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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Domingo foi dia de caminhada na Serra da Arrábida, organizada pelo Moove Setúbal, um grupinho pequeno como mandam as regras do Covid, um passeio da Quinta do Anjo ao Vale dos Barris e volta, ... mas não é da caminhada que quero falar, fica para outro post.
No fim da caminhada há sempre convívio, não podíamos ir à terra do moscatel sem o provar. Não foi fácil encontrar onde, há várias adegas por ali mas estavam quase todas fechadas, no fim lá encontramos um sitio. Era um café com uma loja de produtos regionais à entrada e um pátio anexo a uma adega , escolhemos uma mesa no pátio e abancamos.
Depois de alguma indecisão entre a cerveja e o Tinto da Adega, decidimos-nos por este último, as senhoras do grupo escolheram dois queijos e a marca do Tinto.
Estávamos distraídos em amena cavaqueira quando os queijos e o vinho chegaram à mesa, nem reparamos que a garrafa já vinha aberta e não houve prova. Era suposto ser um tinto de 2017 de nome pomposo, Tradição!.
Uma das senhoras do grupo distribuiu o vinho pelos copos e provamos... opinião unânime, fraco, muito fraco. A garrafa custava 8 Euros, mas todos conhecíamos vinhos de dois euros bem melhores que aquilo. Aí fez-se luz que a garrafa tinha vindo aberta para a mesa, aquele vinho nunca podia ser de 2017, era claramente um vinho novo...e muito fraco.
Fomos comendo os queijos com o doce e no fim, fraco ou não, não sobrou, também mal deu um copo para cada um. Pedimos mais pão, uma das senhoras foi escolher uma garrafa de moscatel e aproveitou para se queixar da qualidade do tinto e de ele ter vindo aberto para a mesa. Não houve comentários, explicações ou pedidos de desculpa, quem estava ao balcão ouviu e calou.
Bebemos o moscatel, comemos o resto dos quejos e do pão, continuamos a cavaqueira que continuava animada. Pedimos a conta. 30 Euros. Dividimos por todos, eu recolhi o dinheiro e fui pagar.
-Quero factura com número de contribuínte.
-Não tenho computador.
-Desculpe? Eu quero o recibo, não tem registadora?
-Não tenho computador, está avariada!
Não sei se foi o efeito do moscatel, se foi pela boa disposição da caminhada e do grupo, ou se eu estou mesmo mudado, mas o meu famoso mau feitio não apareceu. Noutra altura não saía de ali sem o recibo, isso ou negava-me a pagar e elas que chamassem a polícia.
Eu achava que lojas e cafés sem máquinas registadoras e sem passar recibos, zurrapas colocadas em garrafas com rótulos caros, eram coisas do passado, mas está visto que na Quinta do Anjo, isso continua a acontecer.
Sinais de tempos passados que teimam em persistir.
Jorge Soares