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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Adopção:
Criação, por sentença judicial, de um vínculo jurídico semelhante ao que resulta da filiação natural, independentemente dos laços de sangue;filiação legal
In Infopédia
O assunto foi noticia na TVI e no Correio da manhã e foi-me aparecendo no Facebook em forma de comentários isolados principalmente de estupefacção por parte das pessoas.
Segundo o que pude perceber, um casal de Vila Real enviou para um centro de acolhimento uma criança de 12 anos que tinha adoptado há quatro ou cinco anos, porque alegadamente esta teria mau feitio. A criança tinha sido adoptada junto com um irmão que por incrível que pareça, o tribunal permitiu que continuasse a viver com os mesmos senhores.
Há aqui algumas coisas que é necessário esclarecer, não consegui perceber se estas crianças foram adoptadas com adopção plena ou não, mas caso tenham sido, a adopção é um vínculo definitivo, depois de decretada é para sempre o que estes senhores fizeram além de que não tem nome, ao contrário do que foi dito na comunicação social, não é uma devolução, as devoluções ocorrem antes de que seja decretada a adopção, depois disso não há forma de desfazer o vínculo e se alguém lhe quiser da rum nome terá que ser abandono.
O que este senhores fizeram foi pegar num dos seus filhos e atirá-lo porta fora, como se este fosse um electrodoméstico avariado, a miúda tinha defeitos, tinha mau feitio, por isso já não a querem...
Eu já disse aqui mais que uma vez que, pelo menos para mim, não há filhos adoptivos e biológicos, há filhos ... e sei por experiência que não há filhos fáceis. Ser pai é muito complicado, muito caro e completamente estafante, há muitos dias em que nos apetece gritar e/ou fugir, mas se há coisa que nunca me apeteceu foi pegar nos meus filhos e atirá-los porta fora, porque isso vai contra o meu coração e contra o amor que tenho por eles.
Evidentemente não conheço estes senhores de lado nenhum, mas está à vista que para eles a adopção é algo diferente do que é para mim e para todos os pais e mães adoptivas que conheço, nós adoptamos para ter filhos, alguém que faça parte de nós e connosco forme uma família, para eles não sei o que será, mas de certeza que não é de forma alguma ter filhos, porque ninguém faz a um verdadeiro filho o que eles fizeram.
No meio de tudo isto há algo que para mim é completamente inexplicável, como é que depois de algo assim, o tribunal permite que a outra criança continue a viver com eles? O que estará este a sentir ao saber que a sua irmã foi descartada da família desta forma? Como é que se explica a uma criança que a sua irmã tem defeitos e por isso foi abandonada? Por favor alguém tenha juízo e volte a juntar os dois irmãos, de preferência na instituição, porque quem não consegue amar um, de certeza que não consegue amar o outro, além disso, tenho muitas dúvidas que estes senhores alguma vez tenham olhado para estas crianças como seus filhos.
Jorge Soares
Imagem do Público
É em Vila Real, mas podia ser em muitas outras cidades, no distrito de Aveiro por exemplo há freguesias inteiras em que não há saneamento e água é só a dos poços e furos.
No centro da cidade, a cem metros da câmara municipal e para maior ironia, mesmo por cima dos tubos que levam o saneamento da cidade para a Etar, que fica mesmo ali ao lado, chama-se Rua do Jazigo e em muita coisas continua a viver como vivia em meados do século XX, quando uma boa parte do país não conhecia o que era a iluminação pública ou o saneamento... já não é a época do "água vai", mas se fosse tenho muitas dúvidas que os responsáveis olhassem para eles de outra forma.
Quando vejo noticias destas fico sempre a pensar em como em muitíssimos casos não soubemos aproveitar a época das vacas gordas em que parecia que o dinheiro dava para tudo.
Nas traseiras da casa dos meus pais em Oliveira de Azeméis está previsto passar a continuação da A32, a famosa e vazia terceira auto-estrada para Lisboa, as outras duas passam uns dez kms para Oeste. Cada Km desta auto-estrada faraónica completamente inútil e desnecessária, custou muitos Milhões de Euros.
Curiosamente a aldeia não tem nem água canalizada nem saneamento básico, sendo que a maioria das casas tem fossas rotas mesmo ao lado dos poços e furos de que se abastecem. Há pessoas que continuam a abastecer-se nas fontes, era interessante que alguém analisasse a água que delas brota... ou a dos furos e poços que abastece todas as casas.
Não, não estamos a falar de uma aldeia do interior nem de um concelho rural, estamos a falar do distrito de Aveiro e de um concelho industrial. Da varanda da casa dos meus pais vê-se o mar. E não, o problema não é só nesta aldeia, há muitas outras na mesma situação no distrito e pelo país fora.
