos últimos dias, até desaparecidos.
Entretanto o que faz o governo? Para além de tentarem esconder a realidade do mundo e fingir que nada está a acontecer, usam fórmulas que se utilizaram há décadas noutros lugares, deitam a culpa ao tio Sam, à Cia e aos restantes fantasmas que vem do norte, por tudo o que acontece.
Nicolás Maduro é cada vez mais uma pobre caricatura de um presidente da República, alguém que parece que mais de que por Chavez, aprendeu por uma cartilha de outros tempos já completamente ultrapassada e para quem o único que interessa é mesmo o poder.
Só há uma coisa pior que um ditador, um fantoche com poder... e não há duvida que neste momento é isso que existe na presidência da Venezuela, um fantoche com poder.
Resta saber quanto conseguirá aguentar mais o povo e o que será necessário para que o mundo olhe para a o país e perceba que há ali muito em jogo, principalmente para quem tenta todos os dias sobreviver à delinquência e ao desgoverno....
Só mais um detalhe, portugueses de várias gerações, são perto de 500 mil.
Jorge Soares
Imagem do Público
E de repente parece que voltamos 20 anos para trás quando o ódio, a violência e a morte varreram os Balcãs, a antiga Jugoslávia era uma herança da União Soviética, um país construído e mantido de forma artificial apesar das diferenças que existiam entre os habitantes de cada uma das regiões.
Na Ucrânia não há diferenças étnicas ou religiosas, por isso é mais difícil de entender o que nos entra todos os dias pela casa dentro, há dois dias eu dizia que o país estava à beira da Guerra Civil, neste momento o que se vive é uma guerra de facto, dos protestos violentos passou-se a uma guerra aberta com vitórias e derrotas e até com territórios conquistados e perdidos... e com dezenas de mortos.
Enquanto em Kiev dezenas de pessoas de um e de outro lado morrem vitimas da violência, cá fora as opiniões também se radicalizam, a União Europeia decreta sanções ao governo e a Rússia apelida de terroristas aos opositores... se calhar esta dicotomia de opiniões ao mais alto nível ajudem a explicar o que se está a passar, mas de certeza que não ajudam nada quem em Kiev dá a vida por aquilo que acha que é o melhor para o futuro do seu país.
No meio deste jogo de interesses o único certo é que quem sofre e quem morre é o povo.
Vejam o seguinte vídeo:
E de repente percebemos que a guerra voltou á Europa.
Já agora, isto é um blog, o meu blog e eu tenho opinião e não tenho nada que me mostrar ou que ser imparcial.
Jorge Soares
Imagem do Público
Um destes dias ante as imagens terríveis que chegavam da Síria via televisão, a minha filha mais velha perguntava-me porque é que aquilo acontecia e porque é que os outros países deixavam.... confesso que tive alguma dificuldade em lhe explicar, talvez porque mesmo a mim me custa a entender.
Hoje ao ver as imagens que nos vão chegando desde Kiev lembrei-me dessa conversa. A Ucrânia caminha a passos largos para uma situação parecida com a da Síria, com a agravante de que a Ucrânia é muito maior que a Síria, na Europa só a Rússia é maior, e há evidentemente interesses muito mais complicados e delicados que na Síria.
Recordemos que tudo isto começou quando o governo afecto aos interesses Russos, se negou a assinar com a União Europeia um tratado que servia de preparação para a entrada do país na União.
Na Ucrânia a luta não é pelo poder, é principalmente uma luta de interesses, de um lado está o governo que defende os interesses da Rússia e do outro está a oposição e uma parte do povo que defendem uma aproximação à união Europeia.
Da forma como as posições estão extremadas, dificilmente haverá uma saída que não envolva um banho de sangue e enquanto policias e manifestantes se enfrentam na praça da liberdade de Kiev, a União europeia e a Russia esforçam-se em culpar-se mutuamente pelo que está a acontecer.
A Ucrânia tem 44 milhões de habitantes, não é um pequeno país do norte de África ou do médio Oriente, o que quer que venha a acontecer nos próximos dias terá de certeza efeitos no resto da Europa, esperemos que sejam efeitos positivos e que eu não tenha que voltar a explicar à minha filha o motivo porque há milhares de pessoas a serem massacradas sem que ninguém faça nada.
Jorge Soares