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O Dux? mas afinal o que é um Dux?

por Jorge Soares, em 26.01.14

Praxes

 

Imagem de aqui 

 

Dux ... a palavra entrou-nos de repente pela porta dentro, apesar das minhas duas passagens pelo ensino superior, nunca a tinha ouvido até agora, sempre achei que as praxes eram simplesmente manifestações espontâneas de parvoíce generalizada em que os alunos do segundo ano se vingavam nos caloiros pelo que tinham sofrido no ano anterior. Foi por isso com um enorme espanto que percebi que afinal as praxes são os mecanismos de iniciação a qualquer coisa que tem mais a ver com seitas e religião que com o ensino superior e academia.

 

Pelos vistos no topo da seita há alguém que se faz chamar Dux e que tem entre as suas prerrogativas a de iniciar os vários responsáveis pela iniciação do povo.

 

Tenho estado a seguir com atenção os comentários ao Post "Carta aberta a um dux" primeiro no Pés no Sofá (onde os comentários foram encerrados)  e depois no Pontos de vista onde continuam abertos e a coisa aqueceu. Fico parvo com algumas coisas que se dizem, há quem defenda as praxes com unhas e dentes e há até quem  entenda que  que o que aconteceu no Meco não interessa a mais ninguém que a quem lá estava e às famílias, como se a morte de seis pessoas pudesse de alguma forma ser um assunto privado.

 

Vi também com alguma atenção o documentário Praxis de Bruno Moraes Cabral que nos mostra alguma da realidade das praxes e onde dá para perceber perfeitamente o espírito da coisa, o que se vê ali não passa de um mostruário de abusos e humilhações cometidas por uns supostos doutores sobre os pobres estudantes que acham que tem que passar por aquilo tudo, e tudo podem ser muitas coisas, para serem aceites.

 

O documentário foi filmado de norte a sul do pais em várias universidades diferentes e o espírito é o mesmo em todos lados, não é uma amostra do pior que se faz, é uma amostra de uma parte do que se faz e que para mim não foi novidade nenhuma, as minhas recordações do que vi nas duas faculdades em que andei eram mais ou menos à volta do que foi mostrado: abusos e humilhação pura e completamente gratuita.

 

Há muito que quem diga que as praxes foram essenciais para a sua integração e formação pessoal, ora o masoquismo é uma tara conhecida, não fazia ideia é que estava tão generalizada na sociedade portuguesa, dizer que é preciso ser sujeito a abusos e humilhações para se crescer como estudante e pessoa só pode ser sinal de masoquismo.

 

Acredito que existam praxes e praxes e que nem tudo será assim tão mau, como pai e cidadão preocupa-me seriamente que na maioria dos casos as praxes não passem disso, de humilhação e abusos e que por trás de tudo isto já exista uma organização que foge ao controlo das faculdades e até da sociedade.

 

Não sei o que se passou no Meco, tenho sérias duvidas que alguma vez se saiba sem sombra de dúvida, até porque não sabemos se o Dux alguma vez sairá do seu estado amnésico, ou se quando o fizer recordará o que se passou, o que ele acha que se passou ou o que ele desejava que se tivesse passado.  

 

Sei que estivessem eles num ritual à beira mar ou em simples conversa na areia, nada disto se teria passado desta forma se não existissem uma comissão de praxes a ser iniciada e um Dux, e sei que queiram ou não os defensores das praxes e do que lhes está associado, está na altura que as universidades ou em seu lugar o a sociedade e todo país, tomem consciência do que se está a passar, até porque não é a primeira vez que há mortos, feridos e processos em tribunal associados às praxes.

 

Infelizmente o documentário não está disponível na net, mas deixo um trailer e a opinião do realizador

 

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:53

Nuno Crato em versão quero, posso e mando!

por Jorge Soares, em 29.11.13

Crato, Indignação na educação

Retirado do Público

 

O ministro Nuno Crato decidiu que no próximo ano lectivo haverá um novo regime jurídico de formação para a docência, um novo regime que daqui até ao inicio do novo ano lectivo deverá alterar não só a forma de acesso aos cursos de educação, como também os currículos dos mesmos. “As instituições devem remeter à A3ES, até 60 dias úteis após a entrada em vigor do presente diploma, os pedidos de acreditação dos ciclos de estudos que pretendam colocar em funcionamento em 2014/2015”,

 

Ou seja, o ministro decidiu que todo o sistema de formação para a educação irá ser alterado de uma ponta à outra num prazo de seis meses e decidiu à melhor maneira do "quero posso e mando",  sem consultar nem a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, nem as universidades, nem os institutos politécnicos.


Serão afectados todos os estudantes actuais e futuros dos cursos de educação do país mas segundo a noticia do Público, o ministério já nem admite acreditar os cursos actuais para o próximo ano lectivo.

 

Todas as instituições deverão em menos de sete meses preparar e fazer aprovar os novos currículos dos cursos superiores, e ao mesmo tempo preparar e aprovar as regras de transição dos actuais para os novos currículos para os alunos que já se encontram na universidade.

 

Tudo isto terá sido decidido pelo ministério da Educação sem nenhum tipo de discussão ou consulta com as escolas do ensino superior... tudo muito democrático portanto.

 

Jorge Soares

 

publicado às 23:38

O ministro Relvas e o curso superior expresso

por Jorge Soares, em 03.07.12

Miguel Relvas concluiu 36 cadeiras da licenciatura num ano.