Voltando a Vila Real é interessante ler coisas como esta:
“O presidente disse-nos na cara que não fazia nada porque somos poucos e que ao fazê-lo iria dar azo a outras pessoas virem para cá viver.”
ou isto sobre os estados dos muros nas traseiras das casas:
“Já veio cá o engenheiro da EMAR (Água e Resíduos de Vila Real), o engenheiro da Protecção Civil, já vieram cá todos. Iam lá ver e diziam que eram muitos encargos”
Se calhar estão á espera que o muro caia mesmo, mate todas as pessoas que lá vivem e assim resolva o problema.
O maior problema deste país é mesmo a mentalidade dos políticos e responsáveis, que em muitos casos parece que saíram mesmo de outros tempos, quando o que interessava era o poder, não as pessoas....
Jorge Soares
Imagem da RTP
Foi em Chaves, mas podia ter sido em muitas outras localidades do interior do país e até em algumas do litoral, no Sábado uma mulher de 79 anos sentiu-se mal em plena rua em Chaves, chamado o INEM, os médicos contactaram o hospital de Chaves que recusou a doente já que desde o início do ano não dispõe do serviço de cardiologia. De seguida foi contactado o hospital de Vila Real que também recusou a doente por não dispor de vagas. Tudo isto enquanto a senhora estava a ter um ataque cardíaco em plena rua.
Entretanto foi transportada para o hospital de Chaves onde dada a gravidade do ataque cardíaco se decidiu que tinha mesmo que ir para Vila Real, foi chamado o helicóptero para fazer o transporte, este chegou quando a idosa já tinha falecido duas horas depois do primeiro alerta.
As poupanças na saúde tem um preço, neste caso o facto de não haver cardiologia em Chaves pagou esse preço na forma de uma vida humana.
Como é que se encerra um serviço num hospital sem garantir que os mais próximos tem capacidade suficiente para atender todos os casos? Quando em Vila Real dizem que não aceitam uma emergência cardíaca porque não há vagas, esperam o quê?, que transportem o doente para o Porto?, para Bragança?, para Braga?... e por acaso um doente cardíaco pode esperar até chegar de Chaves ao Porto?
Haverá de certeza muitos outros casos como este por todo o país, casos que custarão muitas mais vidas, quem assume as responsabilidades?, onde estão os que decidiram que ao retirar a cardiologia de Chaves esta senhora não podía viver? vão asumir as suas responsabilidades neste caso?...será que era disto que o Primeiro ministro falava quando disse "Vamos cumprir as metas custe o que custar"? quantas vidas humanas estão encerradas nesta frase?
Jorge Soares
Imagem do Público
O nosso país é feito de contrastes, hoje no telejornal duas noticias que me deixaram a pensar, na primeira, um grupo de alunos de uma escola de Vila Real (Escola Camilo Castelo Branco) manifestam-se à porta da mesma com mantas e cobertores contra o frio que passam nas aulas... Na segunda um grupo de crianças num enorme pavilhão gimnodesportivo de um externato de Torres Vedras, com ar de quem está feliz por não estar nas aulas, fazem uma manifestação em prol do financiamento das escolas privadas por parte do estado.
As manifestações contra o frio à porta das escolas públicas não são nada de novo, repetem-se ano sim, ano também mal chega o Inverno a sério e mostram o muito que ainda falta fazer no que respeita às condições de muitas das nossas escolas. As manifestações a favor do financiamento de escolas privadas são uma novidade... mas pelos vistos vieram para ficar.... ou não!
Diz-se por aí que as crianças são obrigadas a alinhar, que quem não vai às manifestações tem falta, há quem esteja escandalizado porque puseram as crianças a carregar caixões com fotografias e flores, dizem-se muitas coisas... Um destes dias uma senhora entrevistada para a televisão dizia o seguinte:
"Eu estou a manifestar-me pelo direito à escolha, porque eu tenho direito a escolher a escola dos meus filhos"
Estou completamente de acordo, o que não sei é se a senhora tem direito a escolher a escola privada para os filhos dela que é paga com o dinheiro dos meus impostos, é que eu não tenho direito, os meus filhos vão para a escola que decide o agrupamento. Eu gostava de poder escolher a escola mais cara e conceituada de Setúbal para os meus filhos, mas para isso teria que poder pagar as mensalidades... e não posso, logo eles vão para a escola pública.
Acredito que existam zonas do país em que o número de escolas públicos ainda não seja suficiente e que aí se justifiquem as parcerias, mas será que isso é verdade em Torres Vedras, ou em Viseu, Lisboa, Porto?
Quanto a mim o estado deveria era acabar com todas estas parcerias, colégios e externatos são empresas privadas... e como tal devem conseguir financiar-se, o estado deveria pegar em todo este dinheiro e investir num enisno público de qualidade, em melhores escolas, investir para que as crianças de Vila Real não tenham que ir para a escola de manta e cobertor.
Jorge Soares