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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem da internet
A noticia é da RTP e diz : "Suíços abdicam da privacidade em prol dos serviços secretos" no domingo passado, em mais um dos muitos referendos que se fazem no país helvético, mais de 65 % dos Suíços votaram a favor de uma lei que vai permitir aos serviços secretos espiolhar as vidas privadas dos cidadãos.
Isto acontece na mesma semana em que em Portugal se armou um enorme burburinho porque o governo enviou para aprovação do presidente da república, uma lei que permitirá aos bancos avisarem o fisco de qualquer um que tenha contas bancárias com mais de 50000 euros... aposto que há muita gente por aí a rezar para que Marcelo vete a lei... é que há coisas que são dificeis de explicar ao fisco.
Curiosamente também aconteceu na mesma semana em que a minha filha mais velha ouviu falar de um senhor chamado Edward Snowden, que como se recordarão ficou conhecido porque mostrou ao mundo que os serviços secretos americanos espiolhavam a vida privada não só dos americanos, como de muita gente mais ou menos importante pelo mundo fora.
Ela considera o senhor digno da maior admiração porque foi capaz de gritar ao mundo o que já todos mais ou menos sabíamos mas ninguém se atrevia a dizer e/ou a provar.
Tal como ela aplaudo a atitude de Snowden, mas confesso que ante os últimos ataques terroristas e tendo a certeza que se tal como dizem os países Europeus, é verdade que se tem evitado muitos ataques terroristas nos últimos tempos, isto se deve a que algures há máquinas e sistemas a trabalhar e pelos vistos a funcionar bem.
Tentei explicar à minha filha que entre o preto e o branco, há muitos tons de cinzento pelo meio e que se calhar há alturas em que os fins justificam os meios.... acho que não tive muita sorte, talvez porque nem a mim me consigo convencer.
O problema de tudo isto é que dificilmente se conseguem impor limites ou controlar até onde chega quem tem as máquinas e o poder de as utilizar.. e depois acontece como nos Estados Unidos, começa-se por escutar os terroristas e termina-se a ouvir os telefonemas dos lideres de outros países sem importar muito se são amigos ou inimigos.
Na Suíça há algo que querem chamar democracia directa e tudo é referendável, desde os minaretes das mesquitas até à privacidade do cidadão, passando por se podem ou não expulsar emigrantes... Em muitos casos o populismo leva a melhor e no fim dá asneira... como acho que aconteceu neste caso.
Em Portugal felizmente confiamos nas instituições para fazer as leis, o que será que acontecia se se fizesse um referendo para decidir se quem tem mais de 50000 Euros no Banco tem ou não que explicar ao fisco de onde saiu o dinheiro? Ou se quem, tem património imobiliário com valor superior a x mil euros tem que pagar um imposto especial?
Não é nada fácil decidir o que significa democracia directa ou o que é ou não privacidade.... mas eu teria uma enorme dificuldade em ser Suíço.
Jorge Soares