Imagem do Público

 

 

Diz o Público que Miguel Relvas demorou um ano para fazer uma licenciatura que normalmente demora três, segundo explicações dadas pelo seu assessor pessoal, tal se deve ao facto de a Lusófona ter analisado o “currículo profissional” do actual governante, bem como o facto de ele ter frequentado “os cursos de Direito e de História”.

 

Entenda-se por experiência profissional os muitos anos como politico e deputado, quanto à sua passagem pelos cursos de direito e história, não me parece que pelo menos para o comum mortal a simples inscrição sem nunca lá por os pés, no conjunto dos dois cursos o senhor fez uma cadeira com 10 valores,  sirva de equivalência para o que quer que seja...mas é claro que politico não é comum mortal.

 

Eu sei que a implementação do processo Bolonha deu azo a muitas coisas estranhas, eu também conheço pessoas que só tiveram que apresentar o currículo para terminar licenciaturas e até mestrados, mas todas tinham frequentado a maior parte do curso e eram pessoas com currículos profissionais exemplares.....

 

Depois da licenciatura expresso do Sócrates com exame final ao Domingo de manhã, temos agora a licenciatura expresso do Relvas a cavalo de Bolonha. É claro que a universidade não fornece os dados das equivalências ou cadeiras frequentadas ou não a ninguém, mas o senhor ministro só por uma questão de transparência e decência deveria facultar esses dados ao mundo.... a menos claro que existam lá coisas que não se possam ver.

 

Agora se me dão licença, vou ali imprimir o meu curriculo como informático e bloguer, de certeza que alguma destas universidade me dá o doutoramente só com olhar para ele..... não?... pois é, eu não sou politico!

 

Update:  Miguel Relvas terá tido equivalências a 32 das 36 cadeiras que faziam parte do plano curricular da licenciatura de três anos em Ciência Política e Relações Internacionais. Isso significa que fez quatro cadeiras por exame.

 

Jorge Soares

publicado às 19:10

A bater o punho com o Miguel... será?

por Jorge Soares, em 31.08.11



Anda meio mundo embasbacado com este vídeo, o Miguel Gonçalves fala pelos cotovelos, parece que as pessoas gostam de quem fala pelos cotovelos... é por isso que o povo adora o paulinho das feiras, metade não percebe o que ele diz, mas não importa, ele fala bonito e diz o que a malta quer ouvir.



Eu vi e ouvi, duas vezes, meia hora da minha vida a tentar aprender alguma coisa, o que é meia hora na minha vida se no fim vou estar mais sábio, mais empreendedor, pronto a bater o punho? ... estarei?. 



O Miguel não tem papas na lingua, fala, muito e muito depressa, debita ideias ao metro... muitas coisas... que serão muito uteis.. mas .. para quem?  Não faço ideia qual o curso superior do Miguel, o que faz, onde ou para quem trabalha... mas a mim o discurso do Miguel diz-me pouco, como dirá pouco à maioria dos dos jovens licenciados portugueses.



O Miguel acha que as universidades não ensinam os jovens a vender o seu produto, concordo, mas será que tem que ensinar?, as universidades servem antes de mais para aprendermos a pensar, a pegar nos problemas do dia a dia e encontrar as melhores soluções, ninguém sai da universidade preparado para enfrentar o mundo... porque não é suposto sair.



Esta parte do discurso do Miguel faz-me lembrar a maioria dos técnicos de hardware que tenho conhecido, quase todos abandonaram engenharia informática no primeiro ou segundo ano, porque eles queriam era aprender a mexer nos computadores chave de parafusos em punho.. e o raio do curso só ensinava a programar e teorias parvas...



Conheço muitíssima gente que tirou cursos superiores e trabalha com sucesso em áreas completamente diferentes daquelas para as que se prepararam, de onde vem esse sucesso?, da sua capacidade de aprender, de se adaptar, porque foi isso que aprenderam na universidade.



O empreendorismo do Miguel é de louvar, fazem falta pessoas empreendedoras, pessoas capazes de pegar numa ideia e fazer dela um projecto e uma empresa... mas  o mundo não tem assim tantas oportunidades e tantas ideias brilhantes por explorar, e convenhamos, nem todos os jovens que se formam todos os anos podem terminar a desenvolver trabalhos brilhantes e inovadores.... porque para além da inovação e do desenvolvimento de ideias, fazem falta pessoas que consigam entrar para uma empresa e com o eu conhecimento e  a sua capacidade de aprender garantir que esta continue a funcionar, pessoas que sejam capazes de aprender a liderar outras pessoas, pessoas que num mundo em constante mudança, sejam capazes de garantir que o que damos por certo para a nossa vida, continue a existir.



Acredito que o discurso do Miguel se adeque perfeitamente a alguymas áreas de negócio, ao marketing, à publicidade, talvez às novas tecnologias.. mas dificilmente se aplica ao mundo industrial... ninguém chega à empresa em que eu trabalho e diz, eu tenho aqui um projecto de um novo medicamento que vai salvar o mundo, contratem-me!!!... isso não existe.



É claro que todos podemos ser empreendedores e todos deveríamos ter a garra do Miguel, infelizmente no mundo em que vivemos isso não é possível, porque somos todos diferentes e porque o mundo precisa de pessoas diferentes.



Jorge Soares

publicado às 21:41


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