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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Expresso
"Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado português por violação dos Direitos Humanos no caso da cabo-verdiana Liliana Melo. A mãe, que viu os tribunais portugueses retirarem-lhe os sete filhos", é assim que começa a noticia do Expresso.
Neste caso o estado foi condenado pelo suposto excesso de zelo ao achar que esta mãe não tinha condições para manter e educar sete filhos , tendo estes sido retirados, institucionalizados e posteriormente encaminhados para a adopção.
Hoje, e sobre o caso da mãe que decidiu atirar-se ao Tejo juntamente com as suas duas filhas, o mesmo estado está a ser condenado por muita gente por ter tido a mão leve ao deixar as crianças, que estariam sinalizadas por supostamente terem sido vitimas de abuso sexual e maus tratos, a viver com a mãe. Mãe que seria ela própria vitima de violência familiar pela mesma pessoa que supostamente abusou das crianças e estaria a sofrer uma profunda depressão.
Quando há duas crianças mortas é fácil concluir que o estado deveria ter feito mais, há uma série de instituições que só existem para proteger e zelar pelo bem estar das crianças. Não sabemos a história toda, não sabemos que medidas protecção terão sido tomadas, não sabemos porque se tomou a decisão de deixar as crianças à guarda de uma mãe, que se sabe agora, não teria condições psicológicas para tal... mesmo assim é fácil concluir que algures alguém falhou.
No caso de Liliana Melo, de que na altura falei neste e neste post, é fácil condenar o estado, as crianças foram institucionalizadas, pelo menos o seu bem estar físico foi garantido, algumas terão ido para adopção e em principio terão famílias que lhes dão amor e carinho.... E alguém pode garantir que caso o estado não tivesse actuado estas crianças estariam todas bem? Estamos a falar de uma mãe com sete filhos, uma das quais até já estaria grávida também, que na altura não tinha emprego e que claramente não tinha condições económicas para os manter. Mesmo assim o estado foi na altura condenado na praça pública e agora nas instituições europeias, por ter feito o seu papel.
Faz sentido o estado ser condenado pelo seu suposto excesso de zelo ou fará sentido o estado vir a ser condenado pela morte das duas crianças desta semana? Ninguém tem dúvidas que neste caso o estado deveria ter feito muito mais... será que são os mesmos que acharam que no outro caso as crianças deveriam ter ficado com a mãe?
Será que devido à condenação publica do outro caso, não terão as instituições passado a ser menos zelosas e por isso estas crianças foram entregues à mãe?
A única coisa certa é que nestes casos o estado não tem por onde fugir, faça o que faça, vai sempre ser preso por ter cão e por não ter.
Jorge Soares
Imagem do Público
"Manuel Baltazar passou a perseguir a ex-mulher quase todos os dias nos últimos cinco anos, após esta ter decidido separar-se dele face a um quadro de violência doméstica. O alegado homicida de Valongo dos Azeites, que terá baleado mortalmente a ex-sogra, a tia e ferido a ex-mulher e a filha de ambos"
É assim que começa a noticia do público que descreve a prisão de alguém que matou duas mulheres e feriu outras duas, uma das feridas era a sua filha a outra a sua ex mulher... como podemos classificar alguém que tentou matar a própria filha?
Acho que não restam dúvidas a ninguém de que Manuel Baltazar é um assassino, já tinha sido condenado por violência doméstica contra a ex mulher e não contente com isso, matou duas pessoas e feriu outras duas, andou um mês a fugir das autoridades que o tentavam capturar por esses crimes.
Ontem à saída do tribunal foi aplaudido como se de um herói se tratasse por mais de duas centenas de pessoas que o esperavam.... há algo que me está a escapar... Eu percebo que durante todo este tempo alguns vizinhos e amigos o tenham ajudado, até o pior dos animais tem amigos, mas estar à sua espera à saída do tribunal e aplaudir como se de um herói popular se tratasse?
Estamos a falar de alguém condenado por violência doméstica que era o terror da sua família, alguém que ameaçava de morte quem lhe fizesse frente sem importar que fosse mulher, filhos ou filhas, alguém que não teve problema nenhum em disparar contra 4 mulheres desarmadas.... expliquem-me lá, merece os aplausos do povo porquê?
Eu percebo as piadas à volta da sua fuga, percebo as piadas sobre a incapacidade de GNR e Polícia Judiciária para o encontrar, mas tudo tem um limite, aplausos?, Desde quando é que um assassino de mulheres inocentes merece o aplauso do povo?
Jorge Soares
A violência doméstica não tem que ser para sempre, fale agora
707200077
Segundo a UMAR, Observatório de mulheres assassinadas, só no que vai de 2012 morreram em Portugal 35 mulheres vitimas de violência doméstica, 35 mortes que se somam às 44 de 2011, e às 43 de 2010, e às 29 de 2009 e....
Contas feitas concluímos que a violência doméstica mata em Portugal quase uma mulher por semana, de quantas delas ouvimos falar? Basta que alguém morra vitima de um assaltante para que o assunto seja tema de jornais e noticiários de televisão durante dias e dias, mas morrem dezenas de mulheres vitimas de aqueles que as deviam proteger e a sociedade, todos nós, olha para o lado e finge que não se passa nada. Porquê?
O Vale e Azevedo é extraditado para Portugal para ser julgado por mais um dos seus negócios e sabemos ao pormenor até a cor das paredes da cela em que ele foi encerrado, de quantos dos julgamentos aos assassinos destas mulheres ouvimos falar?
Há de certeza algo errado com a nossa sociedade e com as nossas prioridades, porque vale a vida destas mulheres menos que a vida de qualquer outra pessoa?
O Crime de violência doméstica é considerado um crime público, qualquer pessoa pode fazer a denuncia quando suspeita da existência de violência familiar, não olhe para o lado, não espere que seja tarde, denuncie!!!!!!!
Gritos mudos
Neons vazios num excesso de consumo
Derramam cores pelas pedras do passeio
A cidade passa por nós adormecida
Esgotam-se as drogas p'ra sarar a grande ferida
Gritos mudos chamando a atenção
P'ra vida que se joga sem nenhuma razão
E o coração aperta-se e o estômago sobe à boca
Aquecem-nos os ouvidos com uma canção rouca
E o perigo é grande e a tensão enorme
Afinam-se os nervos até que tudo acorde
Gritos mudos chamando a atenção
P'ra vida que se joga sem nenhuma razão
E a noite avança, e esgotam-se as forças
Secam como o vinho que enchia as taças
E pára-se o carro num baldio qualquer
E juntam-se as bocas até morrer
Gritos mudos chamando a atenção
P'ra vida que se joga com toda a razão
Xutos e pontapés
"De acordo com as Estatísticas/Relatório Anual 2011, elaboradas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), 19 mulheres por dia foram vítimas de violência doméstica em Portugal, no ano passado. No total foram registados 15.724 crimes de violência doméstica contra as mulheres.
Num momento em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a APAV assinala que a mulher continua a ser a principal vítima de todos os tipos de crime, com 80% dos crimes praticados contra o sexo feminino. O autor do crime é predominantemente do sexo masculino (78%).
Traçando o perfil da vítima de crime, com base nos dados recolhidos pela APAV, verifica-se que: a vítima é mulher; tem entre os 35 e os 40 anos ou mais de 65 anos; é portuguesa; é casada; tem a sua família nuclear com filhos; trabalha por conta de outrem e reside nas grandes cidades.
Na área da violência doméstica verificaram-se mais 505 factos criminosos ao nível dos maus tratos físicos, relativamente a 2010; mais 427 factos nos maus tratos psíquicos; mais 55 factos criminosos no homicídio tentado e mais 5 mortes por homicídio consumado do que em 2010.
A APAV tem tido um papel determinante ao nível do apoio directo à vítima de crime, mas também na prevenção do crime, anterior à vitimação. Essa resposta tem-se traduzido na qualificação dos profissionais que prestam apoio às vítimas de crime, e na sensibilização do público em geral para essas temáticas.
Ao longo de 2011 a APAV realizou 421 acções de sensibilização sobre os temas da violência no namoro, violência doméstica e violência nas escolas, que envolveram 19.624 participantes.
Fonte APAV
O dia da mulher foi instituído porque durante muito tempo o papel da mulher na sociedade era menosprezado pelo homem, durante séculos a mulher estava condenada a ter um papel secundário que a remetia para a cozinha e os fundos da casa. Durante a revolução industrial a mulher foi incorporada na mão de obra activa nas grandes fábricas, mas quase sempre em condições insalubres com jornadas de trabalho intermináveis e salários de miséria.
Hoje em dia a mulher tem um papel muito mais activo na nossa sociedade, mas falta ainda um longo caminho por percorrer para uma igualdade plena de direitos e sobretudo para uma efectiva protecção das mulheres contra a violência doméstica e de género...
Que o dia das mulheres seja todos os dias e não uma vez por ano....
Jorge Soares
Imagem do Público
Não foi suficientemente intensa?????!!!!!! .... não faço ideia quem terá sido o iluminado ou os iluminados que chegaram a esta brilhante conclusão, acertar com uma cadeira em alguém não é suficientemente intenso para ser considerado violência doméstica, isto depois de um historial de violência que se prolongou por anos. O que é que seria suficientemente intenso?
Neste país o que é necessário para que alguém seja condenado por violência doméstica?, que existam mortos??, aí o senhor ou senhores juizes já consideram que foi suficientemente intenso? Deve ser por isso que o número de mulheres mortas devido à violência doméstica aumenta de ano para ano, porque há juizes como estes que tentam medir a intensidade com a que um energúmeno destes acerta com a cadeira na sua mulher.
De que servem as campanhas?, a sensibilização?, de que serve tudo isso se depois há uns idiotas, sim, porque isto não pode ser de pessoas normais, que acham que a agressão não foi o suficientemente intensa e mandam o agressor para casa.
Então e se amanhã o mesmo agressor utilizar a intensidade suficiente e matar alguém?, podemos condenar os iluminados que o mandaram para casa por cumplicidade?
Desculpem lá, mas esta justiça é uma merda.
Jorge Soares